ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA
(Folha)
A Polícia Federal concluiu que o apelido
"Amigo", que consta numa planilha de pagamentos de propina apreendida
com funcionários da Odebrecht, faz referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva.
É o que afirma o despacho que indiciou o ex-ministro
Antonio Palocci Filho, divulgado nesta segunda-feira (24) pelos investigadores
da Operação Lava Jato.
"Há respaldo probatório e coerência investigativa em
se considerar que o 'AMIGO' das planilhas faça referência a Luiz Inácio Lula da
Silva", escreveu o delegado Filipe Hille Pace.
As planilhas indicam um saldo, supostamente de propinas,
de R$ 23 milhões em favor do "amigo", ou Lula. Desse total, R$ 8
milhões teriam sido pagos em 2012, "sob solicitação e coordenação de
Palocci", segundo o relatório. Não se sabe o que ocorreu com os R$ 15
milhões restantes.
Os outros beneficiados da planilha são
"Itália", que seria Palocci, segundo os investigadores, e
"Pós-Itália", cuja identidade ainda não foi identificada pela PF.
Segundo a Folha apurou, o apelido faria referência ao ex-ministro Guido
Mantega, segundo informaram delatores da Odebrecht.
Lula diz que jamais recebeu ou solicitou propinas e
afirma ser perseguido politicamente pela Lava Jato.
A conclusão sobre a identidade do "Amigo" é
baseada em e-mails e mensagens de Marcelo Odebrecht, que fazem referência às
alcunhas "Amigo de meu pai" e "Amigo de EO [Emílio
Odebrecht]", de acordo com relatório policial.
Emílio, pai de Marcelo, era o principal interlocutor de
Lula na empreiteira. Durante acordo de delação, ele afirmou, conforme revelou a
Folha, que o estádio do Corinthians, construído pela Odebrecht, foi uma espécie
de presente ao ex-presidente.
Pace destaca, porém, que a apuração de responsabilidade
criminal de Lula não compete a ele, mas ao delegado federal Marcio Anselmo, que
conduz os inquéritos contra o ex-presidente.
"Consigne-se que tais elementos probatórios já são
de conhecimento do Exmo. Delegado de Polícia Federal Márcio Adriano Anselmo,
responsável pelo núcleo de investigação dos crimes que, em tese, teriam sido
praticados por Luiz Inácio Lula da Silva", escreve o delegado.
OUTRO LADO
Em nota, o advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin
Martins, afirmou que as acusações contra Lula são "frívolas, típicas do
lawfare, ou seja, da manipulação das leis e dos procedimentos jurídicos para
fins de perseguição política".
"Na falta de provas, usa-se da 'convicção' e de
'achismos'", declarou o defensor.
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