GUSTAVO URIBE
DE BRASÍLIA
Do Uol / Folha
Sob pressão para recuar na extinção de pastas, o presidente
interino, Michel Temer, indicou nesta quarta-feira (1º) a disposição de
discutir a reformulação do atual modelo ministerial caso a presidente Dilma
Rousseff seja afastada definitivamente do cargo.
Em encontro com a Frente Nacional de Luta Campo e Cidade,
com a presença do ex-líder do MST (Movimento dos Sem Terra) José Rainha, o
peemedebista disse que poderá promover uma reformulação no atual desenho das
pastas, mas apenas depois do julgamento final do processo de impeachment, cuja
expectativa é que se encerre em agosto.
Segundo relatos de presentes, o aceno feito pelo presidente
interino foi em resposta ao pedido do movimento para dar novamente status
ministerial para a Secretaria Especial da Agricultura Familiar e do
Desenvolvimento Agrário, hoje sob a alçada do Ministério da Casa Civil.
"O campo não aceitará (a extinção da pasta). O
presidente interino disse que, da forma como se encontrava, precisava fazer uma
repactuação da administração pública. E que assume o compromisso de construir a
condição para que o Ministério de Desenvolvimento Agrário volte", disse Carlos
Lopes, dirigente nacional da Frente Nacional de Luta.
Não é a primeira vez que o presidente interino fala em
mudanças ministeriais. Em encontro com a bancada feminina da Câmara dos
Deputados, em maio, ele manifestou intenção de nomear uma mulher para o
primeiro escalão da primeira reforma administrativa de uma eventual gestão
definitiva à frente do Palácio do Planalto.
O encontro entre Temer e Rainha foi viabilizado pelo
presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força, cujo partido chefia a atual
secretaria da área.
Próximo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Rainha
não quis falar na saída do encontro. Segundo relatos, durante a reunião, o
ex-dirigente do MST disse que não entrava no Palácio do Planalto desde 2004.
Em contraponto ao discurso de movimentos de esquerda, Lopes
disse que se Temer for um "presidente do povo" terá legitimidade para
permanecer à frente do Palácio do Planalto.
"Ele está em situação de interinidade, com legitimidade
ofertada pelo Congresso Nacional. Então, qual a ilegalidade de conversar com um
gestor interino?", questionou.
Lopes relatou que, no encontro, foi exposto a Temer a
necessidade da "manutenção do protagonismo das políticas do campo" e
que os movimentos sociais não irão aceitar recuos na política de reforma
agrária.
"A reforma agrária irá acontecer, sim, por necessidade
de política social no país", disse.
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