Por HS
Abro a página de cartas internautas e sabem quem me aparece?
O Mhario!... E o Mhário vem acompanhado de um artigo do Jorge...
Quando vi o título (DESIGUALDADE SOCIAL E REENCARNAÇÃO)
esbravejei:
- Ufa! Estão querendo responsabilizar a reencarnação
pelas desigualdades sociais!... E os políticos não têm culpa, estão todos
anistiados?
Comecei a leitura do texto.
O autor - no caso o Jorge, escritor espírita - revela a
existência de uma cidade diferente... “Auroville é uma pequena cidade
localizada na Índia. Foi fundada em 1968 pelo casal Sri Aurobindo e Mirra
Alfassa. Ali, todos os moradores recebem um salário mínimo e podem trabalhar
com o que se adaptem. É uma urbe que não tem políticos ou classes sociais. Não
há religião oficial e o dinheiro é de somenos importância. Atualmente, cerca de
duas mil pessoas moram na cidade, que tem capacidade de acolher até 50 mil
habitantes.
É uma cidade autossustentável, tem campos cultiváveis,
pequenas fábricas, restaurantes, padarias, hospitais, escolas e cinemas, além
de um pequeno jornal local, tudo alimentado por energia solar. Não existem
prefeito, governador ou secretários. Sempre que surge um problema, uma assembleia
é convocada e os cidadãos da comunidade elegem um conselho para solucioná-lo.”
Ufa! Pensei comigo: nesta cidade não há lugar para
Sarney, Lobão, Dino, Beto, Requião, Cunha, Dilma, Lula, Renan e muitos
outros...
Não!... Não é o que estão pensando: escrevo sem as intenções
que ferem... É que lá não tem eleição e os citados gostam de uma eleição.
Também não há prefeito, governador, deputado ou senador... Quem dos citados
acima quer ir pra lá?
Não sei o que dirão os espíritas sobre o texto. O autor
cita Kardec e Emmanuel. Faz referência especial “aos espíritas progressistas”.
E esses “espíritas progressistas” – que o autor se refere – onde estão?... O que vão achar da história?...
O autor do artigo é o escritor espírita Jorge Hessen...
Leiam o texto abaixo, teor completo deste belo artigo do
nosso amigo Jorge Hessen:
DESIGUALDADE SOCIAL E REENCARNAÇÃO
Jorge Hessen
Auroville é uma pequena cidade localizada na Índia. Foi
fundada em 1968 pelo casal Sri Aurobindo e Mirra Alfassa. Ali, todos os
moradores recebem um salário mínimo e podem trabalhar com o que se adaptem. É
uma urbe que não tem políticos ou classes sociais. Não há religião oficial e o
dinheiro é de somenos importância. Atualmente, cerca de duas mil pessoas moram
na cidade, que tem capacidade de acolher até 50 mil habitantes.
É uma cidade autossustentável, tem campos cultiváveis,
pequenas fábricas, restaurantes, padarias, hospitais, escolas e cinemas, além
de um pequeno jornal local, tudo alimentado por energia solar. Não existem
prefeito, governador ou secretários. Sempre que surge um problema, uma assembleia
é convocada e os cidadãos da comunidade elegem um conselho para solucioná-lo.
Os habitantes de Auroville são livres para exercer seus
rituais e acreditar no que quiserem, desde que não incomodem ou tentem pregar
suas crenças aos concidadãos. Para residir na cidade, o interessado precisa
comprar uma casa, que custa em média 3 mil dólares. No primeiro ano que passa
na cidade, o novato é observado e avaliado pela comunidade. Depois de um ano,
período que eles chamam de “estágio”, os cidadãos de Auroville decidem se a
pessoa pode ou não permanecer entre eles.
Observamos ser um lugar apinhado de utopias e talvez não
muito encantador, pois com meio século de existência e com capacidade para
receber até 50 mil moradores, hoje só habitam cerca de duas mil pessoas. Como
disse, deve ser um lugar pouco atraente, ou os cidadãos de Auroville devem ser
intransigentes (pouco democráticos, diria!). Pode ser que o processo de seleção
pela comunidade sobre os que podem ou não residir na cidade (após um ano de “estágio”
no local) seja muito rígido ou discriminatório, sabe-se lá!…
Talvez tenham conquistado em Auroville a virtual
igualdade dos “bens”, mas convidamos os leitores a meditarem aqui acerca da
teoria da desigualdade das riquezas conforme ensinou Kardec, demonstrando que o
princípio da pluralidade das existências pode oferecer a real explicação sobre
as dessemelhanças dos “bens” na Terra.
Sabemos que há “espíritas progressistas”, que apontam
Kardec como um ingênuo por ter explanado sobre a desigualdade das riquezas
explicando-a sob a lei da reencarnação. Evocam tais “espíritas progressistas”
que o proprietário dos meios de produção gera riquezas só para si, enquanto aos
que trabalham resta o salário, representando apenas uma parte da riqueza
gerada. Creem no lema “de cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual,
segundo suas necessidades”, por isso os “espíritas progressistas” divergem de
Kardec, dizendo que o Codificador se equivocou quando afirmou que é um ponto
matematicamente demonstrado que a fortuna igualmente repartida daria a cada
qual uma parte mínima e insuficiente.
Kardec assegurou também que se houvesse a repartição dos
bens materiais (riqueza), o equilíbrio estaria rompido em pouco tempo, pela
diversidade dos caracteres e das aptidões. Tal verdade espírita é intolerável
para os “espíritas progressistas”, pois estes defendem a distribuição
irrestrita dos bens produzidos pelas empresas a fim de que os proletários
possam viver na prerrogativa e violência ideológica do infausto igualitarismo;
os “espíritas progressistas” idealizam uma sociedade altruísta (à moda deles),
sem valorizar as legítimas conquistas individuais para a boa performance das
estruturas sociais.
Quando Kardec afirmou que se a repartição da riqueza
fosse possível e durável, cada um tendo apenas do que viver, e que seria o
aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e o
bem-estar da Humanidade, os “espíritas progressistas” blasonaram que isso
representa uma blasfêmia, pois as tecnologias produzidas têm atendido
fundamentalmente às necessidades supérfluas da grande massa de consumidores –
portanto, pessoas que já possuem o necessário podem utilizar a sua riqueza para
o consumo do supérfluo.
Gritam furiosamente os tais “espíritas progressistas”,
levantando por que supor que Deus é o agente da concentração de riquezas? Bradam,
então, que a riqueza concentra-se pelo simples fato de que quem já possui
fortuna tem mais chances de vencer num mercado competitivo, e assim acumular
mais riqueza num movimento crescente de concentração de capital. Como se
observa uma, dedução horizontalizada, superficial, mecanicista e nada razoável
dos “insurgentes progressistas”, que insistem em dizer que isso não significa
que devamos “ler a realidade” como um “plano de Deus”.
Creem os “progressistas” que a riqueza pode e deve ser
concentrada sob a propriedade coletiva (sic), visando exclusivamente o
benefício geral da humanidade, não permitindo a desigualdade de riqueza, pois
assim toda a sociedade acaba “refém” da decisão do endinheirado de bem ou mal
utilizar a riqueza. Além do quê, a sua apropriação fica sendo necessariamente
injusta, já que os trabalhadores que recebem salário como remuneração pela
venda de sua força de trabalho não ganham integralmente por toda a riqueza por
eles produzida.
Expõem ainda os “progressistas” que em dez anos, no
Brasil, as desordens distributivas estão na ordem do dia, pois os ricos se
tornaram mais ricos, os pobres se tornaram menos pobres e uma certa classe
média tradicional viu sua posição relativa em relação a essas duas outras
camadas prejudicada. A classe média perdeu status. Os ricos se distanciaram e
os pobres se aproximaram, daí o conflito atual. Que saibam utilizar a
inteligência a fim de entenderem que “as classes [sociais] existiram e
existirão sempre, o que porém deve preocupar, e é racional estabelecer a
solidariedade entre elas, a conciliação de seus interesses, a multiplicação
urgente das leis de assistência social, únicas alavancas mantenedoras da
ordem.”[1]
É bem verdade que a desigualdade social ou econômica é um
problema presente em todos os países (ricos ou pobres), decorrente da má
distribuição de renda e, ademais, pela falta de investimento na área social.
Compreendemos que uma repartição mais equitativa dos “bens” é imprescindível.
Há “trocentas” teorias sociológicas, mil sistemas diferentes, tendendo a
reformar a situação das classes desprovidas, a assegurar a cada um, pelo menos,
o estritamente necessário. Ótimo!
Mas, infelizmente, noutro cenário, ao invés da recíproca
tolerância que deveria aproximar os homens, a fim de lhes permitir estudar em
conjunto e resolver os mais graves problemas sociais, tem sido com violência e
atualmente no Brasil com ameaça na boca (verbal e saliva hostil ou “cuspidela”)
que o militante reivindica seu lugar na ágape social. Outrossim, é uma lástima
ver o endinheirado aguilhoado no seu egoísmo e recusando a ofertar aos famintos
as menores migalhas da sua fortuna. Dessa forma, um muro tem separado ambos, e
os quiproquós, as selvagerias, as cupidezes, as animosidades, os desrespeitos
acumulam-se dia a dia.
Politicamente sabemos que as leis elaboradas pelos
legisladores podem, de momento, modificar o exterior, mas não logram mudar a
intimidade do coração humano; daí vem serem os decretos de duração efêmera e
quase sempre seguidos de uma reação mais depravada. A origem do mal reside no
egoísmo e no orgulho. Os abusos de toda espécie cessarão quando os homens se
regerem pela lei da caridade.
Para confirmar as magníficas teses de Kardec sobre o
assunto, reflitamos com Emmanuel: “A desigualdade social é o mais elevado
testemunho da verdade da reencarnação, mediante a qual cada espírito tem sua
posição definida de regeneração e resgate. Nesse caso, consideramos que a
pobreza, a miséria, a guerra, a ignorância, como outras calamidades coletivas,
são enfermidades do organismo social, devido à situação de prova da quase
generalidade dos seus membros. Cessada a causa patogênica com a iluminação
espiritual de todos em Jesus-Cristo, a moléstia coletiva estará eliminada dos
ambientes humanos”.[2]
Jorge Hessen
Referências bibliográficas:
[1] Xavier
Francisco Cândido. Palavras do infinito, III parte, ditado pelo Espírito
Emmanuel, SP: Ed. LAKE, 1936
[2] Xavier ,
Francisco Cândido. O Consolador, pergunta 55, ditado pelo Espírito Emmanuel,
RJ: Ed. FEB, 1978.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.