Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque
Cerca de 75 mil refugiados e migrantes, entre eles
aproximadamente 24,6 mil crianças, na Grécia, na Bulgária, na Hungria e nos
Balcãs estão em risco de transtornos mentais por estarem vivendo em um estado
prolongado de "limbo".
O alerta é do Fundo das Nações Unidas para a Infância,
Unicef. A diretora regional e coordenadora da agência para a crise de
refugiados e migrantes na Europa, Afshan Khan, chamou a atenção para mulheres e
crianças nesses locais que não veem seus maridos e pais há meses ou até anos.
Reunificação familiar
A maioria dos solicitantes de asilo nesta situação não
sabem quando ou se terão permissão para seguir adiante. A condição é
especialmente difícil para mães sozinhas e crianças sem poder sair da Grécia ou
dos Balcãs, esperando para reunirem-se com parentes em outros países da União
Europeia.
Segundo Khan, o "processo de reunificação familiar é
lento e seu resultado é incerto". Ela alertou que é essa incerteza que
pode causar muita "angústia emocional e ansiedade" a famílias e
crianças.
Em muitos casos, homens adultos são os primeiros a
fazerem a viagem à Europa, com o resto da família seguindo depois.
Processo e fronteiras
No entanto, com o fechamento de fronteiras em 2016 e a
implementação da chamada declaração UE-Turquia, outros integrantes da família
estão sendo retidos em países de trânsito onde devem solicitar a reunificação.
Segundo o Unicef, tipicamente o processo leva entre 10
meses e dois anos. A agência da ONU e seus parceiros na Grécia estão
monitorando a saúde mental e depressão entre mães e crianças nesta situação e
oferecem apoio psicossocial.
Para Afshan Khan, manter as famílias juntas é a melhor
forma de garantir que as crianças estejam protegidas, e por isso, o processo de
reunificação familiar para menores refugiados e migrantes é tão importante.
Números
Em 2016, cerca de 5 mil pedidos de reunificação familiar
foram feitos a partir da Grécia, 700 destes por crianças desacompanhadas ou que
haviam sido separadas de seus responsáveis.
Destes, apenas 1.107 requerentes chegaram a seu país de
destino até o fim do ano.
Enquanto isso, o número de refugiados e migrantes retidos
na Grécia, Hungria e Balcãs continua subindo. Entre março de 2016 e o fim de
abril deste ano houve um aumento de cerca de 60%, de 47 mil para
aproximadamente 80 mil.
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