terça-feira, 8 de abril de 2025

Aniversário de Brasília: JK e seu misterioso acidente, artigo de Arthur Toniza


Aniversário de Brasília: JK e seu misterioso acidente

02/04/2025

Arthur Toniza*

No dia 24 de agosto de 1976 chegava a Brasília o corpo do 21° Presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, popularmente conhecido como JK. Seu cortejo fúnebre foi acompanhado por mais de 300 mil (trezentas mil) pessoas, um marco para uma cidade que só chegaria à marca de um milhão de habitantes na década de 1980. O povo seguia seu caixão, cantando o hino nacional e Peixe Vivo por todo o percurso, além de gritos de protesto contra o governo militar que havia sido instalado 12 anos antes.

JK era mineiro, serviu como médico durante a Revolução Constitucionalista de 1932, vendo combate em primeira mão e salvando vidas da forma que podia, tendo recebido um agradecimento pessoal de Olegário Maciel, na época Presidente do Estado (cargo que hoje é chamado de Governador) e em 1933 virou chefe de gabinete para Benedito Valadares, que havia assumido o governo do Estado após a morte de Olegário.

Deste ponto sua carreira política explodiu, sendo eleito como deputado federal em 1935, nomeado para a Prefeitura de Belo Horizonte em 1940, eleito como Governador de Minas em 1951 e finalmente alcançado o cargo de Presidente da República em 1955 e assumindo no ano subsequente.

Antes do início de seu governo, elementos da oposição, materializados na UDN (União Democrática Nacional) arquitetaram uma tentativa de golpe em 1955, mas foram impedidos pelo Marechal Henrique Teixeira Lott, um oficial legalista que comandou o movimento 11 de Novembro, protegendo o devido processo democrático e permitindo que JK assumisse o ofício para qual havia sido eleito.

Seu governo é controverso para muitos, viu-se um crescimento em média da economia de 7,9% ao ano, junto a expansão da indústria automobilística, a explosão da rádio e da TV no Brasil, criação de rodovias, ferrovias, aeroportos e hidrelétricas e sua magnum opus, Brasília, uma capital planejada, com grandes avenidas, arquitetura modernista e localização centralizada, a marca de uma nova era para a nação.

Em contrapartida houve a explosão da dívida externa, de 87 milhões de dólares, em 1955, para 297 milhões de dólares em 1959, e o aumento significativo da inflação de de 19,2% em 1956 para 30,9% em 1960, além de eventos como a rebelião de Jacareacanga, uma revolta de elementos de oposição dentro das forças armadas e uma grande polêmica durante a compra do Porta-Aviões Minas Gerais, que renderia até música de Juca Chaves, chamada de “Brasil já vai a guerra”.

Após o fim de sua presidência se elegeu como senador por Goiás em 1960, em 11 de abril 1964 votou para que o General Castelo Branco assumisse a presidência após o golpe ocorrido no mesmo ano e em 8 de junho de 1964 teve seu mandato cassado por suposta acusação de corrupção e associação com comunistas. Viveu entre o exílio e a vida no Brasil, mas nunca retornou a nenhum cargo público.

Morreu em 1976 em Resende, Rio de Janeiro, vítima de um suposto acidente de automóvel. Ouso dizer suposto visto que, no ano de 2025 foram reabertas as investigações sobre o acidente, com o historiador Victor Missiato, pesquisador na Universidade Estadual Paulista (Unesp) afirmando em matéria ao BBC News Brasil que “Muito do mistério que ainda persiste sobre a morte dele está no fato de que, além das circunstâncias do acidente terem sido suspeitas para a época, houve destruição de provas, tanto para exame dos corpos como do próprio carro, que foi destruído em uma base da polícia”.

O que será descoberto com as novas investigações é extremamente difícil de dizer, muita coisa foi apagada pelo tempo e enterrada por aqueles que não desejam ver a verdade se tornar pública, porém, uma coisa é certeira: JK deixou uma marca incontestável em nossa nação, de forma positiva na visão de alguns e negativa na visão de outros, mas, independentemente de visão política, social e historiográfica, o “Presidente Sorriso” ainda tem sua marca muito presente por toda a nação.

*Arthur Toniza é bacharel em Direito.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.