Leiam o texto publicado hoje no site da Câmara Municipal
de Curitiba, inclusive com vídeo...
Na Tribuna Livre, pai de aluna denuncia doutrinação
A Tribuna Livre da sessão desta quarta-feira (23) da
Câmara de Curitiba recebeu apoiadores do projeto que pretende implantar na rede
municipal de ensino o programa Escola Sem Partido. A iniciativa foi do vereador
Osias Moares, que assina a proposta de lei (005.00275.2017) com Ezequias Barros
(PRP) e Thiago Ferro (PSDB). A palavra foi cedida a Adriel Monteiro, pai de uma
estudante de um colégio estadual que teria sido vítima de doutrinação,
“ridicularizada” e “humilhada” por um professor, em sala de aula.
Segundo Monteiro, ele não poderia abordar detalhes por
orientação de seu advogado. Para ele, a situação ocorrida é “normal dentro das
escolas de nosso país, privilegiando certa posição política” e “não há espaço
ao contraditório em sala de aula”. A estudante, afirmou, “constantemente vinha
reclamando deste tipo de ofensa, principalmente de professores de Humanas”.
“Hoje existem celulares e estamos entulhando a internet de provas”, completou.
Sobre o caso que teria sido registrado por sua filha e
denunciado ao movimento Escola Sem Partido, o convidado da Tribuna Livre
declarou que foi aberto um processo administrativo. “Tive acesso à gravação e
inicialmente me apavorei, não sabia a quem recorrer. Eu ouvia que a Secretaria
de Educação do Paraná abafa todas as denúncias”, apontou. De acordo com
Monteiro, sua filha teria sido “afrontada” pelo professor por se opor “ao
método que as feministas utilizam de tirar o sutiã e queimar, aquela baixaria”.
“Isto não é direito, não é ético. Se apegam à tolerância, à diversidade sexual,
à paz e ao amor, mas a mesma pessoa quer esmagar a pluralidade política, no
mesmo ambiente”, continuou.
Na avaliação do pai, “quem educa sou eu e ponto final” e
não é “razoável” negar a existência de doutrinação nas escolas. Outro argumento
apresentado por Monteiro é que o professor da rede pública é um “representante
do Estado” e que “apresentar única versão de fato histórico”, “ofender o aluno
e sua família”, “cooptar o aluno a panfletar a seu sindicato” e “desqualificar
o contraditório” são situações que não representam ensinar.
Para ele, existem
“militantes que se apoderaram dos órgãos públicos de ensino deste país”.
Monteiro sugeriu aos pais que orientem seus filhos a filmarem doutrinações ou
humilhações em sala de aula, e afirmou que o movimento Escola Sem Partido irá
“acolhê-los”. “Saibam ouvir, senhores, nós confiamos em vocês”, pediu aos
vereadores. “Este assunto não finaliza aqui, nós não vamos recuar um único
passo. É daqui para a frente.”
Contrapontos
Primeiro inscrito nas considerações dos vereadores, Goura
(PDT) apontou a liminar do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal
Federal (STF), para suspender dispositivo de lei de Paranaguá (PR) que proíbe o
ensino de gênero e orientação sexual. Segundo o artigo 2º do projeto em
tramitação no Legislativo de Curitiba, “o poder público não se envolverá na
orientação sexual dos alunos nem permitirá qualquer prática capaz de
comprometer o desenvolvimento de sua personalidade em harmonia com a respectiva
identidade biológica de sexo, sendo vedada, especialmente, a aplicação dos
postulados da teoria ou ideologia de gênero”.
A restrição, continuou o vereador, pode contribuir para
“perpetuar a violência”. Ele questionou Monteiro se este seria o principal
problema “neste grave momento da vida nacional [em relação ao governo
federal]”. O convidado rebateu que a fala não teria “pertinência”: “Eu falei de
proselitismo partidário, o senhor ouviu?”. “Eu achei que o senhor viria para
discutir o projeto”, disse Goura, na “tréplica”.
Servidor da rede estadual de educação, Professor Silberto
(PMDB) avaliou que pela fala de Monteiro a direção da escola, não identificada,
pode ter adotado um “encaminhamento errôneo”. Para ele, já existem mecanismos
legais para coibir abusos em sala de aula, como a Lei de Diretrizes e Bases
(LDB). “O professor ficará muito preocupado com suas ações [com a lei da Escola
Sem Partido] e talvez deixará de desenvolver funções de orientação. Eu falo do
professor, que tem responsabilidade”, acrescentou. “Me estranha um educador se
opor a isso. Se não houvesse abuso não precisaria. O professor que cumpre seus
deveres não deveria se preocupar [com o projeto]”, respondeu Monteiro.
Professor Euler (PSD) voltou a se posicionar contra a
doutrinação, mas também defendeu que já existem medidas administrativas para
coibir o problema. “Concordando ou não, sempre sou favorável à discussão. Fico
constrangido como professor de saber que sua filha sofreu este tipo de
constrangimento em sala de aula. Mas levanto a seguinte questão… o policial que
se associa a bandido não é policial, é bandido”, citou. “Outra coisa importante
é a neutralidade. A pessoa que julga também é neutra? Precisamos de uma lei
para dizer que não se pode ultrapassar o sinal vermelho? Se há 150 anos um
professor falasse que escravidão era errada seria julgado como doutrinador.”
Euler continuou que o artigo 205 da Constituição Federal
aponta que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade”. Para ele, o Estado vir
antes “não é à toa”. Monteiro respondeu que “discordar é saudável”, desde que
“não agrida ninguém”, e agradeceu a participação do vereador no debate.
Apoio à ESP
Na apresentação da Tribuna Livre, o propositor, Osias
Moraes, apresentou o projeto – que, segundo ele, tem como objetivo principal a
afixação do cartaz previsto do anexo único à matéria. “O debate é muito
importante. Este é um dos e-mails que recebi de um aluno, do Colégio Estadual
Hasdrubal Bellegard, o qual foi chamado de anarquista e ridicularizado em sala
de aula. Não podemos fazer vista grossa como parlamentares, como homens
públicos, para o que está acontecendo nas escolas”, sustentou.
“Estamos dizendo não ao ensino de gênero, não à
doutrinação”, acrescentou Ezequias Barros, que parabenizou Monteiro pela
“coragem” de vir à Câmara de Curitiba denunciar o caso. Ele afirmou que a lei
de Paranaguá foi questionada no STF devido a um “erro na composição” da norma.
Thiago Ferro disse que seu gabinete e dos coautores do
projeto de lei “estão abertos” para novas denúncias de pais. “Poucos dias
atrás, de maneira mentirosa, um veículo de comunicação falou que eu havia ido à
Secretaria [Municipal] de Educação pelo projeto da Turma da Mônica, que tenho
defendido desde o início de meu mandato”, declarou o vereador. De acordo com
ele, a consequência do que classificou como uma “falácia” foi a saída da
criança da escola municipal, localizada na Vila Guaíra.
Ferro complementou que a diretora e a pedagoga “gritaram
com a mãe”. O vereador foi respondido pela educadora e psicóloga Deuza Avellar:
“Costumo dizer que a infância é muito frágil para ser negligenciada e
doutrinada”. Na avaliação dela, a “doutrinação política é perigosa” e colocaria
as crianças sob “angústia”. “Nós somos responsáveis por cada informação que passamos
a cada criança.” Para ela, “se a existência das leis [já em vigor] protegessem
nossas crianças não estaríamos sendo abarrotados de pedidos de socorro”.
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