“Quem podia imaginar que aquele que entrou triunfante na
cidade teria sido humilhado, condenado e morto na cruz?”, questionou Francisco
aos fiéis. “As esperanças daquele povo se desmancharam diante da cruz; mas nós
cremos que precisamente Nele, crucificado, a nossa esperança renasceu. Que
esperança é essa?”.
A frase que pode nos ajudar a entender esta esperança foi
pronunciada justamente por Jesus depois de entrar em Jerusalém: “Se o grão de
trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito
fruto”.
A esperança tem a forma de uma semente
Jesus, explicou o Papa, trouxe ao mundo uma nova
esperança, com o formato de uma semente: se fez pequeno, como um grão de trigo;
deixou a sua glória celeste para vir entre nós: “caiu na terra”. Mas não era
suficiente.
“Se alguém de vocês me perguntar: como nasce a esperança?
Da cruz. Olhe para a cruz, olhe para cristo crucificado e dali virá a esperança
que jamais desaparece.”
A transformação da Páscoa
Para produzir fruto, Jesus viveu o amor até o fim,
deixando-se romper pela morte como uma semente sob a terra. Justamente ali, no
ponto extremo do seu abaixamento – que é também o ponto mais alto do amor –
brotou a esperança. Assim, na Páscoa, Jesus transformou o nosso pecado em
perdão, a nossa morte em ressurreição, o nosso medo em confiança. Esta é a
transformação da Páscoa. “Eis o porquê ali, sobre a cruz, nasceu e renasce
sempre a nossa esperança.”
“A esperança supera tudo, porque nasce do amor de Jesus”,
prosseguiu Francisco. Quando escolhemos a esperança de Jesus, aos poucos
descobrimos que o melhor modo de viver é o da semente, do amor humilde. Não há
outro modo de vencer o mal e dar esperança ao mundo.
Cruz: única lógica que pode vencer o mal
Parece uma lógica falida, porque quem ama perde poder. Já
para nós, possuir sempre nos leva a querer sempre mais. “Quem é voraz jamais
está satisfeito”, recordou o Papa. E Jesus diz de modo claro: “Quem ama a
própria vida a perde”, ou seja: quem ama o próprio e vive por seus interesses,
se enche de si e se perde. Quem ao invés aceita, é disponível e serve os
outros, salva si mesmo e se torna semente de esperança para o mundo.
Contudo, a cruz é uma passagem obrigatória, mas não é a
meta: a meta é a glória, como nos mostra a Páscoa. É como uma mulher que, para
dar à luz, sofre no parto. “É o que fazem as mães: dão outra vida. Sofrem, mas
ficam felizes porque dão outra vida, dão sentido à dor. O amor é o motor que
move a nossa esperança”, repetiu três vezes
Francisco, que concluiu:
Lição de casa: contemplar o Crucifixo
“Queridos irmãos e irmãs, nesses dias deixemo-nos
envolver pelo mistério de Jesus que, como grão de trigo, morrendo nos doa a
vida. Ele é a semente da nossa esperança. Quero lhes dar uma lição de casa: Nos
fará bem contemplar o Crucifixo e dizer-lhe: Contigo nada está perdido. Contigo
posso sempre esperar. Tu és a minha esperança”. E convidou os fiéis a repetirem
a última frase juntos: “Tu és a minha esperança”.
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