Jorge Oliveira
Veneza, Itália - Em meio ao alvoroço que provocou a
prisão do ex-deputado Eduardo Cunha, muita gente não se apercebeu que o país
enfrenta uma epidemia de sífilis. Isso mesmo, uma doença do século XV, que
praticamente desapareceu no resto do mundo, virou epidemia no Brasil, segundo
alerta o próprio Ministro da Saúde Ricardo Barros. Como não bastasse, o vírus
da Zika que vem provocando hidrocefalia nos recém-nascidos, agora estamos
diante de outra doença que também afeta a futura geração ainda no ventre da
mãe. Esse é mais um dos legados da herança maldita dos petistas que preferiram
assaltar os cofres públicos a cuidar da saúde dos brasileiros.
Ao constatar a epidemia, o Ministério da Saúde, mais uma
vez, mostrou a sua espetacular incompetência na política de prevenção a doenças
no país para impedir que muitas delas virem epidemia. Seus dirigentes
aproveitam-se da situação para anunciar que o Brasil vai estimular a indústria
farmacêutica a fabricar mais penicilina, pois, por se tratar de um remédio
barato, ela quase não o produz mais. A pergunta que se faz é a seguinte: por
que o Ministério da Saúde deixou que a doença contaminasse as mães e os bebês a
esse ponto? Por que deixou virar epidemia para só então alertar para a grave
situação? Será que por trás de tudo isso não está funcionando mais uma vez o
lobby da indústria farmacêutica para entupir o Brasil de penicilina a preço
exorbitante, como já aconteceu em outros momentos de crises fabricadas?
O brasileiro vive tão espoliado, tão massacrado pelo
poder público que se tornou um povo descrente. Duvida de tudo. Não acredita
mais em nada divulgado pelo governo. Está tão desiludido que reage até para o
bom dia do vizinho. E tem motivos de sobra para isso. Na última década
enfrentou todo tipo de epidemia: dengue, zika, chikungunya, aumento da AIDS e, agora,
sífilis. Enfrentou tragédias de chuva e de seca, onde viu o dinheiro público ir
para o ralo ou para o bolso dos políticos e empresários corruptos. A maior de
todas as crises, entretanto, foi o desastre da administração da Dilma que
deixou o país capengando, carente de tudo. O resultado do caos é essa mais nova
epidemia, a de sífilis.
Os números divulgados pelo Ministério da Saúde são
assustadores. Nos últimos cinco anos a doença avançou de forma incontrolável.
Em 2014 foram registrados mais de 100 mil casos de sífilis em gestante no
Brasil. O surgimento de bebês com sífilis congênita foi de 6,5 casos em 2015
para cada mil nascidos vivos, 13 vezes mais do que é tolerado pela Organização
Mundial da Saúde, e 170% mais do que o registrado em 2010. A sífilis em
gestante teve um aumento de 202%. Passou de 3,7 para 11,2 casos a cada mil
nascidos vivos. E para a sífilis adquirida, a sífilis na população em geral, a
taxa é de 42,7 casos para 100 mil habitantes.
A sífilis é uma doença sexualmente transmissível. Quando
não curada com eficiência ela pode atingir o cérebro e o coração levando a
pessoa à morte. Como a penicilina é barata, há dois anos o remédio desapareceu
do mercado. Para que a indústria volte a fabricá-lo, o Ministério da Saúde está
disposto a pagar 50% a mais para trazê-lo de volta ao mercado. Assim, ele
subiria dos atuais R$ 6,00 para R$ 9,00. Entendeu agora porque o antibiótico
sumiu das prateleiras? É isso mesmo o que você pensou. Com o aumento, a penicilina entra de novo no
mercado para acabar com a “epidemia” que a própria indústria farmacêutica
provocou para forçar o Ministério da Saúde a aumentar os preços. E assim,
passivamente, o governo vai desembolsar uma fortuna para combater uma doença que
afeta principalmente países de extrema pobreza. Agora, epidêmico no Brasil.
Muda-se a mesa da sala, mas as cadeiras continuam as
mesmas.
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