Aliados de Michel Temer admitem, em privado, que as
revelações contidas na delação premiada do ex-deputado Eduardo Cunha devem
agravar ainda mais a situação do presidente no Congresso e ampliar as chances
de a Câmara autorizar o Supremo Tribunal
Federal a processá-lo. Seria uma injeção extra de ânimo nos que, na surdina,
trabalham para que Rodrigo Maia ascenda ao Planalto. O problema é que o
horizonte para Maia é igualmente sombrio: assim como Temer, o atual presidente
da Câmara também é citado na delação de Eduardo Cunha – ele aparece, segundo
pessoas próximas ao ex-deputado, como intermediário de interesses empresariais
na máquina pública e destinatário de recursos de origem ilícita.
Na semana passada, o próprio Cunha, da cadeia em
Curitiba, fez questão de mandar o recado para o ex-colega. Por meio de um
interlocutor que foi visitá-lo, Cunha pediu que um amigo em comum dissesse a
Maia que ele estrelará um dos capítulos de sua delação. “Avisa que ele [Maia]
também será lembrado”, pediu Cunha, segundo relatou o interlocutor a VEJA.
Na noite de quarta-feira, enquanto o presidente da Câmara
preparava as malas para embarcar na manhã seguinte para uma viagem oficial de
dois dias à Argentina, um grupo de advogados escalado por Cunha para auxiliá-lo
na negociação da delação dividia a mesa de jantar em Brasília e repassava, um a
um, os principais pontos da proposta de colaboração do ex-deputado. Foi durante
o encontro que um dos presentes recebeu a incumbência de transmitir o recado.
Rodrigo Maia entrou para o caderno de inimigos de Eduardo Cunha durante o
processo que resultou na cassação do peedemebista – ele considerou que o colega
nada fez para ajudá-lo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.