Entre os motivos que levaram o juiz federal Vallisney
Souza de Oliveira a decretar a prisão preventiva do ex-ministro Geddel Vieira
Lima, nesta segunda-feira, estão insistentes ligações do peemedebista baiano a
Raquel Albejante Pitta. Mulher do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, preso em
Brasília há um ano, Raquel recebeu 12 telefonemas de Geddel entre os dias 17 de
maio e 1º de junho. Os contatos do ex-ministro, ou “Carainho”, como estava
identificado no celular da mulher de Funaro, eram sondagens sobre a disposição
do operador financeiro em aderir a um acordo de delação premiada com o
Ministério Público Federal.
“Que estranha alguns telefonemas que sua esposa tem
recebido de Geddel Vieira Lima, no sentido de estar sondando qual seria o ânimo
do declarante em relação a fazer um acordo de colaboração premiada”, diz o
relatório do depoimento de Funaro à PF, prestado no dia 2 de junho. A mesma
oitiva explica a inquietação de Geddel com o que Funaro tem a revelar: o
doleiro declarou à PF que intermediou ao ex-ministro 20 milhões de reais em
propina do esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal.
Para Vallisney Oliveira, a pressão do ex-homem-forte do
governo do presidente Michel Temer sobre Raquel Pitta é “fato gravíssimo”,
obstrução de Justiça, e sua conduta poderia “acarretar prejuízo irreparável
para as investigações” da Operação Cui Bono?. “Em liberdade, Geddel, pelas
atitudes que vem tomando recentemente, pode dar continuidade a tentativas de
influenciar testemunhas que irão depor na fase de inquérito”, justificou o
juiz.
Geddel deu início ao monitoramento da Sra. Funaro às
22h59 do dia 17 de maio, poucas horas depois de o jornal O Globo noticiar que o
empresário Joesley Batista fechara um acordo de delação premiada e que, como
prova, apresentara à Procuradoria-Geral da República a gravação de uma conversa
com Temer. Por meio de uma ligação telefônica do aplicativo WhatsApp, o
ex-ministro e Raquel falaram durante um minuto e 56 segundos.
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