sexta-feira, 18 de março de 2016

Senado tem o dever de dar uma satisfação para o sentimento das ruas, afirma Aécio Neves


“As ruas do país inteiro, de forma espontânea, vêm se manifestando. Esta Casa tem o dever de ser a ressonância dos sentimentos múltiplos, vários, estratificados por todas as regiões do país, que nós temos colhido durante esses dias”, afirmou o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), em pronunciamento no Senado nesta quinta-feira (17/03) ao ocupar a tribuna com outros líderes da oposição para avaliar os desdobramentos da posse do ex-presidente Lula como ministro da Casa-Civil, ocorrida esta manhã no Palácio do Planalto.
O senador também comentou a gravidade do conteúdo das gravações, feitas com autorização da Justiça, de ligações telefônicas mantidas entre o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff.
Leia, a seguir, trechos do pronunciamento do senador Aécio Neves:

“Hoje não é um dia comum, e não podemos perder a percepção disso. As ruas do país inteiro, de forma espontânea, vêm se manifestando. Esta Casa tem o dever de ser a ressonância dos sentimentos múltiplos, vários, estratificados por todas as regiões do país, que nós temos colhido durante esses dias. Portanto, eu quero sugerir que hoje seria o dia para o Senado Federal, durante todas as horas que se sucederão, e se for o caso, durante o dia de amanhã, debatermos em profundidade, mas com responsabilidade, a gravidade desta crise e os caminhos que esta Casa tem a sugerir, as contribuições que os senadores, experientes que são, muitos governadores de Estado, outros tantos com larga experiência nas mais variadas atividades, não apenas na política. Mas quem sabe, em alto nível, como convém aos belos momentos desta Casa, que tem como patrono Rui Barbosa, quem sabe nós possamos transformar o dia de hoje num dia de um grande debate, duro, como é natural em tempos duros como os que estamos vivendo, mas respeitoso, como é dever desta Casa.
A questão central hoje, e que colho como presidente do PSDB, é que os brasileiros se sentem ultrajados com uma decisão tomada com um sentido que não seria o mais nobre deles, com um sentido explicitado pelas últimas gravações tornadas públicas, que significava a possibilidade de impedir que o ex-Presidente da República – e nada de pessoal contra o ex-Presidente da República – pudesse ter a sua prerrogativa (Fora do microfone.) de foro alterada. Eu não vou adentrar ainda esse tema. Vamos estar aqui, nós da oposição, durante todo o dia. Acho que é importante que a base também esteja – nos reunimos até agora há pouco – para demonstrar ao país a necessidade de, por meio da política, da boa política, das boas formulações da política, apresentarmos para o país um desfecho para esta crise, que não pode ainda continuar a ser alimentada.
O Brasil merece o início de um novo tempo, de uma nova quadra, para que nós possamos, oposicionistas, governistas, não importa, mas cidadãos brasileiros como um todo, iniciar uma nova história no Brasil, com respeito às instituições, com respeito à lei e à Constituição, da qual somos todos escravos, mas com a coragem necessária para rompermos com o que está aí e, dentro daquilo que prevê a Constituição, iniciarmos uma nova página, como disse, na história do país. Fica, portanto, esse convite, e nós da oposição estaremos aqui prontos para um debate contundente, mas obviamente no nível que os membros do Senado Federal certamente saberão manter.
Não vou tomar muito tempo deste plenário, neste instante, pretendo voltar ainda à tribuna, e talvez com o senador Paulo Rocha um pouco mais sereno, um pouco mais tranquilo, mas para dizer algo aqui que me parece muito distante das preocupações do senador. Ele nos acusa de ter acirrado os ânimos do país. Teremos nós esta força? Nós da oposição acirramos os ânimos do país? Ou são essas denúncias sucessivas que não cessão, ou são as medidas absolutamente equivocadas, irresponsáveis e atrapalhadas na economia que nos levam a pior recessão da nossa história, um desemprego sem precedentes no Brasil que estão levando as pessoas às ruas. Me acusa o senador Paulo Rocha de, como presidente do PSDB, ter impetrado uma ação na Justiça Eleitoral a partir de inúmeras denúncias que nos chegavam.
O PT fez isso corriqueiramente em inúmeros estados. Se não tivesse cumprido a minha obrigação, e não é o PSDB que produz essas provas, de solicitar ao Tribunal Eleitoral de investigar as denúncias que nos chegavam, eu certamente estaria prevaricando. Mais, se não entro eu com esta ação como presidente do PSDB o Brasil não estaria tendo conhecimento das gravíssimas denúncias que vinculam sim recursos da Petrobras ou do propinoduto ao financiamento da campanha eleitoral. É essencial que o direito à livre e ampla defesa seja garantido. A presidente terá lá todas as condições de demonstrar que essas acusações ou que essas delações são falsas.
Agora o que eu percebo de forma muito clara e essas degravações de ontem trazem tudo isso à luz. Há sim uma tentativa de nivelar aquilo que não é nivelável. Percebi claramente em algumas dessas gravações que vale a pena sim, vamos citar uma, duas, dez, quinze vezes alguma figura independentemente do que isso represente para que quem sabe com isso haja uma pressão explícita como uma dessas gravações coloca em torno do procurador geral da República ou do Supremo Tribunal Federal. Não, temos instituições que funcionam. Que funcionam com independência, que funcionam com altivez. Se eventuais excessos forem cometidos por alguma delas caberá à sociedade reagir a esses excessos. Mas em relação a aquilo que é dito sobre o PSDB, a nossa postura é muito diferente da postura do PT. Não atacamos as nossas instituições, não demonizamos a imprensa. Ao contrário, não consideramos como considera o PT um ataque à democracia.
Queremos que tudo seja investigado em profundidade, não há, para os homens de bem, nada, absolutamente nada mais relevante do que a verdade e é isso que estamos buscando. Não acredito que serão apenas essas as citações a nomes da oposição e ao meu próprio, muitas outras virão e todas serão respondidas de forma cabal, clara, com serenidade, mas com absoluta firmeza. Mas é preciso, que coloquemos nossos olhos no futuro, vamos olhar o que está acontecendo com o Brasil, vamos encontrar caminhos para que o Brasil rompa definitivamente com o que está aí ancorado na Constituição, para construirmos um tempo novo, de convergência e não de divisões.
Quisera ter o poder de mobilizar as massas que ocuparam ontem e no último domingo as ruas do Brasil inteiro. Não tenho! E, se V. Exªs não compreenderam de forma clara o que está acontecendo no sentimento e na alma dos brasileiros, certamente não estarão em condições de contribuir para uma saída que seja de interesse dos brasileiros e dos trabalhadores. Por último, jamais senador Paulo Rocha, quando V. Exª teve seu nome citado no mensalão e depois absolvido, V. Exª jamais teve, desse parlamentar, uma citação que não fosse digna e de respeito. É isso que o PSDB e os tucanos esperam também de V. Exª.”

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