Minha crônica das 15 horas
Amor adolescente
Hélcio Silva
(18 / 10 / 2017)
Domingo de missa! Eu não faltava!
Duas coisas me atraiam para as missas de domingo: o futebol
no campo do seminário onde ficava a igreja e as garotas misseiras - lindas
meninas de minha idade!
O diabo, sobre as meninas, era que eu me apaixonava por
quase todos, muitas vizinhas da mesma rua. Meus olhos caçavam a todas como dois
holofotes apaixonados, conquistadores...
O diabo maior era que elas nem me olhavam; pareciam mais envolvidas
no latim da missa.
E aí eu ficava mais apaixonado por todas, sem saber separar
as paixões...
Elas, todas lindas, passavam por mim – e nem um olhar
sequer!
E eu, morador da mesma rua que a rua de muitas delas, sem
saber a razão do desprezo, do abandono..., da falta de interesse, mergulhava no
mar da tristeza...
Num domingo de ramos, lembro como nos dias de hoje, ao fim
da missa, fiquei sozinho na igreja, sentado na última cadeira, da última
fileira, do salão já vazio, sem alma e sem gente, entregando-me à melancolia de
uma profunda tristeza...
E quando pensava estar só, chegou o padre e perguntou:
- Filho, que tens? Que tristeza é essa?
Contei o meu drama, e o padre sentenciou:
- O Filho fica aqui sentado e puxando 100 Pai Nosso
acompanhados do mesmo número das Ave Maria...
Dormi na Igreja, cansado da reza; mas acordando no outro
dia, não mais lembrando das lindas meninas misseiras do dia anterior...
E, com o coração aliviado, voltei pra casa...
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