Dom Murilo S.R. Krieger
Desde o dia 12 de maio passado pode-se ver, em Salvador, a
exposição internacional gratuita intitulada "Quem é o Homem do
Sudário?" (Adianto que essa exposição se encontra no Shopping Bahia, irá
até o dia 30 de junho, e está aberta diariamente, das 9 às 22h).
O Santo Sudário é uma peça de linho, com cerca de 4,5 metros
de comprimento e 1,1 metro de largura, guardado, desde o século XIV, na
Catedral de Turim. O tecido apresenta a imagem de um homem de 1,83m de altura,
que foi crucificado. Naturalmente, o que está sendo exposto em nossa cidade é
somente uma foto do Santo Sudário, mas que muito nos ajuda a entender melhor a
Paixão de Cristo.
As referências mais antigas ao Santo Sudário encontram-se no
Evangelho. O evangelista Mateus observou: "Ao entardecer, veio um homem
rico de Arimatéia, chamado José, que também se tornara discípulo de Jesus. Ele
foi procurar Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lhe
entregassem o corpo. José, tomando o corpo, envolveu-o num lenço limpo e o
colocou num túmulo novo, que mandara escavar na rocha" (Mt 27,57-60a). O
evangelista João, depois de descrever a mesma cena (cf. Jo 19,38-40),
testemunhou que ele próprio foi ao túmulo de Jesus, "no primeiro dia da
semana, bem de madrugada". Pedro o acompanhava, mas ele, João, chegou
antes ao local. "Inclinando-se, viu as faixas de linho no chão, mas não
entrou. Simão Pedro... chegou também e entrou no túmulo. Ele observou as faixas
de linho no chão, e o pano que tinha coberto a cabeça de Jesus: este pano não
estava com as faixas, mas enrolado num lugar à parte" (Jo 20,1-8).
O Santo Sudário tem uma longa história; foi objeto de
numerosos estudos por parte de cientistas. Sua autenticidade tem defensores e
também detratores. Estudos recentes confirmam que se trata de um pano com cerca
de dois mil anos; que até recentemente não havia técnica alguma que
possibilitasse uma falsificação tão perfeita; que o que ele encerra de segredos
é inimaginável etc. É importante lembrar que não se trata de matéria de fé; por
isso, reconhecendo que não tem competência para julgar questões científicas, a
Igreja confia esses estudos aos cientistas.
O interesse pelo Santo Sudário se deve ao fato de ele ser
uma referência a Jesus Cristo, o mistério mais profundo da história humana.
Alguém já observou que tal mistério tem como causa ser ele filho de uma mulher
humilde e simples; ter nascido numa gruta e vivido numa cidade (Nazaré) tão
pouco importante que no Antigo Testamento nunca houve uma referência a ela.
Ali, até os trinta anos, trabalhou como carpinteiro. Depois, por três anos,
percorreu sua terra, falando do "Reino de Deus". Nunca esteve em
algum lugar que ficasse a mais de 300 quilômetros do local onde nascera. Nada
nos deixou por escrito. Não constituiu família. Não estudou no Templo de
Jerusalém, embora, quando tinha doze anos, lá discutisse com os Doutores da
Lei. Nunca buscou o "sucesso". Abandonado pelos amigos, morreu
crucificado. Três dias depois, no sepulcro em que estava, ficou só o lençol que
o cobria. Ressuscitado, apareceu diversas vezes aos apóstolos. Comeu com eles e
deixou que tocassem em suas chagas... Passados vinte séculos, continua sendo a
figura central da humanidade. O tempo histórico da vida humana é reconhecido
como o antes e o depois dele.
Guardemos para nós dois testemunhos: "O Sudário é um
ícone [= imagem] escrito com o sangue; sangue de um homem flagelado, coroado de
espinhos, crucificado e ferido no lado direito" (Bento XVI, 02.05.2010).
"O precioso linho nos pode servir de ajuda para melhor compreender o
mistério do amor do Filho de Deus por nós" (João Paulo II, 24.05.1998).
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