Por Hélcio Silva (do meu livro Contos do Cósmico)
(31/03/2016)
Imemorial... Um tempo que já se faz antigo!
Parte de minha infância que não lembro. Alguma
coisa - um pequeno espaço de recordação que fosse - gostaria de recordar. Uma infância
nascida , que nem sei se nasceu, nem sinto que nasci e nem sei se chorei, no
momento de nascer.
Minha mãe, nunca vi... Se a vi, amnésia me puniu, cegando-me
por momentos, por muitos momentos que até hoje se prolongam. Dizem haver sido
uma mulher bonita de cabelos longos, que nunca segurei seus fios e se os
segurei nem me lembro de tê-los segurado...
Morreu e não a vi em seu ataúde... E se a vi não lembro que a tenha visto.
Não tenho foto dela com seus cabelos longos, nem dela deitada
no ataúde.
Meu pai, um homem de bem, morreu poucos anos depois, longe
dos filhos, em outro Estado onde fora buscar socorro médico, sem êxito...
Todos na orfandade!...
Éramos seis os filhos da mulher bonita de cabelos longos e do homem de
olhos bonitos, que cortou os mares para morrer no rio.
Uma história real.
Uma história real.
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