Jorge Oliveira
Barra de São Miguel, AL- O marqueteiro Renato Pereira
detonou o PMDB fluminense. Não sobrou um só dos seus clientes que ele tenha
poupado para se salvar da cadeia. Entregou também os amigos de quem foi sócio
nas campanhas de Cabral, Pezão e Eduardo Paes. Desses políticos, Pereira não só
recebeu milhões de reais durante as eleições como prestou serviço ao governo em
conluio com as agências de propaganda. Ou seja: Renato Pereira foi um dos
artífices de toda bandidagem que se instalou no Rio para roubar o dinheiro da
população. Flagrado, fez acordo de delação, mas o ministro do STF, Ricardo
Lewandowski, desfez o acerto entre ele e o Ministério Público. Agora o
marqueteiro corre o risco de passar um bocado de tempo no xadrez se for
condenado.
Com as últimas noticias que envolvem o presidente da Assembleia Legislativa Jorge Picciani (PMDB) e seus filhos em lavagem de dinheiro, conclui-se que durante vinte anos, o Rio foi administrado por uma quadrilha formada pelos conselheiros do Tribunal de Contas, pela Alerj, políticos, governos estaduais e municipais. E mais uma vez o PMDB é o protagonista dessas ações nefastas contra a população. Diante desses escândalos, sabe-se agora porque muitos desses políticos eram eleitos e reeleitos nas eleições. O dinheiro jorrava fácil, pois quase todos trabalhavam contra a população fazendo acordos espúrios com donos de ônibus para não aumentar as tarifas e com todo tipo de meliante que tinha interesse em se aliar aos bandidos chefiados por Cabral e sua gang.
Pereira, durante muito tempo, não foi apenas marqueteiro
dessa gente. Ele se juntou à quadrilha para arrombar os cofres públicos.
Confessou que mantinha contratos pessoais com o governo e tinha participação
nos acordos que fazia com as agências de publicidade. As cifras saltam aos
olhos: mais de 300 milhões de reais chegaram aos seus bolsos e dos seus
comparsas na roubalheira desenfreada do dinheiro público.
Ao se sentir acuado foi o primeiro a acenar com a delação
premiada. Como Ministério Público tinha interesse em emparedar o PMDB decidiu,
a exemplo dos irmãos Batista, atenuar a pena de Pereira. Foi sugerido a ele uma
pena de quatro anos com total regalia. Por apenas um ano, Pereira teria que ir
ao presídio à noite para dormir. Os outros três anos, ele ficaria em casa e na
rua com autorização para fazer viagens nacionais e internacionais. Ora, para
quem se beneficiou com os milhões de reais roubados, a pena era mais um prêmio
do que um castigo.
Lewandowski viu nesse acordo do Ministério Público um
crime de lesa pátria, por isso não o homologou. Quer saber mais detalhes, quer
mais informações e quer, sobretudo, saber por que tanta brandura com quem foi
um dos principais autores da maior organização criminosa do Rio. Pela delação
de Pereira, não há mais duvidas quanto à sua participação ativa dentro da
quadrilha. Todo dinheiro do marketing de campanha e da publicidade do governo e
do município passava por suas mãos e ia para as dos outros comparsas da
publicidade que topavam esse tipo de acordo espúrio contra as finanças do
estado.
O ministro do STF agiu certo quando devolveu os papéis da
delação premiada de Renato Pereira. Atende, com isso, ao clamor dos indignados
que não aceitam mais esse tipo de conchavo, onde o delinquente é recompensado
pelo crime que cometeu apenas por dizer quem são os larápios com quem estava se
acumpliciando com os seus atos. Essa benevolência do Ministério Público com
alguns delatores está chamando a atenção do STF desde o acordo feito com os
irmãos Batista que tiveram seus crimes imputados por Rodrigo Janot. O tribunal
desfez a negociata e eles agora estão presos para responder por todos os crimes
financeiros que cometeram contra os órgãos públicos.
Renato Pereira já estava comemorando a pena branda
oferecida pelo Ministério Público por sua delação, pois até viajar para o
exterior lhe era permitido. No momento vive a incerteza do que pode acontecer
com a sua vida ao se submeter a novos interrogatórios que vão revelar, de
verdade, o tamanho do seu crime e da sua participação com a quadrilha dos
políticos cariocas.
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