Um homem explodiu um carro-bomba nesta quinta-feira em
uma academia de polícia no sul de Bogotá. Ao menos 21 pessoas morreram,
inclusive uma cadete equatoriana, e mais de 60 ficaram feridas no "ato
terrorista insano", segundo o governo.
O autor foi identificado pelo Ministério Público como
José Aldemar Rojas Rodríguez, de nacionalidade colombiana, que entrou às 9h30
local (12h30 de Brasília) em uma caminhonete cinza Nissan Patrol de 1993 na
Escola de Oficiais General Francisco de Paula Santander, no sul da capital
colombiana.
Rojas Rodríguez morreu no ataque, revelou à AFP um membro
do MP, acrescentando que ainda não há informação sobre possíveis ligações do
autor com grupos armados que operam no país.
Este "ato terrorista insano não ficará impune, os
colombianos jamais se submetem ao terrorismo, sempre o derrotamos, esta não
será a exceção", disse o presidente Iván Duque em declaração à imprensa ao
lado do procurador-geral, Néstor Humberto Martínez.
Duas equatorianas estão entre as vítimas, a cadete Erika
Chicó, que morreu, e Carolina Sanango, que sofreu ferimentos leves.
Dois cadetes panamenhos ficaram feridos no atentado, de
um grupo de 45 alunos da academia procedentes do Panamá, informou o presidente
panamenho, Juan Carlos Varela.
O veículo, que, segundo o MP, tinha passado por uma
revisão em julho de 2018 em Arauca (fronteira com a Venezuela), explodiu
durante uma cerimônia de promoção de oficiais e cadetes.
"Ouvi como se o céu tivesse caído na minha cabeça.
Foi uma explosão muito grande e, quando saí, havia muita fumaça", disse
Rocío Vargas, vizinha do local.
Segundo relatos da polícia, um cão farejador detectou os
explosivos. Quando foi descoberto, Rojas acelerou o carro e atropelou um
policial. Três militares foram atrás do veículo que, segundos depois, explodiu.
Esse é o pior ato de terror na capital colombiana desde
fevereiro de 2003, quando os rebeldes do atual partido Farc detonaram um
carro-bomba no clube El Nogal. Trinta e seis pessoas morreram e dezenas ficaram
feridas.
'Não vamos ceder'
Diante do ataque, o presidente Duque precisou voltar às
pressas para Bogotá, após cancelar um evento de segurança em Quibdó (noroeste).
"Eu dei a ordem às forças militares e à polícia
nacional para mobilizar todas as suas capacidades de inteligência e determinar,
em coordenação com o Ministério Público, quem é responsável por este ataque
covarde e impedir qualquer ação criminosa", disse.
Ele também alertou: "Nunca vamos ceder a atos de
terror, a Colômbia é firme e não se intimida".
Duque, que assumiu o cargo em agosto de 2018, tem
endurecido a política de combate às drogas no país, maior produtor de cocaína
do mundo, e estabeleceu condições para reavivar as negociações de paz com o
Exército de Libertação Nacional (ELN), última guerrilha ativa no país.
Nenhum grupo reclamou a autoria do ataque, e as
autoridades não revelaram suas hipóteses sobre a autoria intelectual do ato.
Além do ELN - que, no passado, admitiu ataques com
explosivos contra a polícia -, também operam no país gangues de narcotráfico de
origem paramilitar e dissidências das Farc, que lutam pelo controle territorial
em meio a uma espiral de violência seletiva contra líderes sociais, que já
deixou 438 mortos desde janeiro de 2016.
Há um ano, a polícia também foi alvo de um ataque a bomba
dentro de uma delegacia em Barranquilla. Seis militares morreram e 40 ficaram
feridos. Dias depois, o ELN, cuja delegação de paz está em Havana, assumiu a
ação.
Solidariedade internacional
Na véspera do ataque desta quinta-feira, um novo grupo de
aspirantes a oficiais entrou na escola. Outros, como Jonathan Oviedo, retomaram
suas aulas.
"Meu irmão Jonathan, que é cadete, conseguiu falar
conosco e nos disse que estava ferido, depois um tenente foi até o telefone e a
comunicação foi interrompida. Nos dois anos que ele está na polícia jamais
enfrentou uma situação assim", contou Carol Oviedo.
Uma funcionária da saúde das Forças Armadas disse à
imprensa que o veículo invadiu "abruptamente" a academia da polícia.
"Ele entrou abruptamente, quase atropelando os
policiais e depois explodiu", relatou Fanny Contreras.
Enquanto isso, Duque solicitou a colaboração dos
colombianos para "desmantelar a estrutura criminosa" que executou o
ataque, embora não tenha mencionado nenhuma organização específica.
Do escritório da ONU na Colômbia até os Estados Unidos,
passando pelo governo da Venezuela - com o qual Bogotá congelou as relações - e
pelas Farc, autoridades do mundo todo condenaram o ato e expressaram solidariedade.
Com cerca de 8 milhões de habitantes, Bogotá foi abalada
por atos esporádicos de terror em 2017. Em fevereiro daquele ano, o ELN assumiu
a responsabilidade por um ataque a uma patrulha policial que matou um soldado e
feriu gravemente vários outros no bairro de Macarena, em Bogotá.
Nesse mesmo ano, um ataque em um centro comercial de
Bogotá deixou três mortos e vários feridos. As autoridades acusaram o Movimento
Revolucionário do Povo (MRP), um grupo de esquerda.
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