quarta-feira, 6 de março de 2013

Lembrando o passado e lendo o presente

Este era Carlos Lacerda, jornalista, escritor e político. Foi governador da Guanabara.

 

 

Há muito tempo não leio Austregésilo de Ataíde. Ele nasceu no dia e mês em que eu nasci, mas em ano muito antes do meu. Austregésilo morreu em 1993. Também nunca mais li textos de David Nasser, que andou pegando umas bolachadas de Amorim Parga lá no Maranhão, na época em que Vitorino levou Chateaubriand para ser senador pelo meu Estado. Li artigos de Carlos Lacerda e Tenório Cavalcanti - o homem da Lourdinha!...  Lia muito as crônicas de Sérgio Porto e de Antônio Maria... Antigamente, a escrita era diferente... Tudo era bem diferente!... Até o leite moça!..., da Nestlé..

Hoje, para não ler Zé Reinaldo ou o coronel Sarney, preferi abrir o dia com Carlos Chagas. Sempre leio o Chagas... Hoje, ele escreve, como sempre, falando de política... Quero passar para você o artigo de agora... A Dilma, Lula e o PT são figuras da figuração!... Logo mais, depois do almoço, vou deitar e passar a leitura nas saudades poéticas de Clarice ( a Lispector)... Segue, aí, o texto de Carlos Chagas, com o título: "Candidato errado, do partido errado, na hora errada:


CANDIDATO ERRADO, DO PARTIDO ERRADO, NA HORA ERRADA

Por Carlos Chagas

Lula, Dilma e o PT estão confundindo tudo. Armam um grande barraco para evitar que Eduardo Campos consolide sua candidatura presidencial. Perdem tempo e dinheiro caçando um fantasma que não assusta ninguém, exceção dos companheiros, da atual e do ex-presidente. Porque além de não ser conhecido fora das fronteiras de Pernambuco, carece de uma ideologia definida, ao contrário do saudoso avô, Miguel Arraes. Confraterniza com o que de mais reacionário seu estado possui, apesar de presidir um partido dito socialista, sem estruturas doutrinárias ou funcionais.
No governo, está na moda a “eduardofobia”, que o governador aproveita para tentar romper o véu da indiferença nacional. Sua meta não está nas eleições de 2014, talvez nem de 2018. Fosse o conclave do Vaticano realizado em Recife e certamente se candidataria a Papa.
Pelo jeito, Lula, Dilma e o PT teimam em não olhar um pouco mais à frente, na luta pela reeleição. Não se trata de Aécio Neves, nem de Marina Silva o adversário que precisarão enfrentar. Muito menos Eduardo Campos.
O candidato chama-se Joaquim Barbosa, ainda hoje capaz de levar à barra do Supremo Tribunal Federal quem ousar referir-se à hipótese. Por onde ele passa, é aplaudido com entusiasmo. Ainda agora, num restaurante, num cinema, num espetáculo musical, é reconhecido e cortejado pelo cidadão comum, aquele que realmente decide qualquer eleição.
Não demora que um partido, pequeno ou mesmo de aluguel, tome a iniciativa de lançar o presidente do STF. Ele vai rejeitar, reafirmar que a política nunca foi a sua praia, distribuir grosserias e fechar-se em seu gabinete. Só que adiantará muito pouco. Exprime o modelo que o eleitor médio espera faz muito para livrar-se da imensa maioria dos políticos profissionais. Quando a hora chegar, e positivamente não é essa, irromperá como um tsunami incontrolável. Quem viver, verá...

 
DE ROMA, COM AMOR

Agora que se voltam para Roma as atenções do mundo inteiro, parece oportuno alinhar algumas historinhas ligadas à cidade.
Calígula, cuja loucura aumentava dia a dia, deu para conversar com a deusa Lua, que freqüentava seu trono. Certo dia, depois de demorado diálogo ouvido apenas da parte dele pelos senadores, todos com cara de espertos, o imperador dirigiu-se a Vitélio: “viste e ouviste, não é? Caso contrário, perderás a cabeça”. O pobre senador já se imaginava decapitado quando ocorreu-lhe a solução: “Só os deuses podem ver e ouvir os deuses!” Foi recompensado.
Dizem que Nero esteve envolvido no assassinato do antecessor, Cláudio, morto depois de comer um prato de cogumelos envenenados servidos por Agripina, sua mulher e mãe do sucessor, de antigo casamento. Para livrar-se dos mexericos, o novo César comentou: “os cogumelos devem ser o alimento dos deuses, porque depois de comê-los Cláudio morreu e virou um deus”.
Os senadores propuseram a Tibério dar o nome dele a um dos meses do ano, como haviam feito a Augusto (agosto) e a Julio César (julho). O imperador recusou, argumentando: “o que fareis quando daqui a algum tempo existirão treze césares?”
Julio César decidiu redigir e editar um panfleto, como resposta a mais uma grosseira acusação feita por Cícero. Roma inteira surpreendeu-se com a leniência do governante, surgindo o comentário de que em vez de uma sentença de morte ele preferira combater o agressor num terreno em que era imbatível.

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