É uma conversa longa... E ponto para a Folha de São Paulo pelo belo trabalho...
"Não sobra ninguém", diz Machado
Vejam , leiam e arquivem a conversa... Mas para ler clique em leia mais e boa leitura, vendo o que acontece nos bastidores da política brasileira:
LEIA TRECHOS DOS DIÁLOGOS
Primeira conversa:
SÉRGIO MACHADO - Agora, Renan, a situação tá grave.
RENAN CALHEIROS - Grave e vai complicar. Porque Andrade
fazer [delação], Odebrecht, OAS. [falando a outra pessoa, pede para ser feito
um telefonema a um jornalista]
MACHADO - Todos vão fazer.
RENAN - Todos vão fazer.
MACHADO - E essa é a preocupação. Porque é o seguinte, ela
[Dilma] não se sustenta mais. Ela tem três saídas. A mais simples seria ela
pedir licença...
RENAN - Eu tive essa conversa com ela.
MACHADO - Ela continuar presidente, o Michel assumiria e
garantiria ela e o Lula, fazia um grande acordo. Ela tem três saídas: licença,
renúncia ou impeachment. E vai ser rápido. A mais segura para ela é pedir
licença e continuar presidente. Se ela continuar presidente, o Michel não é um
sacana...
RENAN - A melhor solução para ela é um acordo que a turma
topa. Não com ela. A negociação é botar, é fazer o parlamentarismo e fazer o
plebiscito, se o Supremo permitir, daqui a três anos. Aí prepara a eleição,
mantém a eleição, presidente com nova...
[atende um telefonema com um jornalista]
RENAN - A perspectiva é daquele nosso amigo.
MACHADO - Meu amigo, então é isso, você tem trinta dias para
resolver essa crise, não tem mais do que isso. A economia não se sustenta mais,
está explodindo...
RENAN - Queres que eu faça uma avaliação verdadeira? Não
acredito em 30 dias, não. Porque se a Odebrecht fala e essa mulher do João
Santana fala, que é o que está posto...
[apresenta um secretário de governo de Alagoas]
MACHADO - O Janot é um filho da puta da maior, da maior...
RENAN - O Janot... [inaudível]
MACHADO - O Janot tem certeza que eu sou o caixa de vocês.
Então o que que ele quer fazer? Ele não encontrou nada nem vai encontrar nada.
Então ele quer me desvincular de vocês, mediante Ricardo e mediante e mediante
do Paulo Roberto, dos 500 [mil reais], e me jogar para o Moro. E aí ele acha
que o Moro, o Moro vai me mandar prender, aí quebra a resistência e aí fudeu.
Então a gente de precisa [inaudível] presidente Sarney ter de encontro...
Porque se me jogar lá embaixo, eu estou fodido. E aí fica uma coisa... E isso
não é análise, ele está insinuando para pessoas que eu devo fazer [delação],
aquela coisa toda... E isso não dá, isso quebra tudo isso que está sendo feito.
RENAN - [inaudível]
MACHADO - Renan, esse cara é mau, é mau, é mau. Agora, tem
que administrar isso direito. Inclusive eu estou aqui desde ontem... Tem que
ter uma ideia de como vai ser. Porque se esse vagabundo jogar lá embaixo, aí é
uma merda. Queria ver se fazia uma conversa, vocês, que alternativa teria,
porque aí eu me fodo.
RENAN - Sarney.
MACHADO - Sarney, fazer uma conversa particular. Com Romero,
sei lá. E ver o que sai disso. Eu estou aqui para esperar vocês para poder ver,
agora, é um vagabundo. Ele não tem nada contra você nem contra mim.
RENAN - Me disse [inaudível] 'ó, se o Renan tiver feito
alguma coisa, que não sei, mas esse cara, porra, é um gênio. Porque nós não
achamos nada.'
MACHADO - E já procuraram tudo.
RENAN - Tudo.
MACHADO - E não tem. Se tivesse alguma coisa contra você, já
tinha jogado... E se tivesse coisa contra mim [inaudível]. A pressão que ele
quer usar, que está insinuando, é que...
RENAN - Usou todo mundo.
MACHADO -...está dando prazos etc é que vai me apartar de
vocês. Mesma coisa, já deu sinal com a filha do Eduardo e a mulher... Aquele
negócio da filha do Eduardo, a porra da menina não tem nada, Renan, inclusive
falsificaram o documento dela. Ela só é usuária de um cartão de crédito. E esse
é o caminho [inaudível] das delações. Então precisa ser feito algo no Brasil
para poder mudar jogo porque ninguém vai aguentar. Delcídio vai dizer alguma
coisa de você?
RENAN - Deus me livre, Delcídio é o mais perigoso do mundo.
O acordo [inaudível] era para ele gravar a gente, eu acho, fazer aquele negócio
que o J Hawilla fez.
MACHADO - Que filho da puta, rapaz.
RENAN - É um rebotalho de gente.
MACHADO - E vocês trabalhando para poder salvar ele.
RENAN - [Mudando de assunto] Bom, isso aí então tem que
conversar com o Sarney, com o teu advogado, que é muito bom. [inaudível] na
delação.
MACHADO - Advogado não resolve isso.
RENAN - Traçar estratégia. [inaudível]
MACHADO - [inaudível] quanto a isso aí só tem estratégia
política, o que se pode fazer.
RENAN - [inaudível] advogado, conversar, né, para agir
judicialmente.
MACHADO - Como é que você sugeriria, daqui eu vou passar na
casa do presidente Sarney.
RENAN - [inaudível]
MACHADO - Onde?
RENAN - Lá, ou na casa do Romero.
MACHADO - Na casa do Romero. Tá certo. Que horas mais ou
menos?
RENAN - Não, a hora que você quiser eu vou estar por aqui,
eu não vou sair não, eu vou só mais tarde vou encontrar o Michel.
MACHADO - Michel, como é que está, como é que está tua
relação com o Michel?
RENAN - Michel, eu disse pra ele, tem que sumir, rapaz. Nós
estamos apoiando ele, porque não é interessante brigar. Mas ele errou muito,
negócio de Eduardo Cunha... O Jader me reclamou aqui, ele foi lá na casa dele e
ele estava lá o Eduardo Cunha. Aí o Jader disse, 'porra, também é demais, né'.
MACHADO - Renan, não sei se tu viu, um material que saiu na
quinta ou sexta-feira, no UOL, um jornalista aqui, dizendo que quinta-feira
tinha viajado às pressas...
RENAN - É, sacanagem.
MACHADO - Tu viu?
RENAN - Vi.
MACHADO - E que estava sendo montada operação no Nordeste
com Polícia Federal, o caralho, na quinta-feira.
RENAN - Eu vi.
MACHADO - Então, meu amigo, a gente tem que pensar como é
que encontra uma saída para isso aí, porque isso aí...
RENAN - Porque não...
MACHADO - Renan, só se fosse imbecil. Como é que tu vai
sentar numa mesa para negociar e diz que está ameaçado de preso, pô? Só quem
não te conhece. É um imbecil.
RENAN - Tem que ter um fato contra mim.
MACHADO - Mas mesmo que tivesse, você não ia dizer, porra,
não ia se fragilizar, não é imbecil. Agora, a Globo passou de qualquer limite,
Renan.
RENAN - Eu marquei para segunda-feira uma conversa inicial
com [inaudível] para marcar... Ela me disse que a conversa dela com João
Roberto [Marinho] foi desastrosa. Ele disse para ela... Ela reclamou. Ele disse
para ela que não tinha como influir. Ela disse que tinha como influir, porque
ele influiu em situações semelhantes, o que é verdade. E ele disse que está
acontecendo um efeito manada no Brasil contra o governo.
MACHADO - Tá mesmo. Ela acabou. E o Lula, como foi a
conversa com o Lula?
RENAN - O Lula está consciente, o Lula disse, acha que a
qualquer momento pode ser preso. Acho até que ele sabia desse pedido de prisão
lá...
MACHADO - E ele estava, está disposto a assumir o governo?
RENAN - Aí eu defendi, me perguntou, me chamou num canto. Eu
acho que essa hipótese, eu disse a ele, tem que ser guardada, não pode falar
nisso. Porque se houver um quadro, que é pior que há, de radicalização
institucional, e ela resolva ficar, para guerra...
MACHADO - Ela não tem força, Renan.
RENAN - Mas aí, nesse caso, ela tem que se ancorar nele. Que
é para ir para lá e montar um governo. Esse aí é o parlamentarismo sem o Lula,
é o branco, entendeu?
MACHADO - Mas, Renan, com as informações que você tem, que a
Odebrecht vai tacar tiro no peito dela, não tem mais jeito.
RENAN - Tem não, porque vai mostrar as contas. E a mulher é
[inaudível].
MACHADO - Acabou, não tem mais jeito. Então a melhor solução
para ela, não sei quem podia dizer, é renunciar ou pedir licença.
RENAN - Isso [inaudível]. Ela avaliou esse cenário todo. Não
deixei ela falar sobre a renúncia. Primeiro cenário, a coisa da renúncia. Aí
ela, aí quando ela foi falar, eu disse, 'não fale não, pelo que conheço, a
senhora prefere morrer'. Coisa que é para deixar a pessoa... Aí vai:
impeachment. 'Eu sinceramente acho que vai ser traumático. O PT vai ser
desaparelhado do poder'.
MACHADO - E o PT, com esse negócio do Lula, a militância
reacendeu.
RENAN - Reacendeu. Aí tudo mundo, legalista... Que aí não
entra só o petista, entra o legalista. Ontem o Cassio falou.
MACHADO - É o seguinte, o PSDB, eu tenho a informação, se
convenceu de que eles é o próximo da vez.
RENAN - [concordando] Não, o Aécio disse isso lá. Que eu sou
a esperança única que eles têm de alguém para fazer o...
MACHADO - [Interrompendo] O Cunha, o Cunha. O Supremo. Fazer
um pacto de Caxias, vamos passar uma borracha no Brasil e vamos daqui para a
frente. Ninguém mexeu com isso. E esses caras do...
RENAN - Antes de passar a borracha, precisa fazer três
coisas, que alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer
delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação e
estabelece isso.
MACHADO - Acaba com esse negócio da segunda instância, que
está apavorando todo mundo.
RENAN - A lei diz que não pode prender depois da segunda
instância, e ele aí dá uma decisão, interpreta isso e acaba isso.
MACHADO - Acaba isso.
RENAN - E, em segundo lugar, negocia a transição com eles
[ministros do STF].
MACHADO - Com eles, eles têm que estar juntos. E eles não
negociam com ela.
RENAN - Não negociam porque todos estão putos com ela. Ela
me disse e é verdade mesmo, nessa crise toda –estavam dizendo que ela estava
abatida, ela não está abatida, ela tem uma bravura pessoal que é uma coisa
inacreditável, ela está gripada, muito gripada– aí ela disse: 'Renan, eu recebi
aqui o Lewandowski,
querendo conversar um pouco sobre uma saída para o Brasil,
sobre as dificuldades, sobre a necessidade de conter o Supremo como guardião da
Constituição. O Lewandowski só veio falar de aumento, isso é uma coisa
inacreditável'.
MACHADO - Eu nunca vi um Supremo tão merda, e o novo
Supremo, com essa mulher, vai ser pior ainda. [...]
MACHADO - [...] Como é que uma presidente não tem um plano B
nem C? Ela baixou a guarda. [inaudível]
RENAN - Estamos perdendo a condição política. Todo mundo.
MACHADO - [inaudível] com Aécio. Você está com a bola na
mão. O Michel é o elembto número um dessa solução, a meu ver. Com todos os
defeitos que ele tem.
RENAN - Primeiro eu disse a ele, 'Michel, você tem que ficar
calado, não fala, não fala'.
MACHADO - [inaudível] Negócio do partido.
RENAN - Foi, foi [inaudível] brigar, né.
MACHADO - A bola está no seu colo. Não tem um cara na
República mais importante que você hoje. Porque você tem trânsito com todo
mundo. Essa tua conversa com o PSDB, tu ganhou uma força que tu não tinha.
Então [inaudível] para salvar o Brasil. E esse negócio só salva se botar todo
mundo. Porque deixar esse Moro do jeito que ele está, disposto como ele está,
com 18% de popularidade de pesquisa, vai dar merda. Isso que você diz, se for
ruptura, vai ter conflito social. Vai morrer gente.
RENAN - Vai, vai. E aí tem que botar o Lula. Porque é a
intuição dele...
MACHADO - Aí o Lula tem que assumir a Casa Civil e ser o
primeiro ministro, esse é o governo. Ela não tem mais condição, Renan, não tem
condição de nada. Agora, quem vai botar esse guizo nela?
RENAN - Não, [com] ela eu conversa, quem conversa com ela
sou eu, rapaz.
MACHADO - Seguinte, vou fazer o seguinte, vou passar no
presidente, peço para ele marcar um horário na casa do Romero.
RENAN - Ou na casa dele. Na casa dele chega muita gente
também.
MACHADO - É, no Romero chega menos gente.
RENAN - Menos gente.
MACHADO - Então marco no Romero e encontra nós três. Pronto,
acabou. [levanta-se e começam a se despedir] Amigo, não perca essa bola, está
no seu colo. Só tem você hoje. [caminhando] Caiu no seu colo e você é um cara
predestinado. Aqui não é dedução não, é informação. Ele está querendo me
seduzir, porra.
RENAN - Eu sei, eu sei. Ele quem?
MACHADO - O bicho daqui, o Janot.
RENAN - Mandando recado?
MACHADO - Mandando recado.
RENAN - Isso é?
MACHADO - É... Porra. É coisa que tem que conversar com muita
habilidade para não chegar lá.
RENAN - É. É.
MACHADO - Falando em prazo... [se despedem]
Segunda conversa:
MACHADO - [...] A meu ver, a grande chance, Renan, que a
gente tem, é correr com aquele semi-parlamentarismo...
RENAN - Eu também acho.
MACHADO -...paralelo, não importa com o impeach... Com o
impeachment de um lado e o semi-parlamentarismo do outro.
RENAN - Até se não dá em nada, dá no impeachment.
MACHADO - Dá no impeachment.
RENAN - É plano A e plano B.
MACHADO - Por ser semi-parlamentarismo já gera para a
sociedade essa expectativa [inaudível]. E no bojo do semi-parlamentarismo fazer
uma ampla negociação para [inaudível].
RENAN - Mas o que precisa fazer, só precisa tres três
coisas: reforma política, naqueles dois pontos, o fim da proibição...
MACHADO - [Interrompendo] São cinco pontos:
[...]
RENAN - O voto em lista é importante. [inaudível] Só pode
fazer delação... Só pode solto, não pode preso. Isso é uma maneira e toda a
sociedade compreende que isso é uma tortura.
MACHADO - Outra coisa, essa cagada que os procuradores
fizeram, o jogo virou um pouco em termos de responsabilidade [...]. Qual a
importância do PSDB... O PSDB teve uma posição já mais racional. Agora, ela
[Dilma] não tem mais solução, Renan, ela é uma doença terminal e não tem
capacidade de renunciar a nada. [inaudível]
[...]
MACHADO - Me disseram que vai. Dentro da leniência botaram
outras pessoas, executivos para falar. Agora, meu trato com essas empresas,
Renan, é com os donos. Quer dizer, se botarem, vai dar uma merda geral, eu
nunca falei com executivo.
RENAN - Não vão botar, não. [inaudível] E da leniência,
detalhar mais. A leniência não está clara ainda, é uma das coisas que tem que
entrar na...
MACHADO -...No pacote.
RENAN - No pacote.
MACHADO - E tem que encontrar, Renan, como foi feito na
Anistia, com os militares, um processo que diz assim: 'Vamos passar o Brasil a
limpo, daqui para frente é assim, pra trás...' [bate palmas] Porque senão esse
pessoal vão ficar eternamente com uma espada na cabeça, não importa o governo,
tudo é igual.
RENAN - [concordando] Não, todo mundo quer apertar. É para
me deixar prisioneiro trabalhando. Eu estava reclamando aqui.
MACHADO - Todos os dias.
RENAN - Toda hora, eu não consigo mais cuidar de nada.
[...]
MACHADO - E tá todo mundo sentindo um aperto nos ombros.
Está todo mundo sentindo um aperto nos ombros.
RENAN - E tudo com medo.
MACHADO - Renan, não sobra ninguém, Renan!
RENAN - Aécio está com medo. [me procurou] 'Renan, queria
que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa.'
MACHADO - Renan, eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não sobra
ninguém, Renan.
[...]
MACHADO - Não dá pra ficar como está, precisa encontrar uma
solução, porque se não vai todo mundo... Moeda de troca é preservar o governo
[inaudível].
RENAN - [inaudível] sexta-feira. Conversa muito ruim, a
conversa com a menina da Folha... Otavinho [a conversa] foi muito melhor.
Otavinho reconheceu que tem exageros, eles próprios tem cometido exageros e o
João [provável referência a João Roberto Marinho] com aquela conversa de
sempre, que não manda. [...] Ela [Dilma] disse a ele 'João, vocês tratam
diferentemente de casos iguais. Nós temos vários indicativos'. E ele dizendo
'isso virou uma manada, uma manada, está todo mundo contra o governo.'
MACHADO - Efeito manada.
RENAN - Efeito manada. Quer dizer, uma maneira sutil de
dizer "acabou", né.
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