Equivocou-se a presidente Dilma Rousseff se pensou que teria a vida facilitada se compartilhasse seu poder com ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Equivocou-se, também, se supôs que uma vaga no Ministério,
seria suficiente para garantir-lhe qualquer margem de imunidade e impunidade.
A essa altura, Sua Excelência talvez já terá se dado conta
de que trazer Lula para seu lado foi um tiro no pé. Perde ela um grande naco de prestígio de
poder, e não receberá nada em troca.
Em termos de governabilidade, de que tanto carece o País, o
ex-presidente pouco tem a contribuir. Com credibilidade pessoal rastejante, é
quase nula sua capacidade de influir ou orientar.
Pode ser que no passado sua loquacidade, recheada de
palavras de baixo calão, seduzisse alguns interesseiros. Hoje, presos empreiteiros, marqueteiros e petroleiros do
Lava-Jato, ninguém mais acha engraçado seu besteirol.
De que servirá Lula (na hipótese de sua nomeação e posse não
vierem a ser derrubadas pela Justiça) se sua credibilidade é baixa, sesua
capacidade de influir ou orientar é mínima.
O ex-presidente continua a ser exibido e falastrão como
sempre, mas hoje seus interlocutores só lhe respondem com monossílabos. Ninguém
mais quer se comprometer.
Um detalhe interessante nos diálogos gravados de Lula, ontem
liberados pela Justiça é o óbvio desconfortode alguns interlocutores.
Na conversa com o ministro da Fazenda, por exemplo, Nelson
Barbosa quase não fala, balbucia, faz hã-hãs, restringindo-se a meras
formalidades.
Estando na mira do Poder Judiciário, qualquer interlocutor
seu morrerá de cuidados, evitando falar ou se comprometer em qualquer coisa que
depois possa ser considerado inadequado, indevido ou ilegal.
Que, então, poderá Lula oferecer aos aliados da base
governista, se os integrantes de qualquer um desses partidos pode mudar de lado
de uma hora para outra, denunciando vantagens
ou outros benefícios oferecidos.
Essa debandada se acelera. O PRB de Marcos Pereira acaba de
da base governista. O PMDB de Michel Temer está para fazer o mesmo, tendo sido
o Vice-Presidente da República um dos notáveis ausentes à cerimônia de posse de
Lula no Planalto, hoje cedo.
Ministros e outras autoridades graduadas do governo
Lula-Dilma podem ir se preparando, pois daqui em diante suas dificuldades serão
crescentes. Estarão sempre numa saia justa, quando do Planalto ligarem,
chamando-os para uma conversa com o primeiro-ministro.
(publicado originalmente no Diário do Poder)
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