sexta-feira, 18 de outubro de 2019

CRÕNICA DAS 15 HORAS

Minha crônica das 15 horas


Amor adolescente

Hélcio Silva

(18 / 10 / 2017)

Domingo de missa! Eu não faltava!

Duas coisas me atraiam para as missas de domingo: o futebol no campo do seminário onde ficava a igreja e as garotas misseiras - lindas meninas de minha idade!

O diabo, sobre as meninas, era que eu me apaixonava por quase todos, muitas vizinhas da mesma rua. Meus olhos caçavam a todas como dois holofotes apaixonados, conquistadores...

O diabo maior era que elas nem me olhavam; pareciam mais envolvidas no latim da missa.

E aí eu ficava mais apaixonado por todas, sem saber separar as paixões...

Elas, todas lindas, passavam por mim – e nem um olhar sequer!

E eu, morador da mesma rua que a rua de muitas delas, sem saber a razão do desprezo, do abandono..., da falta de interesse, mergulhava no mar da tristeza...

Num domingo de ramos, lembro como nos dias de hoje, ao fim da missa, fiquei sozinho na igreja, sentado na última cadeira, da última fileira, do salão já vazio, sem alma e sem gente, entregando-me à melancolia de uma profunda tristeza...

E quando pensava estar só, chegou o padre e perguntou:

- Filho, que tens? Que tristeza é essa?

Contei o meu drama, e o padre sentenciou:

- O Filho fica aqui sentado e puxando 100 Pai Nosso acompanhados do mesmo número das Ave Maria...

Dormi na Igreja, cansado da reza; mas acordando no outro dia, não mais lembrando das lindas meninas misseiras do dia anterior...

E, com o coração aliviado, voltei pra casa...

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