Hélcio Silva
(13/11/2916)
Quem merece o inferno?
Quando eu era menino, toda verdade entre o céu e a terra
vinha dos padres, da igreja católica, com base no catecismo... Nada além
daquilo..., nenhum aprendizado fora da igreja..., sobre o assunto!
E os padres diziam que “criança malina”, “desobediente”
ou danada demais, entrava em pecado e poderia ir para o inferno...
E o bom comportamento forçado acabava sendo produto do
medo!
E a criançada ficava mesmo com medo. Porém, nunca deixava
de malinar que, no fundo, é natural de toda criança sadia. A alegria de malinar
era contagiante!
Malinar era a criança fazer o que os adultos gostariam de
fazer... Mexer nas coisas sem ordem dos mais velhos..., colocar o café da xícara
no pires e pular de alegria quando via o café derramar e manchar a toalha da
mesa da mamãe... E podia esperar a
bronca, embora a mãe, no fundo, desejasse abrir-se em gargalhadas..., encher de beijos e abraços aquele pedacinho de
luz que Deus a presenteou...
Vestir roupa dos adultos era uma traquinagem comum
naquele tempo; e em fazendo isso, na pureza de sua inocência alegre, feliz e
pura, a criança fazia-se criança.
Falar de inferno era maldade com as criancinhas daquele
tempo?... Não! Era só brincadeira do padre, que também amava muito as
crianças... A Igreja sempre foi a casa de Deus nos meus tempos de criança... A
bronca do padre era conselho, com finalidade de educar... Só não precisava
falar de “inferno” pra gente “pininhinha”, como se dizia das crianças daqueles
tempos...
Há, no entanto, uma diferença – e sempre houve – entre
malinar e malignar. O verbo malinar gerou malina, no caso das nossas queridas,
suaves, alegres e boas crianças, que vestiam as calças do papai ou as saias das
mamães, e, no fundo, os pais corujas (pai e mãe) adoravam!
Já o verbo malignar gera maligno, que não é o caso das
crianças; mas, sim, dos adultos que praticam ou praticaram atos ilícitos, como,
por exemplo, no petrolão, no mensalão e em outros lãos a caminho dos banhos de
investigação na Lava Jato...
Há dicionários e até profundos conhecedores da língua que
fazem relação entre os dois casos como palavras de igual significação... Mas
não é essa a verdade (intenção) da cultura do povo que sabe muito bem o que é a
inocência de uma criança sem maldade e o que é a indecência maligna de gente
que se corrompe moralmente, vivendo por aí a cometer crimes, como nos casos
citados acima (petrolão e mensalão).
O Mundo é das crianças! Elas vêm do céu e trazem a bandeira da Paz..
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