terça-feira, 18 de maio de 2021

Artigo do jornalista Jorge Serrão, do blog Alerta Total

Bolsonaro: “Imorrível, imbrochável e incomível”



Terça-feira, 18 de maio de 2021

Edição do Alerta Total

Por Jorge Serrão

Blog Alerta Total

No Brasil, factóides e tiradas humorísticas rendem manchetes. Na saidinha do Palácio da Alvorada para mais um dia de trabalho, o Presidente Jair Messias Bolsonaro matou seus seguidores de rir. Bolsonaro se definiu como um cara “imorrível, imbrochável e incomível”. (KKKKK, royalties da gargalhada para o lendário jornalista Hélio Fernandes, que morreu de velhice, aos 100 anos de idade). O argumento alimenta a disputa com o ex-Presidente Lula da Silva, que já se definiu como um homem com “energia de 30 e tesão de 20”.

Quem ficou espantado com a avacalhação de Bolsonaro precisa ler o que o colunista da revista IstoÉ, Ricardo Kertzman escreveu: “Homossexual latente ou não; brocha, meia-bomba ou não, o presidente é, no mínimo, preconceituoso, inconveniente e infantil. É o tiozão do churrasco. Na verdade, é um tremendo babaca”. Sempre xingado de “incapaz”, “genocida”, “insano”, “nazista” e “homofóbico”, só faltando ser chamado de “corrupto” (para se tornar equiparável aos adversários e inimigos), Bolsonaro resolveu reagir ao conteúdo esquerdopata do ataque.

O Presidente utilizou a “palhaçada” como um gancho para criticar “os idiotas que ainda defendem o isolamento social”, via lockdown decretado por governadores e prefeitos que cometeram “assassinato da economia”, causando falências, desemprego, depressão e ainda mais desespero na população amedrontada pela Covid-19. Psicologicamente, Bolsonaro também afina o humor para a semana em que seu governo será mais atacado na CPI do Covidão. Senadores ouvirão, nesta terça-feira, o depoimento do ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Na quarta-feira, é a vez do alvo mais esperado: o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. O General de Divisão na ativa recebeu autorização do STF para ficar em silêncio, mas deveria falar tudo para anular a narrativa dos inimigos. A conferir.

Na segunda-feira, dia em que a maioria esmagadora dos senadores não trabalha em Brasília, a Procuradoria-Geral da República botou fogo no parquinho da CPI. O PGR Augusto Aras enviou ao Senado uma lista de seis governadores investigados por crimes de corrupção relacionados ao suposto combate à pandemia. A iniciativa, comandada pela subprocuradora-geral Lindôra Araújo, pegou estados que usaram indevida e ilegalmente o dinheiro enviado pelo governo federal. Correm em em segredo de justiça, em seis Estados: Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo.

A base governista comemorou a iniciativa. A oposição a Bolsonaro “brochou” (como ironizaria o Presidente). Augusto Aras justificou a atuação da PGR: “O compartilhamento de documentos e informações entre autoridades em esforços apuratórios são muito úteis para o progresso de suas respectivas linhas investigativas, preservando-as nos casos sigilosos de sua exposição. Nesse esforço de colaboração mútua, consigno que as autoridades do Ministério Público Federal aguardam que as conclusões da Comissão Parlamentar de Inquérito possam muito agregar aos esforços que elas têm empreendido na elucidação dos fatos”.

Aras marcou um golaço contra a CPI. As narrativas criadas por senadores podem dar em nada contra o Presidente. Mas as investigações contra seis governadores, tocadas pela PGR, tendem a produzir, além de processos judiciais, o risco de argumentos concretos para muitos políticos sofrerem impeachment. Se a CPI for obrigada pela realidade a mudar de escopo, o feitiço da oposição tem tudo para virar contra os feiticeiros. A conferir, lamentar ou festejar...


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