Carlos Chagas
A sucessão presidencial do próximo ano surge como o
primeiro efeito colateral do escândalo
que assola o país a partir da devassa praticada na Odebrecht. Dos possíveis
candidatos, não sobrou nenhum. O Lula, preso ou solto, só por milagre se
manterá na disputa. É estranho como essas coisas acontecem, mas há uma semana
parecia imbatível em todas as simulações e pesquisas. Agora, não há quem aposte
um real na sua passagem para o segundo turno. O que era sólido, desmanchou-se
no ar. O patriarca da ex-maior empreiteira nacional encarregou-se de fulminar o
ex-presidente ao tornar públicas suas relações.
Não adianta procurar nos falidos quadros do PT quem
substitua o primeiro companheiro. Muito menos nas bancadas parlamentares. Não
ficou pedra sobre pedra.
Os três tucanos que pareciam poderosos viraram três
porquinhos. Uma cascata de lama escorre da
passagem de Aécio, Serra e Geraldo pelos governos dos respectivos Estados. De propinas ao Caixa Dois e até a
doações inexplicáveis e manipulações desavergonhadas, jamais levarão o PSDB à
disputa. Nem adianta lembrar de Fernando Henrique, hoje submerso na ilusão de
sua presença na mídia.
O PMDB não tinha e continuará não tendo pretendentes. O
fracasso da recuperação econômica só não será maior do que o elenco de reformas
felizmente indo atrás da vaca, ou seja, para o brejo. Henrique Meirelles cada
dia tenta justificar-se um pouco mais pelo naufrágio de seus planos e
programas, forte candidato ao Premio Pinóquio do ano.
Há uma semana discutia-se a hipótese de Ciro Gomes
aceitar tornar-se o vice do Lula, mas hoje
o cearense nascido em São Paulo foge da dobradinha como o diabo foge da
cruz.
Marina Silva dedica-se a cooptar juízes, procuradores e ministros dos tribunais
superiores, iludida com a impressão de
seus votos valerem mais que os votos de uma lavadeira.
Jair Bolsonaro, Ronaldo Caiado, Joaquim Barbosa, Álvaro
Dias e outros menos cotados torcem para não ser lembrados ou confundidos com a
classe dos políticos.
Em suma, fosse o Capeta candidato e estaria na liderança
das previsões agora viradas de cabeça para baixo. Resta aguardar as delações
das demais empreiteiras.
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