quinta-feira, 31 de março de 2016

A MALDIÇÃO DAS HERANÇAS

Carlos Henriques Araujo*


 No meu livro “Caleidoscópio”, escrevi um artigo intitulado “Herança maldita” (uma alusão ao governo do FHC feita pelo Lula no início do seu governo; ano passado, escrevi outro, “Herança maldita II” e agora este: “A maldição das heranças”. Nesta trilogia de heranças, o tema principal é o Brasil, seu povo, sua índole, seus políticos e administradores públicos.
No primeiro artigo, eu tentava explicar nossa incompetência, comparando-a as diversas nações através de seu desenvolvimento, levando em consideração a localização geográfica, tempo de existência e o tipo de cultura e outras características.
No segundo, procurei mostrar que a nossa formação étnica era a vilã, responsável por esta “geléia-geral” da mentalidade brasileira (“levar vantagem em tudo”, “se locupletar com o dinheiro público”, e “sonegar impostos”), e que só depois de três décadas, com pesados investimentos na saúde e na educação (como aconteceu com a Coreia do Sul), poderíamos ter a esperança de ver um Brasil com outra mentalidade.
Neste terceiro e último artigo, após uma “ressonância magnética” do quadro social, político e administrativo do Brasil, cheguei a esta conclusão: “deitado em berço esplendido” este “gigante (adormecido) pela própria natureza”, tem uma dívida social tão grande quanto a corrupção, quanto a violência e quanto a impunidade.
Com tanta riqueza mal distribuída e um povo tão sofrido, bom de bola (até 1970), mas, péssimo de voto, com profissionais e empresas competentes (na base da propina) e políticos e administradores sem vocação e capacidade para lidar com a coisa pública (e fácil de ser corrompidos); com poucos caseiros, motoristas e secretárias corajosos, uma dúzia de delatores bem vindos e muitos deputados, senadores e presidentes cínicos, mentirosos e cheios de processos e denúncias.
Com instituições cheias de falhas e gestores vazios de escrúpulos; com uma legislação cheia de falhas e brechas jurídicas onde os poderosos e ricos, sob o manto da lei e da impunidade, corrompem, roubam, matam, mentem e ainda lhes é assegurado, por lei, o direito de ficar calado e do foro privilegiado.
Com cadeias e prisões cheias de pobres e negros, vítima de um sistema injusto onde mofam sem as mínimas condições humana por falta de revisão de suas penas; e bandidos perigosos que, de dentro das penitenciarias de segurança máxima, comemoram seus aniversários com festas e controlam o crime organizado, sob as barbas dos comandantes da polícia civil e militar.
Enquanto os ladrões “de colarinho branco” (com exceção de alguns), aguardando julgamento em liberdade (agora com tornozeleira eletrônica), protelados por advogados mercenários pagos com dinheiro de propina.
É a política do descaso. É a falta de seriedade e competência do Legislativo e o excesso de corrupção no Executivo. Acho que está na hora de uma eleição para deputados só para fazer uma reforma política, pois com esses atuais com mandatos, jamais cortarão na própria pele seus super-benefícios e mordomias.
Do jeito que a coisa tá, a carga tributária e os juros vão matar todos os empresários pela falta de crédito, de clientes e de esperança no futuro.
O povão vive de pão (através do bolsa família) e circo (através das mentiras e promessas dos governantes). A mentira é escancarada e a propaganda mentirosa, contamina a todos, principalmente, os menos esclarecidos.
O governo tenta passar uma ideia de que a crise econômica interna é consequência da crise mundial e que a crise política é culpa da oposição.
Mais prudente seria tomar medidas preventivas como: baixar juros e impostos, reduzir a máquina administrativa, eliminar a burocracia e exigências para concessão de financiamento da casa própria; disponibilizar capital de giro para as microempresas e custeio agrícola para os produtores rurais entre muitas outras medidas possíveis.
Mas o governo (e o PT) só se preocupa em seu projeto de puder e em se proteger da Operação Lava-jato. E o eleitor, como fica?
by CHA

*Carlos Henriques Araujo é escritor e poeta

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