Ricardo Brito e Isabela Bonfim
BRASÍLIA - O presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), acusou a Polícia Federal de ter se valido de "métodos
fascistas" nunca adotados sequer na "ditadura" na operação que
levou a prisão na sexta-feira, 21, quatro policiais legislativos da Casa.
O peemedebista anunciou que a Advocacia do Senado vai
entrar até a próxima terça, 25, no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação
para defender as prerrogativas de atuação da Polícia Legislativa, chamou o
ministro da Justiça, Alexandre Moraes, de "chefete de polícia" e
ainda classificou de o juiz Vallisney de Souza Oliveira, responsável pela operação
de "juizeco" por decretar uma ordem contra o Senado.
"Tenho ódio e nojo a métodos fascista. Como
presidente do Senado, cabe a minha repeli-los", disse Renan, numa rara
entrevista coletiva convocada para a assessoria de imprensa dele em seu
gabinete, que foi acompanhada por policiais legislativos. Renan voltou a
criticar o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, como fez em entrevista
exclusiva ao Broadcast Político no dia da operação quando disse que ele havia
extrapolado das suas funções quando falou sobre a ação que deteve os policiais
legislativos. "É lamentável que isso aconteça, um espetáculo inusitado,
que nem a ditadura fez, com a participação do ministro do governo, que não tem
se portado como um ministro de Estado, no máximo como um ministro circunstancial
de governo, chefete de polícia", reclamou.
O presidente do Senado, contudo, disse que não sugeriu a
demissão de Moraes ao presidente Michel Temer. Os dois conversaram após a
operação ter sido deflagrada. "Não cabe ao presidente do Congresso tratar
de substituição ou destituição de ministro, mas lamento que ele tenha se
comportado dessa forma, falando mais do que devia, dando bom dia a
cavalo", disse Renan.
Lava Jato. Investigado pela Operação Lava Jato, o
presidente do Senado afirmou que a ação é "sagrada", mas isso não o
impede de comentar eventuais excessos dela. "A Lava Jato é sagrada, mas
isso não quer dizer que não podemos comentar os seus excessos, comentar não
significa conspiração", defendeu o peemedebista, em entrevista coletiva
realizada em seu gabinete, acrescentando que a operação "significará
sempre avanços para Brasil".
Renan disse que já prestou três depoimentos pessoais em
relação às investigações a que responde e fez questão de destacar que no último
deles não precisaria sequer ter ido à Polícia Federal, bastava apenas a defesa
dele por escrito.
"Eram 11 investigações, a primeira já fui absolvido
por falta de provas, e serei em todas por falta de provas, porque nunca cometi
essas irregularidades", afirmou.
O presidente do Senado destacou que o fato de estar sendo
investigado não significa que ele não deva cumprir seu papel institucional.
No início da entrevista, o peemedebista destacou que, se
há virtudes escassas no Brasil, uma delas é a prudência. Ele disse ter agido da
mesma forma em todos os momentos em que se cometeram abusos e excessos.
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