Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.
Um relatório conjunto da Organização Mundial da Saúde,
OMS, e do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, mostrou que 2,1
bilhões de pessoas no mundo não têm acesso seguro à água.
A ONU News conversou com relator das Nações Unidas para o
direito humano à água e ao saneamento. De Belo Horizonte, Leo Heller falou
sobre este que é o primeiro relatório sobre o assunto na "era dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs".
Critério rigoroso
Segundo Heller, a expectativa era grande para saber como
o início desde período se compara com o fim do período dos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio, em 2015. O relator afirmou que a "definição de
acesso à água e acesso ao esgotamento sanitário dos ODSs é muito mais
rigorosa" que dos ODM.
"Então é exatamente isso que o relatório revela.
Usando uma definição mais rigorosa, os números do déficit são muito maiores.
Então, 2,1 bilhões, 2,2 bilhões de pessoas sem o que se chama acesso seguro à água
é muito maior do que os números que circulavam no final dos ODM, que eram em
torno de 800 milhões de pessoas sem acesso a sistemas melhorados de água.
Então, a definição mudou. No caso do esgotamento sanitário, a situação é muito
mais dramática."
Segundo o relatório, o número de pessoas no mundo sem
acesso a saneamento gerenciado de forma segura é de 4,5 bilhões.
Brasil, Moçambique e Portugal
O relator da ONU falou ainda sobre a situação do
esgotamento sanitário nos países de língua portuguesa. Segundo ele, em geral,
em todos os países houve uma queda do percentual da população com acesso
considerado adequado devido à mudança na definição.
"Os dados do relatório apontam que 62% da população
de Portugal tem acesso seguro ao esgotamento sanitário. O que é um valor baixo
considerando que Portugal é um país assumido como desenvolvido, europeu, que
avançou muito nas últimas décadas na implantação de infraestrutura. Eu fiz uma
visita a Portugal em dezembro do ano passado e vi que a infraestrutura é muito
avançada, mas persistem alguns problemas. No Brasil, o número é de 39%, então,
muito inferior. No Brasil ainda teria 60% da população a ser atendida."
Segundo o relator, em Moçambique, "não há
estatísticas que permitam avaliar a proporção da população com saneamento
seguro". Leo Heller citou um dado mostrando que o acesso a saneamento
básico, "uma definição menos exigente", seria de 24% no país lusófono africano.
Acesso seguro
Léo Heller. Foto: ONU News (arquivo)
De acordo com Heller, usando a definição de "saneamento
seguro", este valor "certamente seria inferior". Na entrevista à
ONU News, o relator explicou este critério.
"Seguro significa que o esgoto é afastado de próximo
à moradia, mas ao mesmo tempo ele é tratado antes do lançamento no ambiente.
Isso pode se dar através de redes de coleta e tratamento de esgoto, mas também
através de fossas seguras que são colocadas junto às casas, as chamadas fossas
sépticas. Então, outras soluções diferentes dessas ou redes de esgoto que não
tem o tratamento do esgoto não estão incluídas nessa definição."
Para o relator da ONU, os números revelam o "tamanho
do desafio" para o alcance dos ODSs no setor que é o acesso de todos a
sistemas seguros de água e esgotamento sanitário até 2030.
Em 2018, o Brasil sediará o 8º Fórum Mudial da Água, que
será realizado entre 18 e 23 de março, em Brasília.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.