sábado, 16 de dezembro de 2017

PRENDE O HOMEM


José Mauricio de Barcellos


Em 24 de janeiro de 2018, a 8ª Turma do Tribunal Federal da 4ª Região julgará, em grau de recurso, a ação penal do ex-presidente Luiz Inácio, como incurso nos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Penso que a pena de nove anos e meio a que já foi condenado será elevada para mais de 15 anos e que a Corte decretará sua prisão imediata. Considerando o entendimento muitas vezes exposto por aquele órgão julgador e os antecedentes do respectivo caso, surpreendente será se fixar algo diferente.

Talvez por isso mesmo esteja se tentando criar através da grande imprensa uma falsa aura de relevância ou de perplexidade quanto à prisão iminente do ex-presidente. São ardilosas conjecturas que vêm falando de uma grande comoção social ou de um levante popular, sem mencionar algumas menções às graves repercussões na vida nacional. Desconsiderando tolas ameaças e conhecidas bravatas que advêm da esquerda delinquente e sopesando tudo com tranquilidade e isenção, se concluirá que, no momento atual, não ocorrerá nem uma coisa nem outra.

O Brasil já condenou esse que foi o maior e o mais petulante ladrão de dinheiro público da história contemporânea e, além disso, a gentalha de Lula e Dilma não tem dinheiro para mobilizar a massa de tolos ou ladinos que sempre cooptaram ao preço de um sanduiche. Sustento isto por dois motivos, quais sejam, a atuação da “Operação Lava, Jato” que prendeu os megacorruptores e o arraso dos cofres do dinheiro sujo do PT, das pútridas entidades sindicais e dos celerados movimentos sociais. Até o enorme contingente de cativos das bolsas esmolas sabe que o que o petista deu com uma mão e com a outra retirou muito mais, para si e sua quadrilha.

A prisão de Lula não trará maiores complicações. Nunca mais haverá a enorme comoção nacional que o País viveu, por exemplo, por conta da perda de um presidente da república em 24 de agosto de 1954, com o suicídio de Getúlio Vargas.

De ditador a presidente, Vargas foi combatido até a morte, mas mesmo seus mais ferrenhos inimigos que o acusavam de leniente e tudo o mais, nunca lhe chamaram de ladrão. Seria um insulto ao povo de quem “ele disse ter sido escravo” e à memória da nossa sociedade pretender comparar Lula a Getúlio ou os dois momentos pelos quais foram retirados da vida pública. Como ficou escrito em sua “Carta Testamento”, Getúlio “serenamente saiu da vida para entrar na história” como seu grande líder popular e pai dos pobres. O “Analfa de Garanhuns”, por sua vez, sai como chefe de quadrilha e um patife inescrupuloso que nem a imagem da própria esposa preservou para poder tentar se beneficiar politicamente.

A condenação do ex-presidente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro é novidade no Brasil, mas não no mundo. Nos últimos vinte anos, mais de trinta mandatários de diversos países forma colocados atrás das grades,

Aqui, por razões de ordem política (um por corrupção) cinco presidentes foram presos: Hermes da Fonseca, Washington Luís, Arhur Bernardes, Café Filho e Juscelino Kubitschek.

Relativamente aos casos daqueles dirigentes, o que mais se assemelha ao do petista sem verniz foi o do presidente Kubitschek que acabou encarcerado em 1964, acusado de ser dono de um apartamento de luxo na orla mais valorizada do Rio de Janeiro, registrado em nome de um amigo.

Isso mesmo. Dentre muitas falcatruas e desvios administrativos apurados durante o mandato de Juscelino tornou-se público outro que o levou para a cadeia.  Provou-se que, ao deixar a presidência da Republica, ele foi morar num apartamento, novinho em folha, na Av. Vieira Souto, de frente para praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, construído por uma empreiteira beneficiada no seu governo. O projeto foi do comunista Oscar Niemeyer, que nada cobrou pelo serviço. Tal como no caso do tríplex do Guarujá, muitas vezes o ex-presidente e sua mulher Sarah Kubitschek visitaram o apartamento em construção e exigiram alterações da planta original. Na época noticiou a imprensa que o imóvel possuía 1400 metros quadrados e estava em nome de uma empresa controlada pelo banqueiro Sebastião Paes de Almeida, multimilionário amigo de Juscelino, em cujo governo havia sido ministro da Fazenda. Como se vê, é possível comparar o condenado Lula da Silva a seus antecessores na Presidência da República apenas em face de mal feitos ou falcatruas. No resto ele é pior - muito pior - e a bem dizer nem chegou a ser coisa alguma, só um criminoso comum ou rufião da causa pública.

No plano internacional, dentre muitas repercutiram as seguintes prisões de presidentes ou de primeiros ministros: de Park Geun-hye na Coreia do Sul por extorsão e abuso de poder; de Carlos Menem na Argentina; de José Sócrates primeiro ministro de Portugal; de Hosni Mubarak no Egito; de Fujimori no Peru; no Paquistão, na Guatemala, no Chile, sem falar na cadeia de Jacques Chirac na França e a de Silvio Berlusconi na Itália. Tudo isso aconteceu e inobstante as diferenças culturais, de índole e formação do povo, nenhum daqueles países pegou fogo ou virou o caos, muito pelo contrário avançaram e progrediram muito.

Não haverá forte impacto tanto no plano interno quanto perante o Mundo se esse cidadão que a imprensa internacional já classificou como o governante mais corrupto da história contemporânea vier a ser preso. Pouco se me dá se ele bravateia que vai incendiar o País quando colocado na “tranca dura”. Acho que nem que se incendeie em praça pública logrará que o fato repercute por mais que alguns dias.

Não me preocupo se Lula vai para a cadeia, me preocupo se ele, por fás ou por nefas, for condenado e ficar solto por aí desafiando e debochando de todos nós, isto sim. Os mais de sessenta por cento da população que o rejeitam, isto é, o cidadão de bem de um modo geral entenderá que faltou coragem e independência ao Judiciário ou ainda que há mesmo, no Brasil, alguém acima da Lei. Depois de tudo que se tornou público e notório que nem de provas precisa mais, o povão não quer saber de explicações técnicas, jurídicas ou ideológicas que possam manter o petista fora das grades. Sabe que todo condenado deve ser preso (nem que depois acabe solto) e é tudo. São dos desvalidos e dos mais humildes que tenho escutado: “quero ver se vão prender mesmo é o Lula, depois de tudo que fez” ou então o seguinte: “condenado ele está, mas vai ser preso?”

Este cidadão obteve do Brasil talvez a maior oportunidade que uma sociedade tenha dado a um ladino rastaquera do seu quilate. Ele traiu a todos e envergonhou nossa Pátria perante o Mundo. Seu legado de caos e desespero poucas vezes se viu na história recente da humanidade. Pagamos e estamos pagando alto preço por tudo isso. Prender este homem se impõe para que a Nação desonrada possa virar esta triste página e se reerguer orgulhosa novamente.

José Mauricio de Barcellos, ex-Consultor Jurídico da CPRM-MME é advogado

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.

Busca