Arcebispo Emérito de Juiz de Fora – MG
São Paulo teve de escrever aos Coríntios, comunidade por ele
fundada, para contestar a atitude dos falsos missionários que nela se haviam
infiltrado, pregando um evangelho diferente, ao sabor de seus interesses.
Na segunda leitura do quarto domingo da Quaresma, São Paulo
reforça que “quem está unido a Cristo é uma criatura nova. As coisas antigas
passaram, agora existe uma realidade nova”. O centro do cristianismo é
reconhecer a novidade de Jesus, realizada na sua vida, morte e ressurreição. É
o grande gesto com que Deus se reconcilia com a humanidade, não levando em
conta seus pecados. Para realizar essa reconciliação, Deus tratou Jesus como
vítima responsável pelo pecado, visto que o ser humano, por si só, não se
justifica.
São Paulo sente a responsabilidade de levar à frente esse
projeto. Ele chama seu trabalho apostólico de diakonia, serviço gratuito. Ele
exerce a função de representante legítimo (embaixador), e suas palavras são as
próprias palavras de Cristo: “Vocês devem se reconciliar om Deus.” Sem a adesão
a Cristo, morto e ressuscitado, não há reconciliação. E sem o anúncio
desapegado, espontâneo, verdadeiro serviço da Palavra, os que pretendem falar
em nome de Deus, mal conseguem promover a si próprios, obstruindo o projeto de
Deus.
Quando aprofundamos o sentido da reconciliação, entendemos
que este é o processo que leva à plena realização do ser humano com Deus e com
os irmãos entre si. É preciso que essa nossa humanidade, tão conturbada em meio
à ambição, à ganância, à violência, ao egoísmo, ao completo esquecimento dos
que convivem conosco, revejam sua consciência, pois ali encontrarão as palavras
com que São Paulo, em nome de Cristo, nos adverte.
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