A simples mudança de governo, com o afastamento de Dilma
Rousseff por meio do instrumento constitucional do impeachment, faz os agentes
econômicos e a sociedade brasileira experimentarem uma sensação de confiança
que há muito tempo não era percebida. Os novos ventos trazidos pela gestão de
Michel Temer, em especial as escolhas do presidente interino para a área
econômica, representam um sopro de esperança que já se espalha entre a
população, tão castigada nesses últimos 13 anos de desgoverno lulopetista. Os
primeiros sinais positivos começam a aparecer no horizonte e indicam um
processo de estabilização da economia que, se tudo der certo, precederá a
retomada do crescimento.
Em menos de um mês de governo, alguns agentes do mercado já
refizeram seus cálculos. O banco Santander, por exemplo, reduziu a previsão de
taxa de câmbio para o fim deste ano, de R$ 4,20 para R$ 3,65, e elevou de 1,2%
para 2% a estimativa de crescimento do PIB para 2017. Há outros dados recentes
que caminham nessa direção, como a estabilização no nível de estoques de bens
duráveis (como carros e eletrodomésticos) e da produção de máquinas e
equipamentos. No primeiro trimestre do ano, o país registrou a entrada de US$
16,9 bilhões de investimento externo, ante US$ 13,1 bilhões de igual período do
ano passado.
Apesar de ainda sofrerem fortemente com o desemprego, a
inflação e o endividamento, resultantes do descalabro gerado pela
irresponsabilidade dos governos de Lula e Dilma na condução da economia, os
brasileiros começam a sentir uma mudança nas expectativas. O legado perverso
deixado pelo PT está sintetizado pelos dados divulgados nesta semana pelo IBGE,
que apontam uma queda de 0,3% do PIB no primeiro trimestre (o último ainda
integralmente sob o governo Dilma) em relação ao último trimestre do ano
passado. Se comparado ao primeiro trimestre de 2015, o tombo do PIB foi de
5,4%.
Apesar da gravíssima situação do país, que já sofre há dois
anos com a maior recessão de sua história, mesmo esses números são ligeiramente
melhores do que o mercado esperava. Economistas consultados pela agência
internacional Bloomberg estimavam uma retração de 0,8% da atividade econômica
em relação ao quarto trimestre de 2015 e de 5,9% na comparação com o mesmo
período do ano passado. Mais uma vez, trata-se de uma sinalização de que a
economia brasileira se aproxima de certa estabilização antes de, provavelmente,
iniciar uma trajetória de crescimento.
Além de novas perspectivas para o ambiente econômico,
claramente construídas a partir da formação de uma equipe experiente,
competente e com ampla credibilidade no setor, o novo governo transmite
confiança à sociedade no momento em que deixa clara sua tolerância zero contra
denúncias ou suspeitas de malfeitorias. Seguindo o exemplo virtuoso de Itamar
Franco, que também assumiu a Presidência após um processo de impeachment, Temer
afastou dois ministros flagrados em gravações telefônicas em que conversavam
com investigados na Operação Lava Jato. Ao contrário dos tempos do lulopetismo,
o presidente demonstra que não haverá qualquer contemporização em relação a
auxiliares envolvidos em suspeições.
Não se reconstrói um país dilapidado econômica e moralmente
do dia para a noite, como em um passe de mágica, mas as primeiras ações
concretas do novo governo já vêm dando resultado e recuperando a confiança da
opinião pública. Há muito por fazer, sobretudo após tantos anos do descalabro
produzido pelo PT, e o presidente da República tem plena consciência do tamanho
do desafio. Se ainda não podemos dizer que o Brasil se reergueu e voltou a
trilhar o caminho do desenvolvimento, é possível celebrar a retomada da
esperança, do otimismo, da confiança da sociedade. Não é pouco. O primeiro
passo, afinal, já foi dado.
*Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente
nacional do PPS
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