Parece que os interessados nessa comida desumana nem leem os
números apavorantes mostrados pela Organização Mundial de Saúde, OMS,
confirmando a morte de 2,8 milhões de pessoas em decorrência de sobrepeso ou de
obesidade.
Incrível, mas é verdade! Não só
no Brasil, mas em vários países, também, forças ocultas tramam para que a
população continue obesa e fora dos princípios básicos de uma vida saudável. É
de se perguntar:
- A quem interessa índices tão alarmantes de pessoas com problemas de coração, diabetes e pressão alta, fatores ocasionados por uma alimentação fora dos índices considerados saudáveis?
Índices esses constatados no maior levantamento já feito sobre saúde global (Global Burden of Disease Study 2010), onde fica constatado o principal motivo desse aumento vertiginoso de doenças crônicas: os “maus hábitos alimentares ocasionando o sobrepeso, responsável por três milhões de mortes ao redor do mundo em 2010, um número três vezes maior do que os óbitos por desnutrição”.
Números que espantam, especialmente quando as causas são, entre 10 piores, “a pressão alta, a baixa ingestão de frutas, a obesidade e os altos níveis de açúcar no sangue”, todos decorrentes de um cardápio desarticulado e impróprio.
Quem analisou esse relatório da Global Burden of Disease Study 2010 , chega a outra triste conclusão: “(...) os jovens hoje em boa parte do Mundo, não morrem mais só de ingestão de drogas, álcool e fumo, mas de excesso de comida ruim”.
E o que fazer? Bom, ao longo desses últimos dois anos, várias alternativas foram levadas a efeito. Aqui no Brasil, por exemplo, na ânsia de se diminuir a obesidade, especialmente entre crianças, várias foram as tentativas de mudar esse cenário. Começando pela lista de produtos que compõem a merenda escolar. Todavia, todas caíram num mesmo buraco comum, sem solução adequada.
As cantinas das escolas públicas, geralmente terceirizadas, continuam empanzinando as crianças com coxinhas, pasteis, hambúrgueres com maionese e ketchup, além outras frituras, alimentação industrializada como batatas fritas ou iguarias com alto teor de açúcar e sal, sem contar a quantidade absurda dos refrigerantes ingeridos num só período do turno escolar.
“Se eu não tiver a fritura e o refrigerante, não vendo nada”, voz uníssona entre as cantineiras de alguns colégios de segundo grau, na periferia de São Paulo.
Mas a quem interessa ter toda uma geração incapacitada de crescer sadia? Sem entrar nessa de histeria coletiva, nem culpar os subempregados nas cantinas públicas, peço atenção para o que disse o prêmio Nobel de Química/09, o americano Thomas Steitz.
Ele denunciou o fato dos laboratórios farmacêuticos não pesquisam remédios efetivos e acrescentou que "não querem que o povo se cure. Os laboratórios preferem centrar o negócio em remédios que deverão ser tomados durante toda a vida", completa Steitz.
Sem entrar no mérito, não só a indústria farmacêutica colabora para isso. Muitas vezes a comunidade em geral tem participação consciente ou não consciente disso também.
Um dos fatos que me chamou a atenção ocorreu, nos Estados Unidos. A primeira-dama americana, Michelle Obama, demonstrava felicidade ao anunciar que o governo estaria tomando medidas (2012) para viabilizar “padrões saudáveis para a merenda escolar”.
As normas obrigavam a oferta diária de frutas e legumes e estabeleciam um limite de calorias no almoço, entre 650 e 700 calorias para o ensino fundamental e 850 para o ensino médio. A surpresa maior é que, alguns meses depois, o consumo de merenda caiu 70%.
Ainda nos Estados Unidos, em Nova York, as grandes redes de cinema, restaurantes e lanchonetes estavam proibidas de vender bebidas açucaradas em copos e garrafas maiores que 470 mililitros. Mas, na semana passada, a lei desmoronou como um castelo de areia, sob o vento forte dos reclamos dos empresários do entretenimento.
Parece que os interessados nessa comida desumana (muitas vezes através do místico e psicológico convencimento pelos anúncios de TV, jornal, rádio e Internet), nunca leram números divulgados pela Organização Mundial de Saúde, OMS, confirmando a morte de 2,8 milhões de pessoas em decorrência de sobrepeso ou de obesidade, além da diabetes, câncer e doenças cardiovasculares.
Dr. Carlos Ungria, advogado e processualista, disse em Congresso recente, que “propagandas mal feitas, as possivelmente causadoras de dispersão da realidade, podem levar seus autores à coautoria penal, caso originem danos físicos, mentais ou financeiros a quem as seguiu”.
Guardadas certas proporções, não deixa de ser mais uma premissa. Contudo, alguns países, e mesmo assim, com dezenas de premissas contrárias, tentaram implementar leis que dificultassem o consumo desses produtos.
Texto da revista “Veja” revela que, da mesma forma da tentativa americana, na Dinamarca, onde 13% da população é composta de obesos, a resposta a essas campanhas de “alimentação saudável”, tem sido desanimadoras.
Durante um ano, os dinamarqueses foram obrigados a pagar mais para comprar determinadas guloseimas calóricas, como doces e batata frita. Uma lei implantada em outubro de 2011 sobretaxou todo alimento com mais de 2,3% de gordura saturada.
Em curto prazo, pretendia reduzir os níveis de obesidade da população, que se sentiria estimulada a comprar alimentos saudáveis. Em longo prazo, se esperava a redução dos custos da saúde pública. Mas, a desaprovação bateu recorde.
“Os dinamarqueses foram comprar seus embutidos, hambúrgueres e bolachas em supermercados da Alemanha e da Suécia, onde os preços eram mais baixos”, diz o texto de “Veja”.
Houve chiadeira geral. Restaurantes e o comércio de alimentos, em geral, reclamaram. Como diz o texto do semanário: “A revolta gastronômica foi tão grande que o governo recuou. O chamado ‘imposto da gordura’, o primeiro do gênero no mundo, foi cancelado”.
Assim, se chega a triste conclusão de que “interferir na alimentação dos cidadãos quase sempre provoca indigestão política”, diz o referido texto citado.
Na França, diz “Veja”, o Senado propôs triplicar os impostos dos alimentos com óleo de palma (como aqueles maravilhosos cremes de cacau e avelã). A lei foi recusada pelos deputados. Entre os motivos apontados, o projeto não falava de outros itens mais comuns no menu francês e igualmente ricos em gordura, como carne e laticínios.
“Especialistas afirmam que a grande dificuldade de obrigar (por lei ou outro artifício) a população a comer melhor é que o mercado de alimentação é muito mais intrincado do que pensam os burocratas em seus gabinetes. O setor abrange uma variedade de produtos muito grande. Um supermercado, por exemplo, reúne em média 12.000 itens, sendo muito mais difícil impor um controle sobre os produtos que contribuem para a obesidade”, diz a matéria.
Parece que as ações de Estado, através de Leis, Decretos ou Plebiscitos estão mesmo aquém das fortes apelações publicitárias, essas, geradoras de altas receitas tributárias, resultante das vendas maciças de seus produtos (sejam ruins ou péssimos).
Enquanto isso as doenças da má alimentação se alastram como uma epidemia desenfreada. Se colocar na ponta do lápis, os números de mortes e de pessoas acondicionadas a comer mal, devem superar - e muito - a quantidade de óbitos entre dependentes químicos crônicos.
O que fazer? Fica a pergunta para especialistas que queiram se manifestar.
Mhario Lincoln é jornalista profissional e diretor-geral do Portal Aqui Brasil
- A quem interessa índices tão alarmantes de pessoas com problemas de coração, diabetes e pressão alta, fatores ocasionados por uma alimentação fora dos índices considerados saudáveis?
Índices esses constatados no maior levantamento já feito sobre saúde global (Global Burden of Disease Study 2010), onde fica constatado o principal motivo desse aumento vertiginoso de doenças crônicas: os “maus hábitos alimentares ocasionando o sobrepeso, responsável por três milhões de mortes ao redor do mundo em 2010, um número três vezes maior do que os óbitos por desnutrição”.
Números que espantam, especialmente quando as causas são, entre 10 piores, “a pressão alta, a baixa ingestão de frutas, a obesidade e os altos níveis de açúcar no sangue”, todos decorrentes de um cardápio desarticulado e impróprio.
Quem analisou esse relatório da Global Burden of Disease Study 2010 , chega a outra triste conclusão: “(...) os jovens hoje em boa parte do Mundo, não morrem mais só de ingestão de drogas, álcool e fumo, mas de excesso de comida ruim”.
E o que fazer? Bom, ao longo desses últimos dois anos, várias alternativas foram levadas a efeito. Aqui no Brasil, por exemplo, na ânsia de se diminuir a obesidade, especialmente entre crianças, várias foram as tentativas de mudar esse cenário. Começando pela lista de produtos que compõem a merenda escolar. Todavia, todas caíram num mesmo buraco comum, sem solução adequada.
As cantinas das escolas públicas, geralmente terceirizadas, continuam empanzinando as crianças com coxinhas, pasteis, hambúrgueres com maionese e ketchup, além outras frituras, alimentação industrializada como batatas fritas ou iguarias com alto teor de açúcar e sal, sem contar a quantidade absurda dos refrigerantes ingeridos num só período do turno escolar.
“Se eu não tiver a fritura e o refrigerante, não vendo nada”, voz uníssona entre as cantineiras de alguns colégios de segundo grau, na periferia de São Paulo.
Mas a quem interessa ter toda uma geração incapacitada de crescer sadia? Sem entrar nessa de histeria coletiva, nem culpar os subempregados nas cantinas públicas, peço atenção para o que disse o prêmio Nobel de Química/09, o americano Thomas Steitz.
Ele denunciou o fato dos laboratórios farmacêuticos não pesquisam remédios efetivos e acrescentou que "não querem que o povo se cure. Os laboratórios preferem centrar o negócio em remédios que deverão ser tomados durante toda a vida", completa Steitz.
Sem entrar no mérito, não só a indústria farmacêutica colabora para isso. Muitas vezes a comunidade em geral tem participação consciente ou não consciente disso também.
Um dos fatos que me chamou a atenção ocorreu, nos Estados Unidos. A primeira-dama americana, Michelle Obama, demonstrava felicidade ao anunciar que o governo estaria tomando medidas (2012) para viabilizar “padrões saudáveis para a merenda escolar”.
As normas obrigavam a oferta diária de frutas e legumes e estabeleciam um limite de calorias no almoço, entre 650 e 700 calorias para o ensino fundamental e 850 para o ensino médio. A surpresa maior é que, alguns meses depois, o consumo de merenda caiu 70%.
Ainda nos Estados Unidos, em Nova York, as grandes redes de cinema, restaurantes e lanchonetes estavam proibidas de vender bebidas açucaradas em copos e garrafas maiores que 470 mililitros. Mas, na semana passada, a lei desmoronou como um castelo de areia, sob o vento forte dos reclamos dos empresários do entretenimento.
Parece que os interessados nessa comida desumana (muitas vezes através do místico e psicológico convencimento pelos anúncios de TV, jornal, rádio e Internet), nunca leram números divulgados pela Organização Mundial de Saúde, OMS, confirmando a morte de 2,8 milhões de pessoas em decorrência de sobrepeso ou de obesidade, além da diabetes, câncer e doenças cardiovasculares.
Dr. Carlos Ungria, advogado e processualista, disse em Congresso recente, que “propagandas mal feitas, as possivelmente causadoras de dispersão da realidade, podem levar seus autores à coautoria penal, caso originem danos físicos, mentais ou financeiros a quem as seguiu”.
Guardadas certas proporções, não deixa de ser mais uma premissa. Contudo, alguns países, e mesmo assim, com dezenas de premissas contrárias, tentaram implementar leis que dificultassem o consumo desses produtos.
Texto da revista “Veja” revela que, da mesma forma da tentativa americana, na Dinamarca, onde 13% da população é composta de obesos, a resposta a essas campanhas de “alimentação saudável”, tem sido desanimadoras.
Durante um ano, os dinamarqueses foram obrigados a pagar mais para comprar determinadas guloseimas calóricas, como doces e batata frita. Uma lei implantada em outubro de 2011 sobretaxou todo alimento com mais de 2,3% de gordura saturada.
Em curto prazo, pretendia reduzir os níveis de obesidade da população, que se sentiria estimulada a comprar alimentos saudáveis. Em longo prazo, se esperava a redução dos custos da saúde pública. Mas, a desaprovação bateu recorde.
“Os dinamarqueses foram comprar seus embutidos, hambúrgueres e bolachas em supermercados da Alemanha e da Suécia, onde os preços eram mais baixos”, diz o texto de “Veja”.
Houve chiadeira geral. Restaurantes e o comércio de alimentos, em geral, reclamaram. Como diz o texto do semanário: “A revolta gastronômica foi tão grande que o governo recuou. O chamado ‘imposto da gordura’, o primeiro do gênero no mundo, foi cancelado”.
Assim, se chega a triste conclusão de que “interferir na alimentação dos cidadãos quase sempre provoca indigestão política”, diz o referido texto citado.
Na França, diz “Veja”, o Senado propôs triplicar os impostos dos alimentos com óleo de palma (como aqueles maravilhosos cremes de cacau e avelã). A lei foi recusada pelos deputados. Entre os motivos apontados, o projeto não falava de outros itens mais comuns no menu francês e igualmente ricos em gordura, como carne e laticínios.
“Especialistas afirmam que a grande dificuldade de obrigar (por lei ou outro artifício) a população a comer melhor é que o mercado de alimentação é muito mais intrincado do que pensam os burocratas em seus gabinetes. O setor abrange uma variedade de produtos muito grande. Um supermercado, por exemplo, reúne em média 12.000 itens, sendo muito mais difícil impor um controle sobre os produtos que contribuem para a obesidade”, diz a matéria.
Parece que as ações de Estado, através de Leis, Decretos ou Plebiscitos estão mesmo aquém das fortes apelações publicitárias, essas, geradoras de altas receitas tributárias, resultante das vendas maciças de seus produtos (sejam ruins ou péssimos).
Enquanto isso as doenças da má alimentação se alastram como uma epidemia desenfreada. Se colocar na ponta do lápis, os números de mortes e de pessoas acondicionadas a comer mal, devem superar - e muito - a quantidade de óbitos entre dependentes químicos crônicos.
O que fazer? Fica a pergunta para especialistas que queiram se manifestar.
Mhario Lincoln é jornalista profissional e diretor-geral do Portal Aqui Brasil
Atenciosamente,
Jornalista Mhario Lincoln
Diretor Geral do Portal Aqui
Brasil
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