Sebastião Nery
RIO – O progresso nunca vem só. Antes era a imprensa
marrom maculando a comunicação. Mas seu alcance era limitado. De repente as
redes sociais invadiram a vida do cidadão. É preciso resistir para não sermos
absorvidos por elas.
Cada um se sente no direito de ser o jornal de si mesmo.
E vai escrevendo, publicando, dando sua opinião a torto e a direito, sem
controle e sem critério. Quem diz o que quer ouve o que não quer. Daí esta
infinidade de jornais e jornalecos borbulhando online.
Não consultam fontes, não vão as enciclopédias, não leem,
não estudam, não pesquisam. Acham que o que pensam tem que ser ouvido e aceito
pelos outros. É o império da verborreia. Resultado, as escolas foram invadidas
por professores sem aulas.
Depois queixam-se de que o nível de ensino caiu muito.
Não caiu, desabou. A consequência disso na política, então, é devastadora e
aparecem líderes, falsos líderes, liderecos que o povo ouve e começa a seguir.
É o exemplo típico de Lula que se vangloria de não ter estudado, não estudar e
não gostar de quem estudou. É o país das jararacas, só servem para morder e
envenenar.
A consequência disso é uma distorção total da vida
pública.
Em Salvador, o advogado Antonio Pessoa Cardoso, diante da
“delação premiada” de Joesley Batista, foi certeiro:
– “Não se pode aceitar como delator criminoso confesso
que obtém a permissão de autoridades para esmiuçar a vida alheia e “fabricar”
provas com gravações e outras artimanhas com o objetivo exclusivo de livrar-se
de processos e da cadeia. A prova preparada para obter o perdão não condiz com
o sistema legal de delação. A sensação de tornar-se herói no mar de lama que
vivemos permite o uso de todos os recursos”.
Os benefícios exagerados concedidos pela PGR
(Procuradoria Geral da República)e, agora, homologados parcialmente pelo STF,
não são matéria consensual. Alguns ministros do Supremo votaram pelo respeito
legal ao princípio das delações, mas destacaram que, no caso JBS, se sólidas
provas factuais não se sustentarem, a anulação dos benefícios pessoais obtidos
poderá acontecer.
A rigor, na vida republicana brasileira, a corrupção
alastrou-se pelas artérias da nação. E tem na sua estrutura de poder, em todos
os níveis, o principal responsável. É muito mais ampla do que os fatos até
agora investigados vêm comprovando. A aliança de corruptores e corruptos no
Brasil não mais é fato recente. O dinheiro público foi drenado e assaltado em
velocidade de “fórmula 1”. Grupos oportunistas apelidados de campeões nacionais
do desenvolvimento deitaram e rolaram. Quem não se lembra de Eike Batista, que
queria ser o homem mais rico do mundo? Suas empresas viraram pó e atualmente
cumpre prisão domiciliar.
Os outros Batistas, os irmãos Joesley e Wesley, montaram
a maior empresa do mundo em proteína animal, com dinheiro público. De média
empresa em 2003, a JBS em 2006 já faturava R$ 4 bilhões. Graças ao
financiamento público em escala incontrolável e sociedade com o BNDES.
Com os bilhões que acumulam os corruptos põem a seu
serviço exércitos de falsos jornalistas escondidos atrás de redes sociais. São
os filhos da imprensa marrom.
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