IPOJUCA PONTES
A pergunta que se faz é a seguinte: por que Lula, metido em
camisa de onze varas, condenado por juízes e desembargadores em 1ª e 2ª
instâncias a cumprir pena de 12 anos e um mês de cadeia (pelos crimes de
corrupção e lavagem de dinheiro), continua tão arrogante e cheio de si? Seria
uma forma de avançado desespero? Ou teria a proverbial insensatez comunista
tomado de vez sua cabeçorra de toucinho?
Em data recente, questionado por um assecla sobre como
encarava ver um seu pedido de Habeas Corpus negado por unanimidade pela Quinta
Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Lula partiu para o deboche: - “Meu
querido, tô interessado em saber o
resultado do jogo do Real Madrid e PSG”.
Admitamos que o condenado estivesse sob os eflúvios de uns
bons tragos do importado Royal Salute ou mesmo estimulado por umas boas
talagadas da arrepiante aguardente “51” – perdoável “revival” etílico dos tempos do ABC paulista. Ou ainda, quem sabe,
se julgasse, por todos os motivos, o genuíno Cão do Segundo Livro (de
preferência, o descrito por Felisberto Carvalho), entidade suprareal imbatível
em matéria de trapaças e fingimentos.
Mesmo assim, de um modo ou de outro, tal nível de descaramento não fazia nem faz o menor sentido, sobretudo quando se sabe improvável, senão impossível, que os magistrados do TRF-4, de Porto Alegre, aceitem os embargos engendrados pelos advogados de Lula para livrá-lo da cadeia – condenação, de resto, almejada por ampla maioria da enraivecida população brasileira.
Assim, procurei cascavilhar as razões pelas quais o chefão
da quadrilha do PT se mostra tão confiante na sua impunidade e, mais que isso, na sua inelegibilidade mesmo depois
de enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
Esmiuçando um pouco mais
encontrei uma possibilidade na composição orgânica do Supremo Tribunal
Federal (SFT), a mais alta corte do país, no qual o ex-presidente aposta suas
últimas fichas para escapar de ser preso.
O quadro é de arrepiar: dos 11 ministros que compõem o STF,
7 foram nomeados pela dupla Lula-Dilma, a saber: Carmem Lúcia (Presidente, que
a wikipédia informa ser parente distante de Sepúlveda Pertence, “ex-ministro do
STF, que recomendou seu nome à Lula para ocupar uma vaga no tribunal”. Em 2012,
a ministra votou pela absolvição dos 12 condenados do Mensalão, entre eles Zé
Dirceu); Dias Toffoli (em breve
substituto de Carmem Lúcia, ex-advogado do PT, ex-assessor de Zé Dirceu, esteve
envolvido em ilícitos e processado na 2ª Vara Cível do Macapá. Tem mais:
considerou as penas infligidas aos réus do mensalão, no qual livrou a cara do
corrupto Zé Dirceu, dignas do Tribunal da Inquisição); Ricardo Lewandowvski
(Secretário de Assuntos Jurídicos da Prefeitura de São Bernardo do Campo,
preservou os direitos políticos da cassada Dilma Rousseff e votou pela
absolvição de Zé Dirceu por corrupção ativa no escândalo do Mensalão
justificando que o réu, entre outras, “abandonou as lides partidárias ao
assumir a Casa Civil”); Luiz Fux (apoiado na indicação para o posto pelos
encarcerados Sérgio Cabral e Antonio Palloci, foi contra a aplicação da Lei da
Ficha Limpa em 2010. Entusiasta do desarmamento, parece sensível defensor de
Dirceu em eventual julgamento pelo STF: - “Mato no peito”, teria dito); Luís
Roberto Barroso (defensor de Cesare Battisti, terrorista italiano condenado
pelo assassinato de 4 pessoas, dentre elas duas crianças. Favorável ao aborto
no
“primeiro trimestre” e pela descriminalização das drogas,
concedeu indulto a Zé Dirceu porque não via como “negar a concessão do
indulto”); Rosa Weber (elogiada pelo encalacrado petista José Pimentel após
respostas medíocres em sabatina no Senado, livrou a cara de Lula por fazer
campanha eleitoral antes do tempo, enquanto condenou Bolsonaro por fazer
declarações como pré-candidato presidencial. Em agosto, assumirá a presidência
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e decidirá, sob pressão dos advogados do
PT, se Lula vai cumprir ou não a lei da Ficha Limpa); Edson Fachin (ex-filiado
do PT e militante da candidatura de Dilma, embora católico, é favorável ao
casamento gay. Na sabatina do Senado para o posto de ministro, foi recusado
pela bancada religiosa e ruralista por seus vínculos com o MST e, em especial,
pelo senador Ricardo Ferraço, do PMDB, que o acusou de “não ter reputação
ilibada”. Considerado contraditório, suspendeu na Câmara o processo de
impeachment contra Dilma a pedido do PCdoB e, agora, no “jogo de
empurra-empurra” em marcha, negou o pedido de Habeas Corpus de Lula feito pelo
advogado amigo Sepúlveda Pertence, mas o remeteu à Carmem Lúcia que, por sua
vez, o fez voltar às mãos de Fachin. Agora, ele prepara-se para enviar o HB ao
plenário tido como simpático ao lulopetismo.
Os outros 4 ministros do STF que devem julgar Lula, são os
seguintes: Gilmar Mendes (nomeado por FHC - fervoroso “macaca de auditório” de
Lula - é odiado pela cúpula petralha e a gang da CUT, que pediu seu
impeachment. Dado curioso: é a favor da prisão dos condenados em 2ª instância,
caso de Lula); Marco Aurélio Mello (nomeado por Fernando Collor - detonado do
poder pela tropa de choque de Dirceu - tem mania de Habeas Corpus. Concedeu-os
ao contraventor “Turcão”; ao miliciano
“Deco”, terror da zona oeste do Rio; ao goleiro Bruno, homicida da amante; a
Suzane Richthofen, assassina dos pais, e ao banqueiro estelionatário Salvatore
Cacciola que, livre pelo HC, fugiu para Roma após rombo de R$ bi e meio
fraudado dos cofres públicos. Ele vota sempre contra a prisão em 2ª instância e
acha que a “prisão de Lula incendiará o país”);
Celso de Mello (nomeado pelo “honorável” Sarney, é o decano do STF e,
nos últimos dias, se dedica a pressionar Carmem Lúcia para que ela acione na
Corte o debate sobre a prisão em 2ª instância – o que só favorece a Lula e
corruptos já condenados); Alexandre de Moraes (nomeado por Michel Temer - que
quer ver Lula fora das grades por motivos óbvios - tem histórico ligado ao PSDB
e já foi acusado de copiar trechos de outros autores sem citar fontes na
confecção do seu livro “Direitos Humanos Fundamentais”. A viúva do autor
plagiado, Rubio Llorante, condenou a cópia.
Em suma: se Lula for visto como inocente, depois do que fez
e ainda pretende fazer, tudo será permitido.
Aliás, no Brasil de hoje, já o é.
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