MARLI GONÇALVES
Siga a faixa que foi posta no presidente que fez uma
grande maioria de brasileiros pensar que era fácil, que era só chegar, mandar,
fazer e acontecer. A gente que conhece política sabe como as coisas acontecem,
ou não, os altos e baixos. Mas em menos de quinze dias as trapalhadas e vaivéns
estão corroendo as expectativas até dos mais otimistas. Caia na estrada e
perigas ver.
Ainda tem muito chão para esse trem lotado chegar a algum
destino. A viagem vai ser longa. Mas que esqueceram de fazer uma revisão básica
nos trilhos, no caminho e nos passageiros antes de botá-lo pra rodar,
esqueceram. Vagões arriados com o peso de cargas extras, o GPS só pode estar
desligado, e o motorneiro é muito inexperiente na prática da direção. A guerra
da comunicação está sendo perdida sem que eles se toquem. Continuam apenas
atacando, incentivando que a população não os escute, os mensageiros – os
poucos que restam porque também houve uma nítida guinada de vários deles.
Não teve dia sim, outro não. Todos os dias uma
trapalhada, um disse-não-disse, apaga, volta, recua. Até alguns ferrenhos
defensores mais lépidos começam a querer pular, rolando, do trem em lento
movimento, já temendo que descarrile logo mais à frente.
Não é questão de ser contra ou a favor. Não se torce
contra o veículo que nos transporta, mas há de sempre nos atermos às direções
perigosas. Nem os otimistas renitentes estão dormindo tranquilos com seus
botões, por mais que continuem publicamente teimando, negando os fatos que se
sucedem, culpando a imprensa por mostrá-los, xingando as nossas mães. Ah, e
claro, pegando muito pesado, maus, nos xingando de petistas!
Hoje ser chamado de petista, daquele partido que está por
aí perdido e destroçado batendo cabeça em postes que plantou, realmente ofende
gravemente, nos faz voltar ao século passado quando ainda lhes restava pelo
menos alguma dignidade, ideologia e capacidade de divergir. A oposição está nas
dormentes, deitadinha, largada, esperando ser atropelada e destroçada de vez.
Em dias se percebe que há vários Governos dentro de um
mesmo. Tem o vagão da Economia, que tenta se desgarrar, mas carrega até gente
do passado, do guardanapo de pano, do sapato de sola vermelha, como Joaquim
Levy.
Tem o vagão Justiça e Segurança Nacional de Sergio Moro.
Mas até agora não o vimos passando nem perto das praias do Rio, muito menos do
Ceará onde as organizações criminosas estão tocando o terror, fogo e bombas em
pontes e viadutos. Comandados de dentro das prisões – lá de onde não falta luz,
internet, nem correio elegante com ordens dos chefes.
Tem as tranqueiras. Que ou continuam falando bobagens ou
falaram bobagens no passado que agora estão sendo desencavadas com gosto,
possivelmente até por vingança dos que não foram embarcados. Desse vagão já
estão sendo atirados os primeiros seres, baixas em tempo recorde. Teve até o da
Apex que, demitido, se agarrou na porta berrando que não sairia, e foi chutado.
Por sua vez, perdi a conta das solenidades militares do
céu, terra e mar que contaram com a presença do presidente, que parece desta
forma demonstrar alguma força e imposição.
A Maria Fumaça partiu. Vai ter uma parada maior dia 1º de
fevereiro com a posse do novo Congresso Nacional, eleição das mesas diretoras,
e quando a realidade da política vai dar tchauzinho da janela, tentando
aproveitar a passagem para embarcar seus parentes, amigos, vontades e
privilégios em troca do seu amor. Fidelidade, não, que aí para eles já é
demais, inclusive por ganharem com sorriso amarelo a companhia dos Filhos do
Capitão, do ator pornô, entre outros parasitas, como os papagaios e papagaias
de pirata, de onde nada se espera e de lá nada de bom virá.
Torcendo só para que o trem não apite na curva, conforme
aquele velho provérbio
Marli Gonçalves é jornalista
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