Dom José Alberto Moura
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
Às vezes ficamos interrogando: será que o povo tem dono?
Pois, há os que o manipulam política, econômica e até religiosamente. Há lugares em que os ditadores proíbem isso
ou aquilo. Querem interferir na vida pessoal dos cidadãos e até na sua
religião. Há os que confundem separação de religião e Estado, dizendo que o
Estado é laico, e isso é verdade; mas se esquecem que o povo é religioso e ele
é que elege o Governo para ajudar o Estado a servir o mesmo povo. A laicidade
não é proibir algo religioso, mas o não dever de pautar-se por uma determinada
religião.
Os pais não são donos dos filhos e também os cônjuges não
são donos um do outro. Nós não somos donos de nós mesmos. Por isso é que não
podemos tirar nossa própria vida. Deus é quem é dono de nossa existência. Ele
no-la concedeu para dela cuidarmos enquanto estivermos aqui na terra. Vamos
prestar contas a Ele do que fizemos dela. Se a utilizarmos realizando o que Ele
nos propõe, teremos o resultado melhor possível. Ele nos recompensará pelo
esforço de fazermos somente o bem.
Reconhecer o senhorio divino em nossa existência é deixar
que Ele nos oriente. Suas coordenadas são percebidas por nós já na ordem
natural, em que percebemos as oportunidades de existir, de praticarmos a
justiça e a solidariedade. Reconhecemos que tantas pessoas nos ajudaram desde o
ventre materno, porque reconhecem a Providência divina, que nos dá oportunidade
de realizar o bem e ter boa convivência na fraternidade. Não fossem as pessoas
de bem, o planeta já teria se explodido!
Percebemos ainda a grandeza de Deus através de tantas
graças sobrenaturais dele em relação a nós, como a superação de males físicos,
morais e espirituais. Ele nos favorece com o perdão dos erros, com atenção às
nossas súplicas, a orientação de sua Palavra, a ajuda de apoio moral de tantas
pessoas, o dom da fé, a superação de tantos males... Paulo lembra a ação do
Espírito Santo em nossa vida, que “atua abundantemente em nosso favor” (1
Tessalonicenses 1,5).
Alguns fariseus quiseram colocar Jesus em aperto, para
ver se ele se sairia bem de um seu questionamento: se eles deveriam pagar
imposto ou não ao imperador romano. Ele pediu para lhe mostrarem a moeda e
perguntou sobre a figura impressa na mesma. Como disseram que era a do
imperador César, Ele disse que se deveria dar ao imperador o que era dele e a
Deus o que é de Deus (Cf. Mateus 22,17-21). Se, de fato, o ser humano desse a
Deus o que lhe é devido, teríamos tudo para a convivência adequada no nosso
planeta. Devemos obediência a Deus. Com ela faríamos somente o que bom e
agradável a seus olhos. Deus só quer e nos indica o melhor para nós
mesmos. Felizes seremos se sempre
seguirmos o que Ele, que é nosso Senhor, nos mostra através de seu Filho. Por
sua vez, Jesus mesmo nos apresenta que Ele é o caminho. Seguindo-O, fazemos o
melhor para nós e para todos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.