Em meio à crise, ONU reforça urgência de recursos para o desenvolvimento
Entre Amigos Association / Poligono Sur, em Sevilha, é um dos bairros mais pobres da Espanha
30 Junho 2025 - ODS
"Conferência Internacional reúne dezenas de chefes de Estado e governo para resolver déficit de US$ 4 trilhões anuais que pagariam por serviços de saúde, educação, infraestrutura e outras frentes da Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável."
Começa nesta segunda-feira, em Sevilha, na Espanha, a 4ª. Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento.
As Nações Unidas informaram que pelo menos 70 chefes de Estado e governo devem participar do evento, que terá mais 300 reuniões paralelas.
Oportunidade de uma década
Atualmente, existe um déficit de US$ 4 trilhões para se alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS. Uma situação que ameaça a luta contra a pobreza, a mudança climática, fome, desigualdade e a proteção do planeta, entre outros pontos.
A reunião é vista pela ONU como uma “oportunidade de toda uma década” para reestruturar o sistema de financiamento na direção da Agenda 2030.
A chefe da Divisão de Engajamento Estratégico no Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, Desa, falou do retorno de dinheiro investido em desenvolvimento.
Mariangela Parra Lancourt lembra que para cada dólar americano investido em educação de meninas, existe um retorno de US$ 3 para a economia desses países. Cada dólar aplicado em água e saneamento gera um benefício quatro vezes maior em custo de saúde. E um dólar investido para reduzir acidentes naturais retorna 15 dólares na reparação de pós-desastre.
Suporte financeiro e técnico
Para criar as condições que pagam pelo desenvolvimento, os países precisam rever a arquitetura financeira internacional com base em impostos, subsídios, comércio e políticas financeiras e monetárias.
Bancos multilaterais de desenvolvimento fornecem suporte financeiro e técnico a países em desenvolvimento. Revisões de políticas fiscais e de comércio nacionais e internacionais também ajudam a catapultar economias em desenvolvimento.
Um outro aspecto é a Assistência Oficial ao Desenvolvimento, ODA na sigla em inglês, que cria um canal no qual ajuda de países desenvolvidos correm diretamente às nações em desenvolvimento.
Mais 600 milhões na pobreza?
O corte de verbas está afetando milhões de pessoas carentes que acabam por pagar o preço. Sem financiamento, mais 600 milhões de pessoas serão lançadas na pobreza abjeta até 2030 e os ODS poderão ter que esperar até 2050 para serem alcançados.
O secretário-geral, que está em Sevilha, afirmou que serão necessárias "grandes ideias" e "reformas ambiciosas" para retomar o caminho da erradicação da pobreza, da fome e da desigualdade.
António Guterres reiterou seu apelo por reforma do sistema financeiro que descreve como “anacrônico, disfuncional e injusto.”
Compromisso de Sevilha
Poucas semanas antes do evento, os países-membros da ON aprovaram, em Nova Iorque, o declaração final da Conferência conhecida como “Compromisso de Sevilha”, um pacote de reformas e ações para eliminar o déficit de US$ 4 trilhões.
Os Estados Unidos se retiraram do processo e da conferência alegando que o documento mina a soberania dos Estados e contradiz os interesses fiscais do governo americano.
Uma das preocupações da comunidade internacional é a dívida pública. Atualmente, 3,3 bilhões de pessoas vivem em países que gastam mais com o pagamento da dívida do que com saúde ou educação.
Com barreiras comerciais aumentando e a assistência ao desenvolvimento caindo, a abordagem de financiamento precisa mudar. E a Conferência em Sevilha quer combater os desafios na raiz.