EDUARDO SIMBALISTA
O pano se abre para o dramalhão As Razões da Crise do Rio
de Janeiro. Os castelos vão ruindo e os atores dessa ópera bufa superfaturada
vão ocupando as celas das cadeias, como os estudantes ocupam as escolas e os
policiais a assembléia de assustados deputados.
Não é preciso muito esforço para entender o enredo e
puxar o novelo dessa dramatização: a causa da falência do Rio não é culpa do
mordomo e pouco tem a ver com salários de professores e proventos de
aposentados – confundidos malevolamente com os marajás e sanguessugas que devem
ser caso de investigação.
A culpa não é da desvalorização dos preços do petróleo,
mas do repetido desvio dos royalties para outros fins inconfessos.
Uma pista: a causa pode estar na secreta licitação de
obras com valores dobrados, nas compras e aluguéis superfaturados, nas
“facilidades” dadas aos felizes amigos, nas milionárias renovações de
concessão. O arguto detetive montará uma operação delta x para enumerá-las e
investigá-las como os órgãos competentes e bem pagos – TCU, MP, PF – deveriam
tê-lo feito todos esses seguidos anos.
Outra pista: a causa poderá estar no endividamento
forjado para financiar toda essa farra ou no desperdício continuado de dinheiro
público ou no assalto ao tesouro do Estado.
Quantos salários de professores deverão ser somados para
pagar um anelzinho de brilhantes? Com quantos guardanapos na cabeça se
equiparão as emergências de hospitais públicos? Com quantos caminhões de brita
se construirão novas estradas e vilas? Que sacrifício será imposto sem toda
essa propina?
Pezão agora calça 36 bico fino e, da boca de cena, acena
com a proposta envergonhada de intervenção federal. Mas veemente acorda em
agudo e proclama serem absurdo atentado à democracia os protestos na
Assembléia.
Cabral e Garotinho estão agora que mal se cabem nos seus
papéis. Estão na cadeia, onde o oxigênio é rarefeito e os banhos frios e a
castidade imposta lembram tempos de seminário. Vão-se os anéis, ficam os dedos
para contar quantos mais deverão ainda ser presos.
Cai o pano. Da vergonha.
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