"O bem que praticas em qualquer lugar será teu advogado em toda parte." Emmanuel
Planejamento familiar: aqui na Terra muito se fala em torno
desse tema, ressaltando a sua importância. O que muitos ignoram, no entanto, é
que antes mesmo de um casal reencarnar, há Guias Espirituais encarregados de
levá-lo a conhecer os futuros filhos e que, juntos, traçam planos e metas que
todos deverão se esforçar por alcançar, com vistas à evolução espiritual de
cada um. Isso é o que nos assegura a Doutrina Espírita.
A mentora Joanna de Ângelis, em sua obra Constelação
Familiar, lembrando tal fato, explica que ele se deve a deveres inadiáveis dos
futuros pais. “Consultados os mapas das responsabilidades pessoais, são-lhes apresentados
pelos Guias Espirituais aqueles que deverão constituir-lhes a prole e lhes
proporão a pauta para o processo de crescimento espiritual, no qual todos
deverão atingir as metas que perseguem”. Programas e projetos; pautas e metas.
Responsabilidades pessoais. As expressões são bem claras e não deixam dúvidas
de que os espíritos que, em cada nova encarnação, vêm ao plano terreno para
viverem em uma determinada família, o fazem obedecendo a uma orquestração que
se iniciou muito antes do próprio nascimento de todos eles, sob a chancela de
um Guia Espiritual.
Somente naqueles casos em que, por total
irresponsabilidade, há uma gravidez indesejada, é que tal planejamento não
existe. São, em geral, situações em que predominam o sexo desregrado, ligado
apenas ao mundo das sensações, sem nenhum comprometimento com filhos que possam
advir de relações fortuitas. Mas, mesmo assim, como não existe acaso, pelas
leis que regem o Universo sempre haverá a sintonia vibratória que fará reunir
na mesma faixa de pensamento espíritos afins, ensejando, assim, que se atenda
às necessidades de evolução dos envolvidos.
Se há um ordenamento prévio na constituição da família,
conduzido por mãos de Protetores Espirituais, era de se esperar que os pais
honrassem os compromissos assumidos e, ao final de cada jornada, pudessem sair
vitoriosos, tanto em relação a si próprios quanto a seus filhos.
No entanto, sabemos que muitos são os fatores que impedem
que assim seja. Imaturidade dos genitores; fraqueza moral que os faz desistir
da vida em comum ante obstáculos perfeitamente contornáveis; dificuldades em
resistir aos apelos do prazer e dos vícios, são alguns deles. A esta lista
podemos acrescentar a figura de pais que transferem para os filhos suas
frustrações, neles projetando ambições não desejadas, sonhos não sonhados,
tornando-os, por vezes, fracassados e infelizes. Ou de mães vaidosas que
adornam seus filhos de maneira exagerada, exibindo-os como troféus, sem se
preocuparem em tornarem formosos seus espíritos.
Se do ponto de vista dos pais há esses e outros fatores que
dificultam o cumprimento dos projetos traçados no Além, também por parte dos
filhos encontramos explicações para o insucesso na conquista dos alvos
idealizados.
Apesar das metas traçadas, visando aos processos de
reparação ou aprendizagem de todos os envolvidos, não podemos nos esquecer de
que somos todos espíritos dotados de livre-arbítrio. Muitas vezes, diante da
realidade e de situações amargas que a vida impõe ao espírito, ele recua e
busca se afastar do seu núcleo familiar, rompendo as relações estabelecidas.
Sente que não se acha, ainda, preparado. É possível que nessas situações,
especialmente quando há resgates sérios envolvendo figuras parentais ou com os
irmãos, os sentimentos de rejeição e animosidade afloram do inconsciente,
tornando a convivência muito difícil.
Guardando, porém, a certeza de que todas as circunstâncias
que nos envolvem fazem parte do esquema que aceitamos para o nosso progresso,
fica mais fácil suplantar as barreiras que, em dado momento, nos parecem
intransponíveis. Esse conhecimento poderá nos ajudar a olhar com mais
indulgência e boa vontade para essa ou aquela pessoa da família que nos afigura
insuportável, pensando que renascemos para superar as guerras íntimas do passado.
E a família, neste particular, tem verdadeira função terapêutica.
Santo Agostinho, no livro O Evangelho Segundo o
Espiritismo, ao abordar o tema dos desajustes familiares, especialmente os que
se dão em torno das relações pais e filhos, aconselha que o melhor caminho é
pensar que, em vidas passadas, um dos dois errou muito. Se nessa díade, somos
aqueles que já viveram mais e acumularam mais experiência, talvez seja mais
razoável que assumamos a autoria dos erros, ao invés de imputá-la a nossos filhos.
Podemos ser felizes vivendo junto aos nossos familiares. A
família é bênção que o Pai nos oferece, em cada nova encarnação, para que
aprendamos a nos amar verdadeiramente. Tudo depende de nós.
Joanna de Ângelis.
Constelação familiar. Psicografado por Divaldo Franco - Editora Leal,
2018.
Lúcia Moysés é educadora e escritora espírita
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