Cidade do Vaticano (RV) - Os jovens que escolheram seguir o Senhor no caminho do sacerdócio são chamados a cultivar a amizade com Jesus, que se manifesta de modo privilegiado no amor pelos pobres. Foi o que disse o Papa Francisco ao receber em audiência na manhã deste sábado (06/05), na Sala do Consistório, no Vaticano, a Comunidade do Pontifício Seminário Campano de Posillipo – sul da Itália - , ao todo, cerca de 120 pessoas entre estudantes e formadores. Trata-se da comunidade do Pontifício Seminário Inter-regional da Região da Campania, sul da Itália.
Após ressaltar a particularidade do Seminário fundado em
1912 por vontade do Papa São Pio X, ou seja, o fato de ser um caso singular no
atual panorama eclesial italiano – único seminário diocesano na Itália dirigido
pela Companhia de Jesus –, o Santo Padre desenvolveu seu discurso articulado em
três aspectos da formação em vista do presbiterado: a amizade pessoal com o
Senhor Jesus; o discernimento; e o abrir-se sempre mais à dimensão do Reino de
Deus.
Educar segundo o estilo de Santo Ignácio – disse o
Pontífice – significa, sobretudo, favorecer na pessoa a integração harmônica a
partir da centralidade da relação de amizade pessoal com o Senhor Jesus.
Para isso, acrescentou, “é importante conhecer, acolher e
reformar continuamente a própria humanidade. Não cansar-se de seguir adiante,
reformar: sempre em caminho. Nessa direção, também a formação intelectual não
tende a ser o simples aprendizado de noções para tornar-se eruditos – mas vocês
não são um dicionário, eh? –, mas quer favorecer a aquisição de instrumentos
sempre mais refinados para uma leitura crítica da realidade, a partir de si
mesmos”.
Chamar as coisas pelo nome é o primeiro passo para o conhecimento
de si e, por conseguinte, para conhecer a vontade de Deus em nossa vida.
“Queridos seminaristas, não tenham medo de chamar as
coisas pelo nome, de encarar a verdade de suas vocês vidas e de se abrir de
modo transparente e verdadeiro aos outros, sobretudo a seus formadores, fugindo
da tentação do formalismo e do clericalismo, que são a raiz da vida dupla,
sempre.”
O discernimento foi o segundo aspecto ressaltado pelo
Papa. O tempo do seminário é tempo de discernimento por excelência, disse.
“Mas neste tempo o exercício do discernimento deve
tornar-se uma verdadeira arte educativa, para que o sacerdote seja um
verdadeiro ‘homem do discernimento’. Hoje, mais do que nunca, o sacerdote é
chamado a guiar o povo cristão no discernir os sinais dos tempos”, acrescentou.
Para ser especialistas na arte do discernimento é preciso
ter, sobretudo, uma boa familiaridade com a escuta da Palavra de Deus, mas
também um crescente conhecimento de si mesmos, do próprio mundo interior, dos
afetos e dos medos. Para tornar-se homens do discernimento é preciso ser
corajosos, dizer a verdade a si mesmos.
“Educar para o discernimento significa ‘expor-se’, sair
do mundo das próprias convicções e preconceitos para abrir-se a compreender
como Deus nos está falando, hoje, neste momento, neste tempo, neste momento.”
Por fim, afirmou, formar-se para o sacerdócio segundo um
estilo inaciano significa abrir-se sempre à dimensão do Reino de Deus,
cultivando o desejo do “magis”, daquele “mais” na generosidade do doar-nos ao
Senhor e aos irmãos, que sempre estão diante de nós.
Buscar o Reino de Deus significa fugir da lógica da
mediocridade e do “mínimo indispensável”, mas abrir-se para descobrir os
grandes sonhos de Deus para nós. Buscar o Reino significa buscar a justiça de
Deus e trabalhar para que as nossas relações, as comunidades, nossas cidades
sejam transformadas pelo amor misericordioso e justo de Deus, que escuta o
grito dos pobres, disse ainda o Papa Francisco.
“A busca da verdadeira justiça deve estimular no chamado
uma crescente liberdade interior em relação aos bens, aos reconhecimentos deste
mundo, em relação aos afetos e à própria vocação. Liberdade interior em relação
aos bens: quero ressaltar isso. É o primeiro degrau, não é bonito, eh? Não se
esqueçam: o diabo entre pelo bolso, sempre; depois segue a vaidade, e depois o
orgulho, a soberba; e assim vai.”
De fato, os jovens que escolheram seguir o Senhor no
caminho do sacerdócio são chamados a cultivar a amizade com Jesus, que se
manifesta de modo privilegiado no amor pelos pobres, de modo a ser “testemunhas
de pobreza, mediante a simplicidade e austeridade da vida, para tornar-se
sinceros e críveis promotores de uma verdadeira justiça social”, foi a
exortação do Papa Francisco. (RL)
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