Carlos Chagas
Apesar de nenhum funcionário público do Judiciário, Legislativo
e Executivo ou das estatais poder receber mais do que 33 mil reais por mês,
quantia devida aos ministros do Supremo Tribunal Federal, a verdade é que na
administração direta e indireta existem montes de marajás beirando os cem mil
reais.
Irritado com esse descumprimento da Constituição, o
presidente do Senado, Renan Calheiros, instalou uma comissão para, em vinte
dias, relacionar todas as distorções e seus beneficiários.
Trata-se de um absurdo, disse o parlamentar alagoano.
Poderia ter dito, também, de um crime. Em especial por atingir integrantes do
Judiciário. A Associação dos Juízes Federais denuncia que os maiores salários
estão entre os servidores da Câmara e do Senado.
Seria bom repetir o mote que de quando em quando
refere-se à atividade pública no país: “esteje todo mundo preso!” Pelo menos,
que se aplique prisão domiciliar a quem ultrapassar o teto máximo devido aos
funcionários do estado. E com o adendo de que todos deveriam repor aos cofres
públicos as quantias recebidas indevidamente. Não sobraria ninguém. Ou muito
poucos.
Se um ascensorista da Câmara recebe mais do que um piloto
de avião a jato, também é verdade que um servidor de cafézinho no palácio do
Planalto ganha mais do que um professor universitário. Em oportunidades sem
conta, acima dos ministros do Supremo.
Conseguirá Renan Calheiros chegar a esse “listão” de
horrores, e, mais ainda, obter que algum intérprete da Constituição sentencie
todos os privilegiados?
Tem gente supondo que a iniciativa do presidente do
Senado deve-se à reação contra a iminência dele ser processado no Judiciário.
Tanto faz, mesmo se não escapar de sua participação na Operação Lava Jato e
sucedâneos.
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