No meu livro “Caleidoscópio”, escrevi um artigo
intitulado “Herança maldita” (uma alusão ao governo do FHC feita pelo Lula no
início do seu governo; ano passado, escrevi outro, “Herança maldita II” e agora
este: “A maldição das heranças”. Nesta trilogia de heranças, o tema principal é
o Brasil, seu povo, sua índole, seus políticos e administradores públicos.
No primeiro artigo, eu tentava explicar nossa
incompetência, comparando-a as diversas nações através de seu desenvolvimento,
levando em consideração a localização geográfica, tempo de existência e o tipo
de cultura e outras características.
No segundo, procurei mostrar que a nossa formação étnica
era a vilã, responsável por esta “geléia-geral” da mentalidade brasileira
(“levar vantagem em tudo”, “se locupletar com o dinheiro público”, e “sonegar
impostos”), e que só depois de três décadas, com pesados investimentos na saúde
e na educação (como aconteceu com a Coreia do Sul), poderíamos ter a esperança
de ver um Brasil com outra mentalidade.
Neste terceiro e último artigo, após uma “ressonância
magnética” do quadro social, político e administrativo do Brasil, cheguei a
esta conclusão: “deitado em berço esplendido” este “gigante (adormecido) pela
própria natureza”, tem uma dívida social tão grande quanto a corrupção, quanto
a violência e quanto a impunidade.
Com tanta riqueza mal distribuída e um povo tão sofrido,
bom de bola (até 1970), mas, péssimo de voto, com profissionais e empresas
competentes (na base da propina) e políticos e administradores sem vocação e
capacidade para lidar com a coisa pública (e fácil de ser corrompidos); com
poucos caseiros, motoristas e secretárias corajosos, uma dúzia de delatores bem
vindos e muitos deputados, senadores e presidentes cínicos, mentirosos e cheios
de processos e denúncias.
Com instituições cheias de falhas e gestores vazios de
escrúpulos; com uma legislação cheia de falhas e brechas jurídicas onde os
poderosos e ricos, sob o manto da lei e da impunidade, corrompem, roubam,
matam, mentem e ainda lhes é assegurado, por lei, o direito de ficar calado e
do foro privilegiado.
Com cadeias e prisões cheias de pobres e negros, vítima
de um sistema injusto onde mofam sem as mínimas condições humana por falta de
revisão de suas penas; e bandidos perigosos que, de dentro das penitenciarias
de segurança máxima, comemoram seus aniversários com festas e controlam o crime
organizado, sob as barbas dos comandantes da polícia civil e militar.
Enquanto os ladrões “de colarinho branco” (com exceção de
alguns), aguardando julgamento em liberdade (agora com tornozeleira
eletrônica), protelados por advogados mercenários pagos com dinheiro de propina.
É a política do descaso. É a falta de seriedade e
competência do Legislativo e o excesso de corrupção no Executivo. Acho que está
na hora de uma eleição para deputados só para fazer uma reforma política, pois
com esses atuais com mandatos, jamais cortarão na própria pele seus
super-benefícios e mordomias.
Do jeito que a coisa tá, a carga tributária e os juros
vão matar todos os empresários pela falta de crédito, de clientes e de
esperança no futuro.
O povão vive de pão (através do bolsa família) e circo
(através das mentiras e promessas dos governantes). A mentira é escancarada e a
propaganda mentirosa, contamina a todos, principalmente, os menos esclarecidos.
O governo tenta passar uma ideia de que a crise econômica
interna é consequência da crise mundial e que a crise política é culpa da
oposição.
Mais prudente seria tomar medidas preventivas como:
baixar juros e impostos, reduzir a máquina administrativa, eliminar a
burocracia e exigências para concessão de financiamento da casa própria;
disponibilizar capital de giro para as microempresas e custeio agrícola para os
produtores rurais entre muitas outras medidas possíveis.
Mas o governo (e o PT) só se preocupa em seu projeto de
puder e em se proteger da Operação Lava-jato. E o eleitor, como fica?
by CHA
*Carlos Henriques Araujo é escritor e poeta
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.