Se for verdade o que o delatores da Operação Lava Jato
afirmaram contra o ex-governador Sérgio Cabral - que ele recebia em torno de R$
350 mil por mês em propina - um rápido cálculo do que teria sido gasto com
corrupção mostra o tamanho do prejuízo para o país, e principalmente para o
trabalhador.
Levando-se em consideração que o salário mínimo estava em
torno de R$ 500 quando as propinas eram supostamente pagas, Cabral receberia um
salário mínimo por hora, num turno de trabalho de 24 horas.
Isso representa 24 trabalhadores em um dia. Multiplicando
por 30, significa que a suposta propina representava, em um mês, o emprego de
720 trabalhadores. Em um ano, o emprego de 8.640 trabalhadores. Em dois
mandatos de Sérgio Cabral, o emprego de 69.120 trabalhadores.
Se a Andrade Gutierrez não pagasse o que seus ex-executivos
afirmam que pagavam ao ex-governador, hoje não precisaria ter demitido os 200
mil empregados que demitiram.
O crime do corrupto e do corruptor, se aconteceu, é muito
maior do que os valores citados nos depoimentos. O que indica que o R$ 1 bilhão
pagos em multa pela Andrade Gutierrez representam muito pouco diante de tamanho
prejuízo.
Essa mesma empresa diz ter sido roubada por banqueiros
portugueses, sócios da Portugal Telecom, em 1 bilhão de euros - que corresponde
a 4,5 bilhões de reais. Mas mesmo com tamanho prejuízo, não reclamou nem na
justiça brasileira, nem na portuguesa. Vale lembrar que aí há ainda dinheiro de
acionistas brasileiros, como é o caso do BNDES.
É uma tristeza o povo brasileiro assistir a tudo isso e
ficar calado. É uma tristeza que 69 mil trabalhadores engrossem a massa de 10
milhões de desempregados do país, enquanto os culpados são perdoados após
singelas multas que nem de perto se aproximam do real dano que causaram.
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