quarta-feira, 6 de agosto de 2025

... DO FUNDO DO BAÚ! - Zé Carlos Gonçalves, escritor e poeta



...DO FUNDO DO BAÚ!

Zé Carlos Gonçalves

"Um dia dêssi", eu, desligado, "meio aluado", ruminando umas ideias um tanto esquisitas, ia andando distraído, por uma ruazinha, e fui despertado por um conversote, alegre e camarada. Presenciei uma senhorinha a se desculpar, com a sua comadre, por ter "perdido a hora". Bendito atraso, a me levar ao reino das boas e eficientes expressões, que nos afirma(ra)m como baixadeiros, da gema. E não foi difícil. Bastou que ela tivesse dito que o atraso foi por causa de "um trespasso!"

E, de verdade, se houve "um trespasso", só o baixadeiro para saber "dibulhá sua semânquica". E não é "nenhum' palavrão cabeludo". Ou algo que abale a moral e os bons costumes. "Nadica de nada disso, ora sô!"

E, nessa digressão, "proveitei i tive meo trespasso". E com muitos sonhares. Estive no baú das boas lembranças. Até vi, quando "nãu vevíamo aduecido neim abarrotávo us consultóro i us pôsto de saúde". Ali, era "saúde pra mais de metro! Saúde de ferro!" À base de muito "bulão di terra", leite, manga, banana, carambola, bacurizinho, goiaba, jenipapo, ingá, araticum, tucum, juçara, pandu de café, pirão ... E, com toda certeza, éramos imunes a maioria "dais duença" (....)

Relembrei, também, que no máximo podíamos ficar "necessitado de um AS", por estarmos um "pôquinho isbandalhado ou iscangalhado, cum dô nais cadêra". E, se fosse "AS infantil", ia até com farinha! E, só se forçássemos muito, na bruta e árdua labuta, podíamos ficar "discaderado". Aí, "o bicho pegava". O problema se tornava mais sério. E só restava apelar à jalapa ou ao azeite de carrapato ou a "uma piula" Paulo Famoso ou a uma garrafada. "Era batata!"

E, "quano eo já ia dispertano", ainda pude vislumbrar uma zelosa e brava "mãizinha", com "o infaro" de toda mãe, "a berrá" com o filho para "pará di sê isgulepe, pra nãu ficá privado i intalado, já qui vêvi maquinano, só u qui nãu prestha".

"Eita", que Deus "nusacuda!"

"I u incapetado du muleque si fingio di surdo, si impanturrô inté nãu pudê mais i iscapô di uma sinhora pisa". Valei-me, Santo Inácio de Loiola!

E, para não faltar nada, "cum um ôio abêrto i ôto fêchado, eo inda ouvi ortas coisinha". Nem vou falar. É melhor. E, como "nãu quero incumpridá cunversa, s'inda tivê arguéim, aí , qui fala fundilho, intertela ou ri ri" ... saiba "qui sêmo du mermo tempo!"

Zé Carlos Gonçalves


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