Vejo aqui no G1: perdão da pena para 8 do mensalão... (coisa d'agora - notícia de ontem)
Mas como se processa o perdão?...
Dou um pulinho fora dessa rede - que como muitos (e eu também) quase não entendemos desse embalo... Vou em frente e leio um texto da Joanna:
“O Ser real é constituído de corpo, mente e espírito. Dessa forma, uma abordagem psicológica para ser verdadeiramente eficaz deve ter uma visão holística do ser, tratando de seu corpo (físico e periespirítico), de sua mente (consciente, inconsciente e subconsciente) e de seu espírito imortal que traz consigo uma bagagem de experiências anteriores à presente existência e está caminhando para a perfeição Divina.” Joanna de Ângelis
Parei no tempo, mas caminhei no espaço..., e vou publicar abaixo o texto AUTOPERDÃO, de Joanna de Ângelis, psicografado pelo médium Divaldo P. Franco, na sessão da noite de 4 de janeiro de 2005, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
AUTOPERDÃO
Joanna de Ângelis
Toda vez em que a culpa não emerge de maneira consciente,
são liberados conflitos que a mascaram, levando a inquietações e sofrimentos
sem aparente causa.
Todas as criaturas cometem erros de maior ou menor
gravidade, alguns dos quais são arquivados no inconsciente, antes mesmo de
passarem por uma análise de profundidade em tomo dos males produzidos, seja de
referência à própria pessoa ou a outrem.
Cedo ou tarde, ressumam de maneira inquietadora, produzindo
mal-estar, inquietação, insatisfação pessoal, em caminho de transtorno de
conduta.
A culpa é sempre responsável por vários processos
neuróticos, que deve ser enfrentada com serenidade e altivez.
Ninguém se pode considerar irretocável enquanto no processo da evolução.
Mesmo aquele que segue retamente o caminho do bem está
sujeito a alternância de conduta, tendo em vista os desafios que se apresentam
e o estado emocional do momento.
Há períodos em que o bem-estar a tudo enfrenta com alegria e
naturalidade, enquanto que, noutras ocasiões, os mesmos incidentes produzem
distúrbios e reações imprevisíveis.
Todos podem errar, e isso acontece amiúde, tendo o dever de
perdoar-se, não permanecendo no equívoco, ao tempo em que se esforcem para
reparar o mal que fizeram.
Muitos males são ao próprio indivíduo feitos, produzindo
remorso, vergonha, ressentimento, sem que haja coragem para revivê-los e
liberar-se dos seus efeitos danosos.
Uma reflexão em tomo da humanidade de que cada qual é
possuidor, permitir-lhe-á entender que existem razões que o levam a reagir,
quando deveria agir, a revidar, quando seria melhor desculpar, a fazer o mal,
quando lhe cumpriria fazer o bem...
A terapia moral pelo autoperdão impõe-se como indispensável
para a recuperação do equilíbrio emocional e o respeito por si mesmo.
Torna-se essencial, portanto, uma reavaliação da ocorrência,
num exame sincero e honesto em torno do acontecimento, diluindo-o racionalmente
e predispondo-se a dar-se uma nova oportunidade, de forma que supere a culpa e
mantenha-se em estado de paz interior.
O autoperdão é essencial para uma existência emocional
tranquila.
Todos têm o dever de perdoar-se, buscando não reincidir no
mesmo compromisso negativo, desamarrando-se dos cipós constringentes do
remorso.
Seja qual for a gravidade do ato infeliz, é possível
repará-lo quando se está disposto a fazê-lo, recobrando o bom humor e a alegria
de viver.
Em face do autoperdão, da necessidade de paz interior
inadiável, surge o desafio do perdão ao próximo, àquele que se tem transformado
em algoz, em adversário contínuo da paz.
Uma postura psicológica ajuda de maneira eficaz e rápida o
processo do perdão, que consiste na análise do ato, tendo em vista que o outro,
o perseguidor, está enfermo, que ele é infeliz, que a sua peçonha
caracteriza-lhe o estado de inferioridade.
Mediante este enfoque surge um sentimento de compaixão que
se desenvolve, diminuindo a reação emocional da revolta ou do ódio, ou da
necessidade de revide, descendo ao mesmo nível em que ele se encontra.
O célebre cientista norte-americano Booker T. Washington,
que sofreu perseguições inomináveis pelo fato de ser negro, e que muito
ofereceu à cultura e à agricultura do seu país, asseverou com nobreza: Não
permita que alguém o rebaixe tanto a ponto de você vir a odiá-lo.
Desejava dizer que ninguém deve aceitar a ojeriza de outrem,
o seu ódio e o seu desdém a ponto de sintonizar na mesma faixa de
inferioridade.
Permanecer acima da ofensa, não deixar-se atingir pela
agressão moral, constituem o antídoto para o ódio de fácil irrupção.
Sem dúvida, existem os invejosos, que se comprazem em
denegrir aquele a quem consideram rival, por não poderem ultrapassá-lo; também
enxameiam os odientos, que não se permitem acompanhar a ascensão do próximo,
optando por criar-lhes todos os embaraços possíveis; são numerosos os poltrões
que detestam os lidadores, porque pensam que os colocam em postura inferior e
se movimentam para dificultar-lhes a marcha ascensional; são incontáveis
aqueles que perderam o respeito por si mesmos e auto-realizam-se agredindo os
lidadores do dever e da ordem, a fim de nivelá-los em sua faixa moral
inferior...
Deixa que a compaixão tome os teus sentimentos e envolve-os
na lã da misericórdia, quanto gostarias que assim fizessem contigo, caso ainda
te detivesses na situação em que eles estagiam.Perceberás que um sentimento de
compreensão, embora não de conivência com o seu erro, tomará conta de ti,
impulsionando-te a seguir adiante, sem que te perturbes.
Sob o acicate desses infelizes, aos quais tens o dever de
compreender e de perdoar, porque não sabem o que fazem, ignorando que a si
mesmos se prejudicam, seguirás confiante e invencível no rumo da montanha do
progresso.
Ninguém escapa, na Terra, aos processos de sofrimento
infligido por outrem, em face do estágio espiritual que se vive no planeta e da
população que o habita ainda ser constituída por Espíritos em fases iniciais de
crescimento intelecto-moral.
Não te detenhas, porque não encontres compreensão, nem
porque os teus passos tenham que enfrentar armadilhas e abismos que saberás
vencer, caso não te permitas compartilhar das mesmas atitudes dos maus.
Chegarás ao termo da jornada vitoriosamente, e isso é o que
importa.
O eminente sábio da Grécia, Sólon, costumava dizer que nada
pior do que o castigo do tempo, referindo-se às ocorrências inesperadas e
inevitáveis da sucessão dos dias. Nunca se sabe o que irá acontecer logo mais e
como se agirá.
Dessa forma, faze sempre todo o bem, ajuda-te com a
compaixão e o amor, alçando-te a paisagens mais nobres do que aquelas por onde
deambulas por enquanto.
Perdoa-te, portanto, perdoando, também, ao teu próximo, seja
qual for o crime que haja cometido contra ti.
O problema será sempre de quem erra, jamais da vítima, que
se depura e se enobrece.
Pilatos e Jesus defrontaram-se em níveis morais diferentes.
A astúcia e a soberba num, a sua glória mentirosa e a sua fatuidade desmedida.
A humildade real, a grandeza moral e a sabedoria profunda no outro, que era
superior ao biltre representante do poder terreno de César. Covarde e
pusilânime, Pilatos não lhe viu culpa, mas não o liberou, porque estava
embriagado de ilusão sensorial, lavando as mãos, em tomo da Sua vida, porém,
não se liberando da responsabilidade na consciência. Estóico e consciente Jesus
aceitou a imposição arbitrária e infame, deixando-se erguer numa cruz de
madeira tosca, a fim de perdoar a todos e amá-los uma vez mais, convidando-os à
felicidade.
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