sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

AMANHÃ NINGUÉM SABE

Edson Vidigal


Os objetivos fundamentais da República, irremovíveis da Constituição – construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional e promover o bem de todos, estão aí empacados e não é de hoje.

No primeiro Governo da Dilma já se antevia o desastre. O Brasil hoje é um País quebrado. A proposta de Orçamento da União para este ano, que ainda rola no Congresso indica um rombo descomunal. As contas não fecham.

A fúria do leão da Receita Federal sempre focando a classe média, ignorando os donos das grandes fortunas, que sabem de olhos fechados como pagar menos impostos, não consegue aquietar a sanha gastadora do Governo sempre relutante em reduzir o tamanho do Estado a cada ano mais infestado pela mediocridade e mãos ligeiras da maioria dos novos agentes.

Ouvi o Lula contar no rádio as dificuldades das campanhas anteriores das quais saiu sempre derrotado.  Voavam um avião velho que passada a eleição caiu na Bolívia. Agora, não. Estava muito otimista. O Duda Mendonça, até então marqueteiro do Maluf, aceitara trabalhar para o PT e o Duda para ele era que nem goleiro do Corinthians, ou seja, uma garantia.

Realmente, o Duda começou dando um banho de loja no antigo sindicalista do ABC, arrumando-lhe a barba e o cabelo, vestindo-o com ternos bem cortados, camisas sociais e gravatas combinando. Não haveria mais discurso raivoso. Só a fala mansa do Lulinha paz e amor. E tal.

No plano politico, Dirceu articulou adesões como a de José Alencar, senador por Minas e respeitado conquanto bem sucedido empresário, que foi ser o Vice. Credita-se ainda a Dirceu os apoios de dois ex-Presidentes, Sarney e Itamar.

Quando os concorrentes passaram a bater no Lula indicando que ele não tinha nem equipe para governar, Duda bolou a simulação de uma reunião de trabalho para o programa do PT na TV. Um especialista de cada área. Tudo petista.

Foi aí que a Dilma foi vista pela primeira vez em cadeia nacional como parte dessa equipe. Trazida de Porto Alegre pelo Dirceu. Sua especialidade? Energia elétrica. Depois, com o mensalão, ela foi trocada para a Casa Civil no lugar do Dirceu, mas manteve régua e compasso no Ministério das Minas e Energias através do novo Ministro Silas Rondeau, que ela própria indicou a Lula.

Tendo, a partir de então, conhecido melhor a Dilma no dia a dia do Planalto, ninguém melhor do que o Presidente para avaliar sua Ministra Chefe da Casa Civil.

É verdade que Lula ainda esperou, em máxima discrição, que a onda de reeleições sucessivas que se alastrava por outros países do continente, a partir da Venezuela. Ao pressentir que, não obstante forte eleitoralmente, o Congresso não aceitaria, tratou logo, no maior sigilo e com muita antecedência, de esculpir a Dilma para futura Presidente.

Problema é que a Dilma nunca concorreu a eleição nenhuma. Nem para síndica de condomínio, nem para Vereadora, nem mesmo para Miss Perpétua, a Rainha das Flores.

No interior do Nordeste, por exemplo, entre o eleitorado de cabresto, incluindo os dependentes do Bolsa Familia - e essa gente é quem ainda decide as eleições, ninguém sabia quem era Dilma. Começaram a dizer que ela era a mulher do Lula. E deu certo. Iriam votar, e votaram, na mulher do Lula.

No ano passado não houve eleição presidencial. Houve um leilão entre financiadores de campanha, regado a mentiras e fantasias, resultando tudo num indiscutível estelionato eleitoral favorável ao PT. Nem Sarney no auge da popularidade do Plano Cruzado ousou tanto. Agora, com a Lava a Jato, começamos a ver tudo mais claramente.

Errou o Lula ao bancar para sua sucessão uma pessoa sem experiência para liderar um País com as dimensões e complexidade politica para a construção da democracia. E que já entrou para a história como a Presidente mais desastrada e autoritária entre os não militares que até aqui ocuparam o cargo.

Eis que prenderam agora o outro responsável direto pelo estelionato, o marqueteiro da Dilma. Quem pagou e quanto pelas mentiras que a Presidenta – candidata teve que falar?

Ontem, mais uma agencia de avaliação de riscos de investimentos, no caso a Moody`s (como se pronuncia mesmo?) rebaixou a nota do Brasil, o que significa mais queda na credibilidade do Governo.

Ao mesmo tempo, pesquisa de opinião pública, mantém a alta rejeição popular da Dilma, mais de 65% no País.

Edson Vidigal, Advogado, foi Presidente do Superior Tribunal de Justiça e do Conselho da Justiça Federal.

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