O comandante da FAB (Força Aérea Brasileira), tenente-brigadeiro do ar Nivaldo Luiz Rossato, afirmou que estão faltando recursos para a realização de voos frequentes de abastecimento destinados a pelotões especiais de fronteira do Exército, isolados em áreas remotas do Brasil.
Os voos de apoio da FAB para bases do Exército na
fronteira servem para levar comida, gás de cozinha, combustível, munições e
outros itens básicos para guarnições isoladas na selva amazônica. Quando esses
voos não são frequentes, o suprimento dos militares depende de pequenos
comboios que seguem em pequenos barcos ou a pé pela selva em viagens que duram
vários dias.
“Nós estamos voando 120 mil horas [por ano] e já voamos
200 mil horas. Temos uma grande quantidade de pilotos fora do voo por falta de
recursos”, disse Rossato em entrevista ao UOL durante o Segundo Encontro
Internacional Sobre Financiamento de Projetos de Defesa, em São Paulo.
Nos últimos cinco anos, as Forças Armadas sofreram com
cortes de mais de 40% em seus orçamentos.
Segundo o comandante da FAB, além de não conseguir voar
semanalmente para os 24 pelotões de fronteira do Exército na região amazônica,
ainda haveria falta de recursos para levar suprimentos para bases militares em
Porto Velho (RO), Boa Vista (RR), Manaus (AM), Belém (PA).
“Aquele militar que está a 2 mil quilômetros, a 3 mil
quilômetros [dos centros urbanos], se ele tivesse toda a semana um avião
pequeno o atendendo, ele ficaria feliz da vida. Se rareia isso é preciso ir de
barco, o que dificulta o trabalho. Queríamos atendê-los com muito mais
frequência”, disse.
Os pelotões de fronteira são muitas vezes a única
representação do Estado brasileiro em regiões remotas de selva. A função deles
é proteger a fronteira de ameaças externas e combater o tráfico de armas de
drogas.
Voos de apoio para a reconstrução da base da Marinha no
continente Antártico também estariam sendo afetados.
O comandante afirmou que a FAB vai propor ao Ministério
da Defesa que antecipe a disponibilização de recursos para atender o Exército e
a Marinha. A FAB afirmou que a proposta ainda não foi formalizada e a pasta
deve se manifestar sobre a ideia após analisá-la.
Reestruturação
Rossato também disse que a FAB está apostando em recursos
de tecnologia da informação e na contratação de militares temporários para
tentar fechar até 25 mil vagas nos próximos 20 anos. Hoje a Força Aérea tem
cerca de 70 mil militares.
Ele afirmou, porém, que o processo de reestruturação da
Aeronáutica não está relacionado aos cortes de orçamento nas Forças Armadas.
A redução de tamanho da FAB, que começou em 2015, está
relacionada às novas características da aviação, que necessitaria mais de alta
tecnologia do que de pessoal.
Bases aéreas antigamente necessárias para proteger todo o
território nacional estão sendo fechadas. Isso porque os aviões modernos têm
velocidade e autonomia de voo para para atingir regiões distantes sem bases de
apoio.
“Mas nós não vamos demitir ninguém, nós deixamos de
ingressar gente nova na Força Aérea e colocamos pessoal temporário”, disse o
comandante. As escolas de formação da Aeronáutica estão tentando reduzir pela
metade o número de alunos.
Segundo ele, enquanto isso os oficiais de carreira vão se
aposentando naturalmente. Muitos postos vão então sendo substituídos por vagas
de oficiais temporários.
“Temos engenheiros, médicos, dentistas, comunicadores,
todo o tipo de especialização. Esse pessoal entra e permanece por até oito
anos. Eles já vêm prontos do mercado e crescem profissionalmente”. Outro fator
de redução de custos é que a FAB não precisa pagar pensões aos temporários.
Questionado se isso não reduz a capacidade da Força
Aérea, Rossato disse que não. Segundo ele, a economia de recursos poderia ser
usada para outros destinos, se isso for autorizado pelo Legislativo.
FONTE: UOL Notícias
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