quinta-feira, 20 de março de 2025

Cartas vivas - texto/crônica do Momento Espírita de hoje


Cartas vivas

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Quando pretendemos adquirir a fluência em um novo idioma, nos esmeramos no estudo da língua.

Podemos ingressar em um curso mas precisaremos nos adaptar ao professor e ao método.

Aprendemos o vocabulário, dominamos a gramática. Praticamos, ouvindo e repetindo as palavras, a fim de nos expressarmos corretamente, habituando o ouvido e a fala.

Mergulhamos na cultura, para entendermos expressões idiomáticas, maneiras específicas de nos comportarmos.

Reconhecemos, no entanto, que não nos é suficiente ter conhecimento do vasto vocabulário nem dominar a gramática.

Não basta que consigamos ler com facilidade e que consigamos fazer versões e traduções ao nosso próprio idioma.

Mais do que tudo, é preciso conquistar a elaboração mental da língua. Ou seja, precisamos pensar nela, sem o que todo o conhecimento se faz incompleto.

Pensar no idioma é viver com ele.

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Quando mergulhamos a mente nos Evangelhos, inteirando-nos dos ditos e ensinos do Mestre Jesus, nos encantamos.

São tantas coisas maravilhosas que Jesus realizou em tão pouco tempo. Tantas que levaram o Apóstolo João a escrever, em seu evangelho, que a Terra não poderia conter todos os livros se tudo que Ele fez fosse escrito.

Empolgados, frequentamos as reuniões ou participamos dos cultos de determinada denominação religiosa que preconiza esses valores.

Repetimos a oração ensinada pelo próprio Mestre, meditando em cada um dos Seus versos. Poéticos, verdadeiros.

Sentimo-nos felizes em saber que temos um Pai, que está nos céus.

Um Pai que a tudo provê e rege a vida na Terra, nos mundos, em todo o Universo. Um Pai criador, único, onipotente, infinitamente justo e bom.

E aprendemos que somos imortais. A eternidade nos aguarda.

Habituamo-nos a leituras edificantes que nos expliquem o significado de tantos ensinos do Mestre de Nazaré.

Bebemos das Suas palavras, extasiando-nos com as verdades simples e, ao mesmo tempo, tão profundas.

Nossos comentários mudam de tom. Dizemos defender a vida, desde a concepção, que ela nos é dada por Deus e nenhum de nós tem o direito de agredi-la.

Falamos das tantas experiências reencarnatórias, que nos permitem o retorno à carne, em indumentárias diferentes, para renovadas experiências.

Falamos da lei de progresso, da evolução que não cessa, repetindo o ensino crístico de que um dia seremos anjos, relativamente perfeitos, semelhantes ao Pai Celeste.

Declaramo-nos adeptos apaixonados da doutrina de amor.

Como um amigo declarou, certa feita: Falo de boca cheia, com vigor: sou cristão.

Importante agasalhar os ensinos em nossa mente, em nosso coração. Imprescindível que nossos atos traduzam o que sabemos de cor.

Devemos pensar conforme o que apreendemos e recitamos com facilidade.

O ensino do Cristo deve nos penetrar de tal forma que determine alteração de velhos hábitos.

Para ser fluente em outro idioma, devemos pensar nele.

Ser cristão exige que nossas ações traduzam o que nossa mente agasalhou, nosso coração abraçou.

Isso se chama o que Paulo de Tarso denominou cartas vivas do Evangelho.

É disso que o mundo novo precisa.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 33, do livro - Bem-aventurados os simples, pelo Espírito Valérium, psicografia de Waldo Vieira, ed. FEB.
Em 20.3.2025


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