sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Quando a alma vence a barreira da matéria


Adilson Motta de Santana






A alma sempre foi objeto de muitas reflexões desde a Antiguidade. O ser humano em geral sempre foi atraído pelo desejo de desvendar os segredos mais íntimos que povoam a alma, sem conseguir, contudo, sair da superfície do conhecimento quanto às estruturas que a compõem.

O Espírito humano carrega no íntimo toda a sua história, conteúdos a maior parte desconhecidos ou não lembrados no estado de vigília. São alegrias e tristezas, dores e superações, vitórias e derrotas que representam as suas experiências e que servem de base para os direcionamentos futuros. Em muitos momentos amou, sentiu raiva, aprendeu, ensinou, sorriu e chorou, experimentando emoções e situações diversas, atravessando séculos e culturas, ora no mundo físico, ora no mundo espiritual, feito viajante do infinito que algo procura sem saber direito o que, nem onde encontrar.

Quem pode afirmar que conhece todos os recantos do seu próprio ser? É uma procura inglória e frustrante, infindável e sem resultados absolutos, pois provavelmente jamais conseguiremos alcançar toda a profundidade do que somos e do que carregamos na alma. Nas experiências realizadas com indivíduos em estado de sonambulismo magnético, vez ou outra o sujet deixa entrever algo que lhe perpassa na intimidade, que vem à tona revelando pequenos detalhes sobre o que ele é ou já foi. Na emancipação da alma, o Espírito deixa o corpo temporariamente e revive situações em que assuntos não completamente resolvidos muitas vezes machucam, angustiam, fazem-no sofrer em silêncio. De outras vezes revelam uma potencialidade desconhecida que é toldada pela densidade da matéria e pela rotina de vida.

É o momento em que acontece a catarse, a drenagem de toda a dor represada que irrompe em lágrimas de alívio e ao mesmo tempo de conscientização de que há algo por fazer e que não pode permanecer debaixo do tapete. Por isso é prudente resolvermos as questões da nossa vida, pois não podemos nos esconder de Deus, nem de nós mesmos. Mais cedo ou mais tarde somos chamados a prestar contas dos nossos feitos e aquilo que ficou incompleto precisa ser concluído.

Jaz no fundo do ser, aguardando a nossa decisão de fazer uma limpeza, material dessa e de outras vidas ainda não resolvido. Ao mesmo tempo, um poder divino vive em nós capaz de nos arrebatar das profundezas da inferioridade lançando-nos a caminho da eternidade.

Fora do corpo físico a alma se reconhece melhor com suas virtudes e defeitos, conhece a força e as fraquezas que carrega, percebe com mais clareza os pontos em que necessita se corrigir e aqueles nos quais pode se apoiar para fomentar novas conquistas. Pode lembrar do passado e preparar o futuro, adquirir novas forças e reforçar os compromissos assumidos.

Crescer sempre, esse o lema da vida que por mecanismos divinos nos impulsiona a todo instante para a frente como uma imensa roda que gira sem parar. E quando permanecemos estacionados, seja por falta de ânimo ou por deixar-nos enredar nas correntes dos remorsos e das culpas, acabamos presos na nossa própria dor, retornando continuamente ao mesmo ponto de partida.

Adilson Motta de Santana é escritor e palestrante espírita

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