quarta-feira, 14 de abril de 2021

Artigo de Letícia Guedes


Como será a geração pandemia?

Letícia Guedes





Atenção! Está nascendo, desde o início do ano passado, uma geração que vai desafiar conceitos e técnicas da psicologia de resultados. Afinal, os profissionais da área não têm parâmetros para lidar com a chamada “geração pandemia”, composta de crianças que estão crescendo sob o espectro do novo coronavírus.

Por hora, o que temos, são especulações baseadas em analogias. Confinadas, as crianças têm suas identidades monitoradas pelos pais 24 horas e tendem a crescer com o senso de liberdade atrofiado. Em outra hipótese, poderão não perceber as emoções alheias, isoladas numa bolha imaginária de autossuficiência que lhe fora imposta pela quarentena sem fim.

A verdade é que ainda não se sabe o real impacto da privação do convívio social em indivíduos que estão em plena formação de tudo – do aprendizado básico no ato de falar, comer, à composição do caráter e, por último, mas não menos importante, na relação com o outro. Uma coisa é certa: em situações exacerbadas é quase inevitável o estresse pós-traumático, que será observado em crianças que vão oscilar entre o tédio profundo a ansiedade à flor da pele. Já há relatos de vários pais dando conta desse comportamento dos filhos pequenos.

Como se trata de uma condição atípica, sem precedentes para as atuais gerações, os profissionais – psicólogos, terapeutas e psiquiatras – estão tateando possíveis situações que devem ajudar a amenizar problemas futuros e podem impactar nos relacionamentos para toda uma vida adulta. Os pais devem educar seus pequenos dentro do que se convencionou chamar de “novo normal”.

Além de ensinar o básico das regras de higiene exigidas em tempos de pandemia, o ideal é ter a tecnologia como aliada. Atualmente, há na rede, toda uma literatura e vídeos lúdicos que explicam o que está acontecendo. Muito importante também é não privar totalmente as crianças do convívio com avós, primos, mesmo que através dos vários recursos de conectividade virtual disponíveis.

Imprescindível é agir com tranqüilidade, procurando não transferir medo e apreensão, mas sempre focando os cuidados que os novos tempos exigem. E se programar para a necessidade de buscar a ajuda de um profissional especializado. Assim, a “geração pandemia” vai despertar para um futuro onde o amor, através de um abraço e um beijo, de cara limpa, possa ser novamente compartilhado sem se estar cometendo um crime.

*Letícia Guedes é doutora em psicologia, especialista em terapia cognitivo-comportamental, terapeuta de casais e sexual hipnoterapeuta.


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