domingo, 25 de fevereiro de 2018

As coisas boas da Baixada Maranhense: São muitas... Em Matinha tem a Bolachinha de Lauro, um patrimônio matinhense...

Li, na manhã de hoje, uma bela crônica de lá de  Matinha, sobre a bolachinha de Lauro: Uma história que revela... Nem vou dizer... Uma linda história de um patrimônio matinhense:  Bolachinha de Lauro..

É uma crônica de João Carlos da Silva Costa Leite, filho de Matinha.

Leiam:

A Bolachinha de Lauro, um patrimônio matinhense




João Carlos da Silva Costa Leite

Dos inúmeros bens e talentos de Matinha, no âmbito cultural, artístico, literário, gastronômico e outros, um se destaca de forma unânime: a bolachinha de Lauro. Dez em cada dez matinhenses sentem prazer em degustar esse biscoito redondo, assado no forno com banha de porco, que já se tornou célebre para além das fronteiras da nossa terra.

Meu irmão mais velho, filho do primeiro casamento de papai com Estefânia, uma moça do povoado de Santa Vitória, que faleceu de parto do seu terceiro filho, Lauro Costa Leite, está hoje com 71 anos. Desde criança exerce essa atividade, começou o oficio na padaria de seu Miguel Brito, ao lado de Chengo e Patachita, dois renomados oficiais dessa milenar arte, depois foi trabalhar com Edson de Mundico Lima, o “seu Ed”. Quando Edson mudou-se para São Luís, Lauro resolveu assumir o negócio, e constituiu uma panificadora na sua própria residência.

Padeiro de reconhecida competência e valor, desde bem pequeno. Eu o conheci, madrugada adentro, fabricando pães, não lembro de tê-lo visto em outra profissão. Aos finais de semana gostava de caçar, numa espécie de hobby. Quantas vezes chegava lá em casa com tatus, pacas, cutias, siriquaras, juritis, perdizes, nambus, carões, etc.. (Nessa época ainda não havia a pressão ecológica quanto ao hábito de caçar, que existe hoje). Lauro era meu herói, eu o admirava e almejava ser como ele. Fazia tudo eximiamente, preparava pães, bolachas de febre, roscas, bolachinhas, caçava, pescava, mexia farinha, jogava futebol.  Enfim, um artista, ao meu olhar fascinado de irmão mais novo, sem contar o fato de ser extremamente namorador.

Oportuno se torna dizer, que meu irmão quando do segundo casamento de papai, tornou-se filho de Maria de Lola, nossa mãe, a quem amava e era amado com a mesma intensidade. Casou-se com Maria Francisca Soares Leite, a Maricota, tiveram quatro filhos.

Na década de noventa existiam apenas duas padarias na cidade: a padaria de Benedito de João Lima e a de Lauro. A “bolachinha de Lauro”, como ficou conhecida essa apetitosa guloseima de trigo, temperada com banha de porco, segundo ele, colocada primeiramente de modo casual, e depois fundamental na receita, tem um peculiar sabor, quando quebrada pelos dentes, faz um singular barulho, que atua diretamente às glândulas gustativas, possibilitando, produzindo, uma indizível, inesquecível sensação de prazer.

Hoje a “bolachinha de Lauro” virou paixão de todos os matinhenses, já extrapolando as fronteiras da cidade e do Maranhão. Qualquer evento, reunião, vernissage, ocorridos no município, necessariamente precisam tê-las para degustação durante os coffee breaks. Representantes da Igreja Presbiteriana Independente, quando em reuniões, ou presbitérios, sempre nos exigem a presença dessa iguaria.

Todas as vezes que vou a Matinha, sou instado, cobrado, intimado a trazer essas notórias iguarias a pessoas da igreja ou do movimento político e sindical. Temos amigos em Belém, Rio de Janeiro, São Paulo, que fazem o mesmo pedido, além de matinhense que ali residem, e fazem questão de colocarem-nas em suas bagagens, para deleite próprio, bem como presentearem a parentes e conhecidos. É comum vermos baixadeiros ou turistas, das cidades circunvizinhas a Matinha, que em viagem para São Luís, via MA 014, encostam na padaria, para adquirir os petiscos.

Em suma a fama das “bolachinhas de Lauro” é inconteste, uma unanimidade que ultrapassa qualquer princípio, credo, tendência ou ala política, fator muito forte em nossa terra. Parte desta notoriedade deve-se a meu juízo, a Cláudio César, o seu segundo filho, falecido recentemente, que soube conduzir a fabricação das bolachas, de forma profissional, mais apurada, sintetizando e divulgando intensamente seu excelente conceito e tradição, de sorte que as “bolachinhas de Lauro” são hoje patrimônio dos matinhenses e orgulho de todos nós, seus familiares e amigos.

Texto de João Carlos da Silva Costa Leite, membro da Academia Matinhense de Ciências, Artes e Letras (AMCAL), do Fórum em Defesa da Baixada Maranhense (FDBM) e graduando em Filosofia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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