segunda-feira, 30 de junho de 2025

Análise: "IOF caiu. E agora?" - Artigo de Ney Lopes, escritor, jornalista, ex-deputado federal


Análise: "IOF caiu. E agora?"

Ney Lopes*

28 Jun 2025

Instala-se em Brasília sério confronto entre Governo e Congresso.

Motivo: desde 1992, um decreto presidencial não era barrado pelos parlamentares.

O Congresso votou com o mercado e decertou a queda do decreto que aumentou o IOF.

Ficaram em aberto os R$ 20,5 bilhões necessários para cumprir a meta fiscal do orçamento de 2025.

Isso porque, o governo já bloqueou R$ 31,3 bilhões em despesas deste ano.

E agora José?

Como “tapar o buraco”, que existe, é real.

O principal é dizer aquilo, que se teme dizer.

O “gargalo” da dívida pública brasileira é a falta de critérios na concessão de incentivos fiscais, isenções, créditos privilegiados etc.

Ao contrário de abrir essas “caixas pretas”, a causa divulgada é sempre culpar a remuneração do serviço público, a previdência social dos desfavorecidos e programas sociais, que têm distorções a serem corrigidas, porém não são a causa principal.

Falta espaço para expor tudo.

Todavia, “pasmem! ”.

Os bancos têm direito a subsídios creditícios. Usados sabe para que? Para facilitar o crédito.

Ora, o crédito é concedido, não facilitado.

Para permitir que seja oferecido crédito com taxas baixas.

Ora, com mercado aberto, sem fiscalização, como saber o que é juro baixo e alto?

Na verdade, é para os bancos expandirem suas operações.

Sem o mínimo de intervenção na contabilidade bancária, como identificar o critério “justo” dessa expansão?

Por outro lado, existe a insatisfação dos parlamentares, envolvendo a liberação das emendas e a aliança entre Executivo e Supremo Tribunal Federal (STF) sobre esse tema.

Em 10 de junho, o ministro do STF Flávio Dino cobrou explicações da Câmara sobre a destinação das verbas de parte das emendas parlamentares.

A iniciativa causou revolta no Parlamento, em razão de ser considerada intervenção indébita do Judiciário no Legislativo.

O quadro se agrava considerando que tramita no STF uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, que investiga a falta de transparência e rastreabilidade nas emendas parlamentares.

Desde agosto de 2024, o ministro Dino vem bloqueando a execução das emendas.

Ele também suspendeu o pagamento das emendas impositivas. Não se discute o mérito das decisões do ministro do STF.

Porém elas somente poderão ser legais, a partir dos dias em que os acórdãos do STF forem revistos pelo Congresso Nacional.

Antes, será invasão de poder.

E sobre o poder do Congresso “barrar” um pedido de nova receita tributária, diante de um déficit comprovado, sem dá alternativa?

Melhor teria sido o Congresso usar o seu poder para reduzir incentivos fiscais e correlatos.

Atualmente, distribuem-se incentivos sem requisitos mínimos, incentivando determinadas atividades econômicas em detrimento de outra e o montante anual que o governo deixa de arrecadar chega a R$ 800 bilhões.

Além do mais, os benefícios se concentram em grandes empresas.

O aumento do IOF caiu. E agora?

*Ney Lopes é escritor, jornalista, ex-deputado federal


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