Afirma o ministro:
"Que a Dilma já não governa o País, todos sabem. Que o Congresso está mais para feira de Caruaru, ninguém duvida."
E eu respondo de cá:
Não concordo, nobre ministro!... A feira de Caruaru é bem melhor...
E me vem a lembrança do Gonzagão cantando a feira:
Cenoura, jabuticaba, / Guiné, galinha, pato e peru, / Tem bode, carneiro, porco,
Se duvidá... inté cururu."
Antes de ler o artigo do Vidigal. para quem quer lembrar o Luiz Gonzaga, ta aí o vídeo da Feira de Caruaru..., na voz do rei do baião...
E agora, com boas lembranças da feira, vamos ler o arigo de Edson Vidigal...
Levando uísque
Edson Vidigal
No País do jeitinho, o improviso é a regra.
Quanto maior o desafio, melhor a embolada. No caso desse
teatro de rua, são dois cantores versejando, dois pandeiros ritmando.
Cada um na sua vez fazendo seu som, esgrimindo as suas
rimas. As pessoas param em derredor e se avolumam se dividindo em duas
torcidas.
O teatro político da atual conjuntura está assim.
Embolado.
Que a Dilma já não governa o País, todos sabem. Que o
Congresso está mais para feira de Caruaru, ninguém duvida.
A sabedoria popular não cunhou no adagiário que o pior
cego é o que não ver? A baixa qualificação da quase totalidade dos atuais
atores, ou artistas, da politica em todo o País não decorre de glaucomas e
quejandos. Não olham, farejam.
Muitos se dão conta que já estamos em março. Em Roma, no
começo do Ano 44 Antes de Cristo, César parecia não ter ideia da crise política
que iria enfrentar. “Cuidado com os idos de março”, advertiu-lhe um adivinho.
Um dia, no auge do parangolé, pediram-lhe que não fosse ao Senado. Deu no que
deu.
Março no Brasil é mês para se subestimar. É sempre bom
lembrar que a ultima ditadura foi gestada nos idos de março. Agosto então, nem
falar.
A estas alturas, todas as conjuminâncias imagináveis
fervilham em Brasília, partindo do fato tido como certo para acontecer – a
queda da Dilma.
Como são dois os caminhos para a saída da crise, o
impeachment da Dilma pelo Congresso ou a cassação da chapa Dilma-Temer pelo
TSE, cresce a segunda possibilidade.
O impeachment daria a Presidência ao Vice, cujo partido
já melado pela Lava Jato arrastaria o novo governante à salsugem das acusações
sistemáticas dos decaídos e a contestações e controvérsias quanto a dividas com
a ética e até com a lei, contraídas na anterior coalização.
Restando a via do TSE, a cassação da chapa Dilma/Temer,
haveria um novo cenário para um novo começo. Novas eleições para Presidente e
Vice Presidente da República e também, ao mesmo tempo, de uma Assembleia
Constituinte Exclusiva para as reformas politica, partidária, eleitoral e
demais questões, ressalvadas as clausulas pétreas.
Os eleitos para essa Constituinte poderiam ser candidatos
avulsos sem exclusão dos indicados pelos partidos e ao fim do trabalho que não
poderia exceder a um ano, estariam inelegíveis para todos os cargos por quatro
anos. A intenção é barrar os políticos profissionais de pouca ou quase nenhuma
qualificação para as funções constituintes.
Aqui entra o Pezão, Governador do Rio de Janeiro,
confirmando a dupla vacância no Executivo da República – “Se Dilma cair, Temer
também cai”. (Folha de S. Paulo, 08.03.16, pag. A9).
O segundo nome na sucessão, o Eduardo, já disse aos mais
próximos que não tem nenhum interesse em assumir a Presidência da República.
Renan, igualmente, não quer empecilho. Ambos quereriam estar acima das conjuminâncias.
Em bons exemplos de homens públicos em favor do Brasil.
O Ricardo, Presidente do Supremo, é o que detém a estas
alturas as melhores credenciais para organizar essa nova transição. O momento
será de dialogo e de autoridade moral, suficientes para essas providencias
institucionais indispensáveis.
Isso tudo antes de agosto. Porque se chegarmos a agosto
sem alguém confiável ao País no comando compartilhado com a Nação e todas as
suas forças vivas, o dragão da inflação já terá nos devorado.
Daqui a cinco meses estaremos em agosto.
Edson Vidigal, Advogado, foi Presidente do Superior
Tribunal de Justiça e do Conselho da Justiça Federal.
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