terça-feira, 6 de agosto de 2024

A sombra de Deus - artigo do jornalista Sílvio Lopes


A sombra de Deus

Sílvio Lopes*

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Desde sempre, a filosofia tomou a si o papel de questionar os dogmas da teologia, e a afirmar os princípios da ciência.

Nem sempre conseguiu uma ou outra coisa. A complexidade das interconexões entre os dois caminhos, e a diversidade de novas e avançadas implicações humanas e das patologias sociais, tornam o desafio sobremaneira misterioso e, por vezes, indecifrável.

O que vemos, hoje, é o desaguar da civilização num processo niilista desconstrutivo total dos valores que erigiram a civilização ocidental. O " É proibido proibir" do maio de 68, na França, exigindo basicamente a liberalização sexual, nesta altura avança para destruir todos os valores da estrutura ética e moral  da sociedade judaico-cristã. Trata-se, quem sabe, de um tipo de profecia apocalíptica se desnudando em várias e bem definidas partes do mundo.

Onde entra, afinal de contas, a figura de Deus em tudo isso? Fiódor Dostoiévski( Crime e Castigo), na sua obra "Os irmãos Karamazov", afirmou: " Se Deus não existisse, tudo seria permitido". Sartre, por sua vez - convicto ateu que foi- sentenciou: " Deus não existe! Portanto, tudo é permitido!".

Mas no meio do caminho nos deparamos com Albert Einstein: " Deus é a lei e o legislador do Universo"; e mesmo a um Voltaire: " Se Deus não existisse, precisaria ser inventado". 

Quem sabe seja Friedrich Nietzche( sim, ele mesmo) quem nos possa socorrer nesta hora tão dramática vivida pela humanidade. Ele sentenciou: " Deus está morto! Mas considerando o estado em que se encontra a espécie humana, talvez ainda por um milênio existirão grutas onde se mostrará a sua sombra".

Sim, só Deus, ou mesmo sua sombra numa gruta qualquer deste mundo para evitar a catástrofe civilizatória para onde caminhamos.

*O autor, Sílvio Lopes, é jornalista, economista e palestrante.


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